Memória
Nasceu no ano 1090 perto de Dijon (França), de família nobre e recebeu uma piedosa educação. Admitido, no ano 1111, entre os Monges Cistercienses, foi eleito, pouco tempo depois, abade do mosteiro de Claraval. Com a sua atividade e exemplo exerceu uma notável influência na formação espiritual dos seus irmãos religiosos. Por causa dos cismas que ameaçavam a Igreja, percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade. Escreveu muitas obras de teologia e ascética. Marcou uma época na história da Igreja e da sua pátria, a França. Morreu em 1153.
Aos dezenove anos perdeu sua piedosa
mãe. Bernardo era de formosura singular, inteligente, de modos cativantes.O
mundo logo tentou atraí-lo mas seu amor era mais nobre e mais sublime; fez a
opção fundamental de sua vida: abandonou o mundo e, em 1111 ingressou na Ordem
de Cister, fundada por São Roberto em 1098.
Uma vez que seus irmãos haviam seguido a
carreira militar, a mais comum para os varões naquele tempo, seu pai, cavalheiro de nobreza, tentou
opor-se
e, dizia:"Monge? E monge, no
mosteiro mais pobre e austero?" Mas era exatamente o que mais o atraía à vida religiosa;pobreza e
austeridade!
O poder de persuasão de Bernardo, é um
dos casos mais impressionantes da história: não somente venceu a oposição da família, mas arrastou consigo
muitos deles para a vida religiosa: todos os seus irmãos, primos e amigos,
trinta ao todo! Até sua irmã tornou-se religiosa morrendo em odor de santidade
e, também seu pai e um tio que trocou a armadura pelo hábito. Era por natureza
líder eloquente e empolgante. Exercia tão grande
influência sobre o espírito dos seus amigos mais chegados, que as mães
procuravam afastar dele os filhos e, as esposas seus maridos, para não se
sentirem atraídos e o seguirem.
São Bernardo pode ser considerado o
segundo fundador da Ordem Cisterciense. Quando ele entrou, a Ordem contava
apenas com vinte membros e um só mosteiro. Pouco tempo depois foi eleito abade
do novo mosteiro de Claraval. Durante o período de sua direção que durou trinta
e oito anos, a Ordem cresceu para 165 mosteiros, dos quais 68 fundados por ele,
e mais de 900 monges fizeram sua profissão religiosa pelas mãos de São
Bernardo.
Foi pregador, místico, escritor, fundador
de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis, bispos e, também, polemista,
político e pacificador. Uma personalidade sem dúvida, a mais empolgante do seu
século.
Esteve presente em todos os grandes
acontecimentos da época, saindo do seu mundo de monge de vida contemplativa
para envolver-se nas questões que agitavam a sociedade. Participou de vários
sínodos de bispos, por causa dos cismas que ameaçavam a Igreja, percorreu a
Europa para restabelecer a paz e a unidade, envolveu-se no cisma que dividiu a
Igreja entre dois papas,
combateu os ensinamentos de vários mestres
contemporâneos, que disseminavam idéias heréticas através da Europa.
Escreveu muitas obras de teologia e
ascética marcando profundamente a história da espiritualidade católica: seus
escritos revelam amor profundo aos mistérios da humanidade do Salvador. Emerge
entre os Santos Padres como o Cantor do Amor Eterno que se revelou em Cristo
desde Belém até ao Gólgota.
São Bernardo sempre
preferiu os caminhos do coração:"Amemos - ele dizia a seus monges - e
seremos amados. Naqueles que amamos encontraremos repouso, e o mesmo repouso
oferecemos a todos os que amamos. Amar em Deus é ter caridade; procurar ser
amado por Deus é servir a caridade."
São Bernardo depois
de laboriosas jornadas retirava-se para a cela para escrever obras cheias de
otimismo e de doçura, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico
dos Cânticos que é uma declaração de amor a Maria. É também o compositor do
belíssimo hino Ave Maris Stella. Também é sua a invocação: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce
Virgem Maria" da
salve-rainha. Foi chamado pelo Papa Pio XII "O
último dos Padres da Igreja, e não o menor".
É também o poeta incomparável de Nossa
Senhora. Dante, o poeta, em sua "Divina Comédia", coloca nos lábios
de São Bernardo a
saudação à Virgem:
"Virgem e Mãe, filha de teu filho,
humilde e excelsa, mais do que qualquer outra criatura, termo fixo do eterno
plano de Deus! Tu, ó Virgem, és tão valiosa na intercessão, que quem quiser
alcançar uma graça, sem recorrer a Ti, é semelhante a uma ave que tenta voar
sem asas!"
Durante uma missão pacificadora, sentiu-se
vencido pela doença e quis regressar a
seu mosteiro de Claraval, onde a 20 de agosto de 1153, com 62 anos de idade,
entregou sua belíssima alma a Deus, rodeado pelo afeto e admiração dos seus
monges.
A Igreja o elevou às honras dos altares
doze anos mais tarde, dando-lhe o
título de Doutor da Igreja.
Com ternura filial, como São Bernardo,
peçamos a Maria:
ORAÇÃO DE SÃO
BERNARDO
Lembrai-Vos, ó
piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouvir
dizer
que algum daqueles
que têm recorrido à Vossa proteção,
implorado a Vossa
assistência e
reclamado o Vosso
socorro
fosse por Vós
desamparado.
