FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

segunda-feira, 28 de junho de 2010


Encerrando o mês de junho, comemoramos São Pedro e São Paulo, os dois Pilares da Igreja. Transcrevemos abaixo artigo de Dom Benedicto de Ulhôa Vieira sôbre o Dia do Papa mostrando leve perfil do Papa Bento XVI e, a seguir palavras do Santo Padre sôbre Paulo, no início do Ano Paulino.




Festa de São Pedro, Dia do Papa

No dia 29 de junho, a Igreja celebra a festa de São Pedro, o apóstolo que Jesus escolheu para ser o chefe dos apóstolos, como se lê não só no Evangelho de São Mateus (16, 18), mas também em São João (21, 16-18). Através da imagem das chaves Cristo prometeu-lhe a chefia da cidade e entregou-lhe o rebanho todo. Por ser a festa de São Pedro, é o dia do papa, que é seu sucessor.
O atual é Bento XVI. Neste dia todos os católicos do mundo rezamos por ele, pedindo ao Senhor que as luzes do Espírito Santo o iluminem e o fortifiquem para o bem da Igreja.
O poder do Papa na Igreja não é de um soberano absoluto, cujo querer é lei. Mas sua missão é por-se a serviço da palavra de Deus e fazer que esta palavra de Deus esteja no coração de todos. É pois Ele que ilumina os passos da humanidade e aponta os caminhos do Evangelho em nome de Jesus Cristo.
Por ser criatura humana, carrega em si, não obstante a excelsitude de seu cargo e de sua missão, as qualidades e limitações da natureza humana. Daí as diferenças pessoais dos Papas. Para os que temos fé, sabemos ver nos Papas, que a história nos retrata, tanto a autoridade suprema em nome de Jesus, como as diferenças pessoais de cultura, de psicologia, de origem e de formação.

No Papa atual Bento XVI, temos de reconhecer sua invejável cultura teológica, doutor que é em teologia. Sua tese de doutorado foi sobre a teologia de Santo Agostinho.
Além do preparo intelectual no campo da teologia, Bento XVI é “expert” na arte musical. Pianista, levou para seus aposentos o piano, que possuia quando cardeal. Isto se deve ao ambiente musical de seu lar e da sua família. Hoje, nas poucas horas vagas do seu dia, consegue deslisar os dedos ageis na sonora brancura do teclado. E sua preferência é por Mozart. Ele mesmo recorda que, “na sua paróquia de origem, quando nos dias de festa, tocavam uma Missa de Mozart, para mim era como se estivessem abertos os céus”.
Homem muito discreto, vive no silêncio de seu palácio, de modo que pouco ou quase nada se sabe de sua vida pessoal. Apenas, por indiscrição de um cardeal, com quem almoçava às vezes, antes de ser papa, sabe-se que aprecia doce e chocolate. Sem dúvida um bom gosto...
Sabe-se por confidência dele mesmo, que no seminário, quando jovem, sua “verdadeira tortura” era a hora do esporte, por não se sentir dotado para o exercício físico.
Estas pinceladas, que tentam mostrar a personalidade do nosso atual Pontífice, têm a pretensão de fazê-lo mais conhecido, admirado e amado. E no seu dia, que é a festa de São Pedro, o Senhor O conserve, O faça feliz e iluminado para o bem de nossa Igreja. E sempre abençoado, como diz seu próprio nome.
Dom Benedicto de Ulhoa Vieira


PAULO, perfil do Homem e do Apóstolo
Papa Bento XVI

Ele brilha como estrela de primeira grandeza na história da Igreja, e não só da primitiva. São João Crisóstomo exalta-o como personagem superior até a muitos anjos e arcanjos. Dante Alighieri na Divina Comédia, inspirando-se na narração de Lucas feita nos Atos, define-o simplesmente “vaso de eleição”, que significa: instrumento pré-escolhido por Deus. Outros chamaram-no o “décimo terceiro Apóstolo” – e realmente ele insiste muito para ser um verdadeiro Apóstolo, tendo sido chamado pelo Ressuscitado – ou até “o primeiro depois do Único”. Sem dúvida, depois de Jesus, ele é o personagem das origens sobre a qual estamos mais informados. De fato, possuímos não só a narração que dele faz Lucas nos Atos dos Apóstolos, mas também um grupo de Cartas que provêm diretamente da sua mão e sem intermediários nos revelam a sua personalidade e o seu pensamento. Lucas informa-nos que o seu nome originário era Saulo, aliás em hebraico Saul, como o rei Saul, e era um judeu da diáspora, estando a cidade de Tarso situada entre a Anatólia e a Síria. Tinha ido muito cedo a Jerusalém para estudar profundamente a Lei mosaica aos pés do grande Rabi Gamaliel. Tinha aprendido também uma profissão manual e áspera, era fabricante de tendas, que sucessivamente lhe permitia sustentar-se pessoalmente sem pesar sobre as Igrejas.

