A leitura que a Igreja propõe neste domingo (29) é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16, 19-31 que corresponde ao 26º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico.
Por José Antonio Pagola*
Segundo Lucas, quando Jesus gritou "não podem servir a Deus e ao Dinheiro", alguns fariseus que estavam escutando-o e eram amigos do dinheiro "caçoaram de Jesus". Jesus não recua. Pouco depois, ele narra uma parábola lancinante para que aqueles que vivem escravos da riqueza abram os olhos.
Jesus descreve com poucas palavras uma situação sangrenta. Um homem rico e um pobre mendigo que moram perto um do outro, mas estão separados pelo abismo que existe entre a vida da opulência insultante do rico e a miséria extrema do pobre.
O relato descreve os dois personagens, destacando fortemente o contraste entre ambos. O rico se veste de púrpura e linho fino, o corpo do pobre está coberto de feridas. O rico dá banquetes não somente nos dias de festa, mas todos os dias; o pobre está caído à porta do rico, sem poder comer nada das sobras que caem da mesa do rico. Somente se aproximam para lamber suas chagas os cachorros que procuram alguma coisa no lixo.
Em nenhum momento, diz-se que o rico explorou o pobre, ou que o maltratou ou o desprezou. Até pode-se dizer que não tenha feito nada de errado. Porém, toda sua vida é inumana, pois vive somente para seu próprio bem-estar. Seu coração é de pedra. Ignora totalmente o pobre. Está na sua frente, doente, faminto e abandonado, mas não é capaz de atravessar a porta para cuidar dele.
Não podemos nos enganar. Jesus não está denunciando somente a situação da Galileia dos anos trinta. Está tentando sacudir a consciência daqueles que estão acostumados a viver na abundância, tendo ao lado de nossa casa, muito próximo de nós, povos que estão vivendo e morrendo na mais absoluta miséria.
É inumano nos fecharmos em nossa “sociedade do bem-estar”, ignorando totalmente essa outra “sociedade do mal-estar”. É cruel seguir alimentando essa “secreta ilusão de inocência”, que nos permite viver com a consciência tranquila, pensando que a culpa é de todos e não é de ninguém.
Nossa primeira tarefa é quebrar a indiferença. Resistir a seguir desfrutando de um bem-estar vazio de compaixão. Não nos isolarmos mentalmente para deslocar a miséria e a fome que há no mundo para uma distância abstrata e assim viver sem ouvir nenhum clamor, gemido ou pranto.
O Evangelho pode nos ajudar a viver vigilantes, sem nos tornarmos cada vez mais insensíveis aos sofrimentos dos abandonados, sem perder o sentido da responsabilidade fraterna e sem permanecer passivos quando podemos agir.
Segundo Lucas, quando Jesus gritou "não podem servir a Deus e ao Dinheiro", alguns fariseus que estavam escutando-o e eram amigos do dinheiro "caçoaram de Jesus". Jesus não recua. Pouco depois, ele narra uma parábola lancinante para que aqueles que vivem escravos da riqueza abram os olhos.
Jesus descreve com poucas palavras uma situação sangrenta. Um homem rico e um pobre mendigo que moram perto um do outro, mas estão separados pelo abismo que existe entre a vida da opulência insultante do rico e a miséria extrema do pobre.
O relato descreve os dois personagens, destacando fortemente o contraste entre ambos. O rico se veste de púrpura e linho fino, o corpo do pobre está coberto de feridas. O rico dá banquetes não somente nos dias de festa, mas todos os dias; o pobre está caído à porta do rico, sem poder comer nada das sobras que caem da mesa do rico. Somente se aproximam para lamber suas chagas os cachorros que procuram alguma coisa no lixo.
Em nenhum momento, diz-se que o rico explorou o pobre, ou que o maltratou ou o desprezou. Até pode-se dizer que não tenha feito nada de errado. Porém, toda sua vida é inumana, pois vive somente para seu próprio bem-estar. Seu coração é de pedra. Ignora totalmente o pobre. Está na sua frente, doente, faminto e abandonado, mas não é capaz de atravessar a porta para cuidar dele.
Não podemos nos enganar. Jesus não está denunciando somente a situação da Galileia dos anos trinta. Está tentando sacudir a consciência daqueles que estão acostumados a viver na abundância, tendo ao lado de nossa casa, muito próximo de nós, povos que estão vivendo e morrendo na mais absoluta miséria.
É inumano nos fecharmos em nossa “sociedade do bem-estar”, ignorando totalmente essa outra “sociedade do mal-estar”. É cruel seguir alimentando essa “secreta ilusão de inocência”, que nos permite viver com a consciência tranquila, pensando que a culpa é de todos e não é de ninguém.
Nossa primeira tarefa é quebrar a indiferença. Resistir a seguir desfrutando de um bem-estar vazio de compaixão. Não nos isolarmos mentalmente para deslocar a miséria e a fome que há no mundo para uma distância abstrata e assim viver sem ouvir nenhum clamor, gemido ou pranto.
O Evangelho pode nos ajudar a viver vigilantes, sem nos tornarmos cada vez mais insensíveis aos sofrimentos dos abandonados, sem perder o sentido da responsabilidade fraterna e sem permanecer passivos quando podemos agir.
Religión Digital, 27-09-2013.
*José Antonio Pagola é teólogo.
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