terça-feira, 11 de novembro de 2014

Das Cartas de Sulpício Severo
(Epist.3,6.9-10.11.14-17.21: SCh 133,336-344)            (Séc.V)

Martinho, pobre e humilde
Martinho soube com muita antecedência o dia da sua morte e comunicou aos irmãos estar iminente a dissolução de seu corpo. Entretanto, surgiu a necessidade de ir à diocese de Candax, pois os eclesiásticos desta Igreja estavam em discórdia. Desejando restabelecer a paz, embora não ignorasse o fim de seus dias, não recusou partir, julgando que seria um excelente fecho de suas obras deixar a Igreja em paz.
Demorou-se por algum tempo na aldeia e na Igreja aonde fora, e a paz voltou para os clérigos. Quando já pensava em regressar ao mosteiro, começaram de repente a faltar-lhe as forças e, chamando os irmãos, disse-lhes que ia morrer. Diante disto todos se entristeceram grandemente, chorando e dizendo, a uma só voz: “Por que, pai, nos abandonas? A quem nos entregas, desolados? Lobos vorazes invadem teu rebanho; quem, ferido o pastor, nos livrará de seus dentes? Sabemos que desejas a Cristo, mas teus prêmios já estão seguros e não diminuirão com o adiamento! Tem compaixão de nós, a quem desamparas!” 
Comovido com estas lágrimas, ele que sempre possuíra entranhas de misericórdia, também chorou, segundo contam. Voltando-se então para o Senhor, respondeu aos queixosos somente com estas palavras: “Senhor, se ainda sou necessário a teu povo, não recuso o trabalho. Que se faça tua vontade”.
Que homem incomparável! O trabalho não o vence, a morte não o vencerá! Ele, que não se inclinava para nenhum dos lados, não temeria morrer e nem recusaria viver! No entanto, olhos e mãos sempre erguidos para o céu, não abandonava a oração o espírito invicto; e quando os presbíteros, que se haviam reunido junto dele, lhe pediram aliviar o frágil corpo, virando-o para o lado, disse: “Deixai-me, deixai-me, irmãos, olhar para o céu de preferência à terra, para que o espírito já se dirija ao caminho que o levará ao Senhor”. Dito isto, viu o demônio ali perto. “Por que estás aqui, fera nefasta? Nada em mim, ó cruel, encontrarás! O seio de Abraão me acolhe”.
Com estas palavras entregou o espírito ao céu. Martinho, feliz, é recebido no seio de Abraão; Martinho, pobre e humilde, entra rico no céu.

SÃO MARTINHO DE TOURS, BISPO
 Memória-11 de novembro

Nasceu na Panônia cerca do ano 316, de pais pagãos. Depois de receber o batismo e de renunciar à carreira militar, fundou um mosteiro em Ligugé (França), onde levou vida monástica sob a direção de Santo Hilário. Foi depois ordenado sacerdote e, mais tarde, eleito bispo de Tours. Foi modelo insigne de bom pastor. Fundou outros mosteiros, dedicou-se à formação do clero e à evangelização dos pobres. Morreu no ano 397.

Responsório

R. Ó bispo São Martinho, realmente homem feliz!
Jamais foi encontrada, em seus lábios, a mentira;
a ninguém ele julgava e nunca condenava.
* Não havia em sua boca outra coisa a não ser
Jesus Cristo, a paz, o amor.
V. Homem digno de louvor!
Nem trabalho o derrotou, nem a morte o venceria,
nem morrer o apavorou e a viver não recusou.
* Não havia.

Oração
Ó Deus, que fostes glorificado pela vida e a morte do bispo São Martinho, renovai em nossos corações as maravilhas da vossa graça, de modo que nem a morte nem a vida nos possam separar do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.

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