Papa fala da crise que ameaça futuro

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cagliari  – O papa Francisco afirmou na tarde desse domingo (22), na Sardenha, que a atual crise internacional ameaça o futuro da sociedade e apelou à reformulação dos modelos econômicos e sociais, para revalorizar o ser humano.
“A crise pode tornar-se um momento de purificação e de repensar os nossos modelos econômico-sociais, de certa concepção de progresso que alimentou ilusões, para recuperar o humano em todas as suas dimensões”, declarou, num encontro com o “mundo da Cultura” que aconteceu na aula magna da Faculdade Teológica, em Cagliari.
A intervenção partiu do sentimento de “desilusão” dos discípulos de Emáus, após a morte de Jesus, um episódio relatado pelos evangelhos. “Um sentimento análogo pode ser encontrado também na nossa situação atual: a desilusão, a decepção, por causa de uma crise econômico-financeira, mas também ecológica, educativa, moral”, assinalou.
Segundo o papa, esta é uma crise que diz respeito ao presente e ao “futuro histórico, existencial” da civilização ocidental e de todo o mundo. “Pelo menos nos últimos quatro séculos, não tinha sido tão sacudidas as certezas fundamentais que constituem a vida dos seres humanos como na nossa época”, sustentou.
Neste sentido, Francisco falou das mudanças provocadas pela degradação do meio ambiente, desequilíbrios sociais, o “terrível” poder das armas, o sistema econômico-financeiro, o desenvolvimento e o “peso” dos meios de comunicação e de transporte. “É uma mudança que diz respeito ao próprio modo como a humanidade leva por diante a sua existência no mundo”, precisou.
O papa observou que muitos se limitam à “resignação” perante a dimensão da crise, marcados pelo “pessimismo” perante qualquer possibilidade de intervenção “eficaz”. Essa postura, disse, “ignora o grito de justiça, de humanidade e de responsabilidade social, levando ao individualismo, à hipocrisia e até a uma espécie de cinismo”.

“Que o momento histórico que vivemos nos leve a procurar e encontrar caminhos de esperança, que abram novos horizontes à nossa sociedade”, pediu. Francisco destacou, por isso, o papel da Universidade como lugar de “elaboração e transmissão do saber”, pedindo que a instituição seja um espaço de “discernimento” da realidade, de elaboração de “cultura da proximidade, do encontro” e de “formação à solidariedade”.

“Não há futuro para qualquer país, para nenhuma sociedade, para o nosso mundo, se não soubermos ser todos solidários”, destacou. Numa intervenção com referências aos não crentes, o Papa defendeu que a fé “não reduz nunca o espaço da razão”, mas abre-o a uma “visão integral do homem e da realidade” para evitar o risco de reduzir a pessoa a “material humano”.
SIR

0 comentários:

Postar um comentário

 
São Francisco da Penitência OFS Cabo Frio | by TNB ©2010