Para ele foi decisivo conhecer a comunidade dos que se professavam discípulos de Jesus. Por eles tinha sabido a notícia de uma nova fé – um novo “caminho”, como se dizia – que colocava no seu centro não tanto a Lei de Deus, quanto a pessoa de Jesus, crucificado e ressuscitado, com o qual estava relacionada a remissão dos pecados. Como judeu zeloso, ele considerava esta mensagem inaceitável, aliás escandalosa, e por isso sentiu o dever de perseguir os seguidores de Cristo também fora de Jerusalém. Foi precisamente no caminho para Damasco, no início dos anos 30, que Saulo, segundo as suas palavras, foi “alcançado por Cristo”. Enquanto Lucas narra os fatos com riqueza de pormenores – de como a luz do Ressuscitado o alcançou e mudou fundamentalmente toda a sua vida – ele nas suas Cartas vai diretamente ao essencial e fala não só da visão, mas de iluminação e sobretudo de revelação e de vocação no encontro com o Ressuscitado. De fato definir-se-á explicitamente “apóstolo por vocação” ou “apóstolo por vontade de Deus” , para realçar que a sua conversão não era o resultado de um desenvolvimento de pensamentos, de reflexões, mas o fruto de uma intervenção divina, de uma imprevisível graça divina. A partir daquele momento, tudo o que antes constituía para ele um valor tornou-se paradoxalmente, segundo as suas palavras, perda e lixo. A partir daquele momento todas as suas energias foram postas ao serviço exclusivo de Jesus Cristo e do seu Evangelho. Agora a sua existência será a de um Apóstolo desejoso de “se fazer tudo em todos” sem reservas.


Isto constitui para nós uma lição muito importante: o mais importante é colocar no centro da própria vida Jesus Cristo, de modo que a nossa identidade se distinga essencialmente pelo encontro, pela comunhão com Cristo e com a sua Palavra.À sua luz todos os outros valores são recuperados e ao mesmo tempo purificados de eventuais impurezas. Outra lição fundamental oferecida por Paulo é o alcance universal que caracteriza o seu apostolado. Vendo a agudeza do problema do acesso dos Gentios, isto é dos pagãos, a Deus, que em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado oferece a salvação a todos os homens sem exceções, dedicou-se totalmente a dar a conhecer este Evangelho, literalmente “boa notícia”, isto é, anúncio de graça destinado a reconciliar o homem com Deus, consigo mesmo e com os outros. Desde o primeiro momento ele tinha compreendido que esta era uma realidade que não dizia respeito só aos judeus ou a um certo grupo de homens, mas que tinha um valor universal e se referia a todos, porque Deus é o Deus de todos. O ponto de partida para as suas viagens foi a Igreja de Antioquia da Síria, onde pela primeira vez o Evangelho foi anunciado aos Gregos e onde também foi cunhado o nome de “cristãos”, isto é, de crentes em Cristo. Dali ele dirigiu-se primeiro para Chipre e depois várias vezes para as regiões da Ásia Menor (Pisídia, Licaónia, Galácia), depois para as da Europa (Macedônia, Grécia).Mais relevante foram as cidades de Éfeso, Filipos,Tessalônica, Corinto, sem contudo esquecer Beréia, Atenas e Mileto.


No apostolado de Paulo não faltaram dificuldades, que ele enfrentou com coragem por amor de Cristo. Ele mesmo recorda ter agido “pelos trabalhos...pelas prisões...pelos açoites, pelos freqüentes perigos de morte...três vezes fui açoitado com varas, uma vez apedrejado; três vezes naufraguei...viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus concidadãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos entre os falsos irmãos; trabalhos e fadigas, repetidas vigílias com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez! E além de tudo isto, a minha obsessão de cada dia: cuidado de todas as Igrejas”. De um trecho da Carta aos Romanos transparece o seu propósito de chegar até a Espanha, às extremidades do Ocidente, para anunciar o Evangelho em toda a parte, até aos confins da terra então conhecida. Como não admirar um homem como este?Como não agradecer ao Senhor por nos ter dado um Apóstolo desta estatura? É claro que não lhe teria sido possível enfrentar situações tão difíceis e por vezes desesperadas, se não tivesse havido uma razão de valor absoluto, perante a qual nenhum limite se podia considerar insuperável. Para Paulo, esta razão, sabemo-lo, é Jesus Cristo, do qual ele escreve: “O amor de Cristo nos impulsiona...para que, os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”, por nós, por todos.


De fato, o Apóstolo dará o testemunho supremo do sangue sob o imperador Nero aqui em Roma, onde conservamos e veneramos os seus despojos mortais. Assim escreveu acerca dele Clemente Romano, meu predecessor nesta Sede Apostólica nos últimos anos do século I: “Por causa dos ciúmes e da discórdia Paulo foi obrigado a mostrar-nos como se obtém o prêmio da paciência...Depois de ter pregado a justiça a todo o mundo e depois de ter chegado até aos extremos confins do Ocidente, sofreu o martírio diante dos governantes; assim partiu deste mundo e chegou ao lugar sagrado, que com isso se tornou o maior modelo de perseverança”. O Senhor nos ajude a pôr em prática a exortação que nos foi deixada pelo Apóstolo nas suas Cartas :“Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”.

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