SÃO FLAVIANO, BISPO, PATRIARCA DE CONSTANTINOPLA, MÁRTIR - 19 DE FEVEREIRO

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Flaviano, sucessor de São Proclo, ocupou a sede patriarcal de Constantinopla durante os três anos de 446-449. Seu governo coincidiu com uma época agitadíssima da Igreja Oriental. Heresias, graves dissensões e lutas internas, perturbavam a paz na capital do império grego.
 Flaviano, envolvido fatalmente nas agitações político-religiosas daquele tempo, apresenta a figura dum grande Patriarca, digno da admiração de todos os tempos, com a solidez de suas virtudes, a firmeza de seu caráter, conservando-se sempre superior e absoluto senhor da situação, . A modéstia, unida à firmeza e à paciência imperturbável nas situações mais críticas, fizeram com que não se esquecesse nunca de sua alta posição e das obrigações a ela ligadas.


Flaviano pertencia à alta aristocracia romana e era convertido ao cristianismo. Na época do Imperador Constantino, foi eleito governador de Roma, dadas a sua grande inteligência e boa moral. Quando, porém, o imperador morreu e em seu lugar assumiu seu filho Constâncio, este deu início à perseguição dos cristãos e, logo, Flaviano foi destituído de seu cargo.
Ele, porém, não se intimidou e passou a dedicar seus dias a confortar e estimular os cristãos. Morto Constâncio, assumiu Julião, que deu continuidade à perseguição, empreendendo-a ainda com mais ênfase. Flaviano que já era um sacerdote cristão se destacava muito pela prática radical do Evangelho e por sua defesa 
contra os hereges.


Assim, em 446 foi eleito patriarca de Constantinopla, que na época era capital do Império Romano, já que o mundo católico se via estremecido por agitações político-religiosas e sua atuação poderia reverter este processo. Flaviano assumiu com mão de ferro o posto, mas em seu primeiro ato oficial já pode ter uma idéia dos
 conflitos que viriam.
Era costume o patriarca, assim que assumia mandar um presente simbólico ao imperador. Ele enviou então um pão bento durante a missa solene, como símbolo de paz e concórdia. O primeiro-ministro mandou o pão abençoado de volta, dizendo que só aceitaria presentes em ouro e prata. Flaviano respondeu que o ouro e a prata da Igreja não pertenciam a ele, mas a Deus e aos pobres, seus legítimos representantes na Terra. Tanto o imperador quanto o ministro juraram vingança, e as pressões começaram.

Flaviano enfrentou várias dissidências que depois seriam consideradas heresias em concílios realizados para julgá-las. Entre elas, a mais significativa foi a que queria tirar de Jesus seu caráter humano. Isso significaria aceitar que a divindade de Jesus teria assimilado e absorvido sua humanidade.

Constantinopla foi, naquele século, a matriz de quase todas as heresias que conturbaram a paz da Igreja.  Em 431, deu-se o nestorianismo, por obra do patriarca anterior, Nestório, que separava em Cristo duas pessoas unidas acidentalmente. Condenada no Concílio de Éfeso, pouco depois nasce uma heresia oposta, a do monge Eutíquio, que afirma que em Cristo há não somente uma só pessoa, a do Filho de Deus feito homem, mas também há nele uma só natureza, a divina, que englobou, assimilou a humana: é a heresia do monofisitismo. 

Flaviano conseguiu o apoio do Papa Leão Magno, em Roma, mas foi traído pela parte do clero que defendia a tese. Em 449, deu-se o Concílio chamado latrocínio de Éfeso, sob a presidência de Dioscuro, bispo de Alexandria, onde compareceram 135 bispos. Nenhuma das decisões conciliares foi aprovada pelo papa, a não ser o chamado Tomo a Flaviano, carta enviada pelo papa São Leão Magno ao presidente do concílio, condenando as heresias de 
Nestório e de Eutiques.

De um sínodo onde só inimigos tinham representação, não se podia esperar justiça e de fato, o sínodo de Éfeso foi a expressão da paixão, do ódio, do despotismo sem freio contra o Bispo católico.
Flaviano foi praticamente assassinado durante a assembléia ecumênica que, por isso é chamada o conciliábulo de Éfeso. Isto mesmo, maus religiosos se uniram aos políticos e os inimigos conseguiram sua deposição do cargo. O bispo Flaviano foi preso e ali mesmo torturado tão cruelmente que ele não agüentou e, logo depois, veio a falecer vítima delas, no dia 18 de fevereiro de 449.

Pouco durou o triunfo dos inimigos
Dois anos depois o Papa Leão Magno, que também é venerado pela Igreja, convocou um concílio, onde a verdade foi restabelecida. Aceitavam-se as duas naturezas de Jesus, a divina e a humana e os contrários foram declarados hereges. No mesmo concílio a figura do bispo Flaviano foi reabilitada e ele declarado mártir pela ortodoxia da fé cristã (morto em testemunho da fé verdadeira). O culto à São Flaviano se mantém vivo e vigoroso ainda hoje e sua festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.
 O Papa Hilário, que, como comissário apostólico, tinha presenciado as cenas horríveis do sínodo de Éfeso, construiu uma Igreja em honra do Bispo Mártir. Nela se vê um quadro artístico que representa o martírio de S. Flaviano.

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