"A bíblia é um espelho que reflete a nossa mente. Nela vemos nossa face interior. Das escrituras aprendemos nossas belezas e deformidades espirituais. E ali também descobrimos o progresso que estamos fazendo, e quão longe estamos da perfeição."
(São Gregório Magno)
Foi homem admirável, personalidade que conquistava pela força e amabilidade de caráter. Nasceu em Roma pelo ano 540, da família senatorial dos Anicii. Sua vocação surgiu na tenra infância, sendo educado num ambiente muito religioso - sua mãe, Sílvia, e duas de suas tias paternas, Tarsila e Emiliana, tornaram-se santas. As três mulheres foram as responsáveis, também, por sua formação cultural.
Tomou a carreira política, chegando a ser nomeado prefeito de Roma. Com a morte de seu pai, Jordão, herdou uma das maiores fortunas de Roma, mas colocava sua confiança não nos bens terrenos, mas em Deus a quem procurava com amor.
Nessa época, buscava refúgio na capital um grupo de monges beneditinos, cujo convento, em Montecassino, fora atacado pelos invasores longobardos. Gregório, então, deu-lhes um palácio na colina do Célio, onde fundaram um convento dedicado a santo André. Esse contato constante com eles fez explodir de vez sua vocação monástica. De sua vasta fortuna construiu vários mosteiros espalhando os monges beneditinos por diversas partes da Itália, invadida pelos bárbaros.Renunciando a tudo abraçou a vida monástica, indo para o convento que permitira fundar, onde vestiu o hábito beneditino, tornando-se Diácono. Mais tarde, declararia que seu tempo de monge foram os melhores anos de sua vida.
Foi um monge apaixonado pela contemplação dos mistérios de Deus na Leitura da Bíblia. Enviado pelo Papa como seu representante a Constantinopla, lá permaneceu seis anos como monge no meio da corte, o que lhe serviu de larga experiência no relacionamento com a Igreja Oriental.
De volta ao seu mosteiro, com a morte do Papa Pelágio II, foi eleito Papa e, depois de em vão procurar esconder-se, foi forçado a aceitar a Cátedra de Pedro, em 3 de setembro de 590.
Exerceu o cargo como verdadeiro bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na propagação e consolidação da fé. Homem de ação, prático e empreendedor, acudiu às populações necessitadas, e cuidou das questões internas da Igreja universal.Enviou missionários à Inglaterra e, cuidou da conversão dos lombardos.Reorganizou a fundo a liturgia romana, ordenando as fontes litúrgicas anteriores e compondo novos textos e, promoveu o canto tipicamente litúrgico, a que ligou seu nome: "gregoriano".
Foi um marco na história da Igreja e da própria Europa.Com o Império Romano em derrocada e invasão de bárbaros por toda a parte, surgiu o início de uma nova época, um tempo de transição do mundo romano para o novo mundo medieval que fundiria as antigas culturas grega e romana, com as novas germânica e eslava.
Foi um escritor notável, tendo escrito muitas obras de Moral e Teologia. Autor de vários tratados, inclusive do famoso "Diálogos", para edificação dos fiéis, incentivando a piedade e o amor à santidade e, a Regra Pastoral, visando o afervoramento do clero, que até hoje pode ser lida como edificação; uma coleção com a vida de vários santos, visões e profecias. Escreveu ainda "Magna Moralis", um trabalho exegeta do Livro de Jó, varias homilias sobre os evangelhos, e 850 cartas pastorais. Além de escritor fecundo de comentários sobre a Bíblia, foi ainda orador inflamado.
Homem de grande contemplação e, intensa vida espiritual. Descrevendo o 'ideal do pastor' ele mesmo fez seu retrato espiritual:"O verdadeiro pastor das almas é puro em seu pensamento, irrepreensível nas suas obras, sábio no silêncio, útil sempre na palavra. Sabe aproximar-se de todos, com verdadeira caridade. Eleva-se acima de todos pela contemplação a Deus. Associa-se com humildade e simplicidade com todos os que trabalham pelo bem das almas mas levanta-se com anseios de justiça contra os vícios dos pecadores".
Gregório era um santo e humilde pontífice. Certa vez falando de si próprio ele se descreveu como "Servus Servorum Dei" (Servo dos servos de Deus).
Mesmo passando seus últimos anos doente, acamado, continuou a dirigir com prudência e lucidez os destinos da Igreja.
Morreu a 12 de março do ano 604, em Roma, com 65 anos de idade.
É um dos quatro grandes "doutores" da Igreja ocidental, junto com Santo Agostinho, Santo Ambrósio e São Jerônimo.
Em toda a História da Igreja somente o Papa Gregório e o Papa Leão I, foram honrados com o título "magno".
Na arte litúrgica da Igreja ele é mostrado como papa carregando uma cruz com barras. Uma pomba as vezes é mostrada com ele e as vezes ele é mostrado em sua escrivaninha ou no altar.
Foi canonizado por aclamação e, celebrado no dia 3 de setembro, data em que se tornou Papa.
São Gregório Magno, rogai por nós
Oração
Deus nosso Pai, ouvi-nos: pelo papa, pelos bispos e pelos sacerdotes, nós vos pedimos. Fazei que desempenhem com dedicação e amor sua missão de pastores do povo e de testemunhas de vosso Evangelho.Amém.São Gregório Magno, rogai por nós
Com a liturgia, podemos rezar:
Ó Deus, que cuidais do vosso povo com indulgência e o governais com amor, dai, pela intercessão de São Gregório Magno, o espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso das ovelhas contribua para a alegria dos pastores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
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