Animado eu, pois,
com igual confiança,
a Vós, Virgem, entre
todas singular,
como a Mãe recorro;
de Vós me valho;
e, gemendo sob o peso de
meus pecados,
me prostro a Vossos
pés.
Não desprezeis as
minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de
Deus Humanado,
mas dignai-Vos
ouvir-me, propícia,
e alcançar-me o que
Vos rogo. Amém.
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Para Meditar
(extraído do Ofício
das Leituras)
(Hom. 2,1-2.4:
Operaomnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 21. 23) (Séc.XI)
Preparada pelo
Altíssimo, prometida pelos Patriarcas
A Deus competia
nascer de uma virgem unicamente; e era claro que do parto da Virgem somente viesse Deus à luz. Por este motivo, o Criador dos homens,
para se fazer homem nascido de
ser humano, devia dentre todas escolher, ou melhor, criar para si a mãe tal,
como sabia convir a si e ser-lhe
agradável em tudo.
Quis então que fosse uma virgem. Da
imaculada nascendo o imaculado, aquele que purificaria as máculas de todos.Ele a quis também
humilde, donde proviesse o manso e humilde de coração, que iria mostrar a todos o necessário e salubérrimo
exemplo destas virtudes.
Concedeu, pois, à Virgem a fecundidade, a ela a quem já antes
inspirara o voto de virgindade e lhe antecipara o mérito da humildade.
A não ser assim, como poderia o anjo
dizê-la cheia de graça, se algo, por mínimo que fosse,faltasse à graça?
Assim, aquela que iria conceber e dar à luz o Santo dos santos, recebeu o dom da virgindade para que fosse santa no
corpo, e, para ser santa no espírito, recebeu o dom da humildade.
Esta Virgem régia, ornada com as
jóias das virtudes, refulgente pela dupla majestade da alma e do corpo, por sua beleza e
formosura conhecida nos céus, atraiu sobre si o olhar dos anjos. Até atraiu sobre si a atenção do Rei,que a
desejou e arrebatou das alturas até si o mensageiro celeste.
O anjo foi enviado à Virgem (Lc 1,26-27). Virgem na alma, virgem
na carne, virgem pelo propósito,
virgem enfim tal como a descreve o Apóstolo, santa de espírito e de corpo. Não pouco antes, nem por acaso encontrada,
mas eleita desde o princípio dos séculos, conhecida pelo Altíssimo e preparada para ele,
guardada pelos anjos, prefigurada pelos patriarcas, prometida pelos profetas.
Dos Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, de São Bernardo, abade
(Sermo 83,4-6: Opera omnia, Edit. Cisterc. 2[1958], 300-302) Séc.XII
Amo porque amo, amo para amar
O amor basta-se a si mesmo, em si e por sua causa encontra satisfação. É seu mérito, seu próprio prêmio. Além de si mesmo, o amor não exige motivo nem fruto. Seu fruto é o próprio ato de amar. Amo porque amo, amo para amar. Grande coisa é o amor, contanto que vá a seu princípio, volte à sua origem, mergulhe em sua fonte, sempre beba donde corre sem cessar. De todos os movimentos da alma, sentidos e afeições, o amor é o único com que pode a criatura, embora não condignamente, responder ao Criador e, por sua vez, dar-lhe outro tanto. Pois quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado, já que ama para ser amado; porque bem sabe que serão felizes pelo amor aqueles que o amarem.
O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-Amor somente procura a resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada corresponder ao amor! Por que a esposa e esposa do Amor não deveria amar? Por que não seria amado o Amor?
É justo que, renunciando a todos os outros sentimentos, única e totalmente se entregue ao amor, aquela que há de corresponder a ele, pagando amor com amor. Pois mesmo que se esgote toda no amor, que é isto diante da perene corrente do amor do outro? Certamente não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, do Criador e da criatura; há entre eles a mesma diferença que entre o sedento e a fonte.
E então? Desaparecerá por isto e se esvaziará de todo a promessa da desposada, o desejo que suspira, o ardor da que a ama, a confiança da que ousa, já que não pode de igual para igual correr com o gigante, rivalizar a doçura com o mel, a brandura com o cordeiro, a alvura com o lírio, a claridade com o sol, a caridade com aquele que é a caridade?Não. Mesmo amando menos, por ser menor, se a criatura amar com tudo o que é, haverá de dar tudo. Por esta razão, amar assim é unir-se em matrimônio, porque não pode amar deste modo e ser menos amada, de sorte que no consenso dos dois haja íntegro e perfeito casamento. A não ser que alguém duvide ser amado primeiro e muito mais pelo Verbo.
Responsório Sl 30(31),20; 35(36),9
R. Como é grande, ó Senhor, vossa bondade,
* Que reservastes para aqueles que vos temem!
V. Na abundância de vossa morada
ele vem saciar-se de bens.
Vós lhes dais de beber água viva
nas torrentes de vossas delícias. * Que reservastes.
Oração
Ó Deus, que fizestes do abade São Bernardo, inflamado de zelo por vossa casa, uma luz que brilha e ilumina a Igreja, dai-nos, por sua intercessão, o mesmo fervor para caminharmos sempre como filhos da luz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.





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