No decurso de 2013 nenhuma figura capturou a imaginação do povo em todo o mundo mais do que o papa Francisco. Quando foi eleito 266º sucessor de São Pedro aos 13 de março, a direção da Igreja católica romana parecia estar em grande dificuldade. O Vaticano estava envolvido pelo escândalo dos abusos sexuais da parte do clero. Os católicos nos USA e na Europa deixavam a Igreja em grande número.
A improvisada retirada de Bento XVI no mês precedente – pela primeira vez desde 1294 que um papa renunciava por iniciativa própria – cristalizava a impressão de uma Igreja em crise. Nos nove meses desde sua eleição, o papa Francisco deu início a uma importante revisão na direção e na gestão do papado. E demasiado depressa para avaliar se conseguirá aplacar a difusa raiva pelos abusos sexuais do clero ou ir ao encontro das preocupações dos católicos apavorados pela rígida ortodoxia moral do Vaticano. Em todo o caso, houve três aspectos que neste ano o tornaram uma figura de grande fascínio para católicos e não católicos.
Antes de tudo há sua pessoal modéstia. Numa época na qual muitos são chocados pela vaidade de pessoas famosas ou pela riqueza de plutocratas, o papa se tornou rapidamente um símbolo global de compaixão e humildade. Escolheu viver num apartamento de duas peças antes do que no palácio apostólico. Abandonou a Mercedes papal para uma Ford Focus. Sua determinação de estar em numerosas ocasiões fisicamente e visivelmente próximo a enfermos e necessitados dá testemunho de um igualitarismo profundamente sentido.
Um segundo âmbito sobre o qual atraiu a atenção é o dos temas de sexo e matrimônio. Os mais recentes predecessores do papa Francisco – João Paulo II e Bento – eram fortes defensores da ortodoxia moral.
Enquanto ainda não impôs nenhuma mudança doutrinal, o atual pontífice mudou radicalmente o tom e a linguagem com a qual discutir sobre estes argumentos.
Quando, neste ano, um jornalista lhe perguntou como via o status dos padres gay na Igreja, ele lhe respondeu: “Quem sou eu para julgar:” A outro entrevistador disse que a Igreja estava “obsessionada” por problemas como aborto, matrimônio gay e contracepção.
Em terceiro lugar, introduziu uma série de reformas na gestão da Santa Sé que lhe permitem ativar a mudança. O papa nomeou um grupo de oito bispos na mesma linha para enfrentar problemas difíceis, marginalizando com o sínodo dos bispos fortemente conservador. Nomeou uma nova comissão para indagar sobre casos de abusos sexuais e encontrar modos de melhorar a proteção dos menores.
Particularmente impressionante é o modo com que preparou o Sínodo que será instalado no próximo ano para discutir problemas como divórcio, controle dos nascimentos e matrimônio homossexual. Antes daquele encontro, o papa solicitou às dioceses que distribuam um questionário a todos os paroquianos católicos, solicitando seu parecer sobre tais argumentos. Isto poderia indicar uma intenção de discutir estes temas sem serem ligados a tabus de velha data.
Aqueles que desejam urgentemente reformar a Igreja católica, não deveriam, no entanto, correr demais. Há grandes testes antes disso. Não é absolutamente certo que a comissão que indaga sobre os abusos sexuais examine a culpabilidade passada do Vaticano ou de parte do clero. Sobre muitos temas, como a ordenação presbiteral de mulheres, o novo Pontífice é doutrinalmente conservador.
Mas, o que impressiona a propósito do papa Francisco é a rapidez com quem se tornou uma autêntica figura de referência para aqueles que se preocupam com o que ele chama “aquele ídolo chamado dinheiro” e o modo pelo qual “caímos numa indiferença globalizada num mundo globalizado”. Muitos dos políticos de direita não estarão de acordo com sua crítica ao “capitalismo selvagem”. Mas, exprime suas preocupações e ânsias com uma sinceridade e autenticidade que nenhum líder mundial sabe igualar.
Antes de tudo há sua pessoal modéstia. Numa época na qual muitos são chocados pela vaidade de pessoas famosas ou pela riqueza de plutocratas, o papa se tornou rapidamente um símbolo global de compaixão e humildade. Escolheu viver num apartamento de duas peças antes do que no palácio apostólico. Abandonou a Mercedes papal para uma Ford Focus. Sua determinação de estar em numerosas ocasiões fisicamente e visivelmente próximo a enfermos e necessitados dá testemunho de um igualitarismo profundamente sentido.
Um segundo âmbito sobre o qual atraiu a atenção é o dos temas de sexo e matrimônio. Os mais recentes predecessores do papa Francisco – João Paulo II e Bento – eram fortes defensores da ortodoxia moral.
Enquanto ainda não impôs nenhuma mudança doutrinal, o atual pontífice mudou radicalmente o tom e a linguagem com a qual discutir sobre estes argumentos.
Quando, neste ano, um jornalista lhe perguntou como via o status dos padres gay na Igreja, ele lhe respondeu: “Quem sou eu para julgar:” A outro entrevistador disse que a Igreja estava “obsessionada” por problemas como aborto, matrimônio gay e contracepção.
Em terceiro lugar, introduziu uma série de reformas na gestão da Santa Sé que lhe permitem ativar a mudança. O papa nomeou um grupo de oito bispos na mesma linha para enfrentar problemas difíceis, marginalizando com o sínodo dos bispos fortemente conservador. Nomeou uma nova comissão para indagar sobre casos de abusos sexuais e encontrar modos de melhorar a proteção dos menores.
Particularmente impressionante é o modo com que preparou o Sínodo que será instalado no próximo ano para discutir problemas como divórcio, controle dos nascimentos e matrimônio homossexual. Antes daquele encontro, o papa solicitou às dioceses que distribuam um questionário a todos os paroquianos católicos, solicitando seu parecer sobre tais argumentos. Isto poderia indicar uma intenção de discutir estes temas sem serem ligados a tabus de velha data.
Aqueles que desejam urgentemente reformar a Igreja católica, não deveriam, no entanto, correr demais. Há grandes testes antes disso. Não é absolutamente certo que a comissão que indaga sobre os abusos sexuais examine a culpabilidade passada do Vaticano ou de parte do clero. Sobre muitos temas, como a ordenação presbiteral de mulheres, o novo Pontífice é doutrinalmente conservador.
Mas, o que impressiona a propósito do papa Francisco é a rapidez com quem se tornou uma autêntica figura de referência para aqueles que se preocupam com o que ele chama “aquele ídolo chamado dinheiro” e o modo pelo qual “caímos numa indiferença globalizada num mundo globalizado”. Muitos dos políticos de direita não estarão de acordo com sua crítica ao “capitalismo selvagem”. Mas, exprime suas preocupações e ânsias com uma sinceridade e autenticidade que nenhum líder mundial sabe igualar.
Financial Times, 29-12-2013.
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