Batismo e conversão

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Por João Batista Nunes Coelho*

A lógica seria primeiro receber o batismo e depois se converter, ou primeiro buscar a conversão e depois o batismo?  Perguntemos ao Mestre: Senhor, como deve ser?  “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado” (Mc 16,16). Segundo o que está escrito, o essencial está em crer. O batismo, a recepção do Espírito Santo, é o selo indelével, do compromisso em viver o que se crê. É isso que ocorre em nossos dias com os batizados? Há dúvidas.

Arrependimento. Nos evangelhos, os relatos do batismo de Jesus são sempre precedidos por informações sobre João Batista e seu ministério. Qual era o conteúdo da pregação de João? A contrição e o arrependimento para remissão dos pecados. Encorajava também a todos darem esmolas para os pobres (Lc 3,11).  João falava como profeta. E em relação a Jesus, que dizia ele? Falava da superioridade de Jesus:  “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu” (Lc 3,16). Ele, João, era apenas o precursor. Neste caso, com a vinda de Jesus encerrou-se a pregação de João? Não. A pregação de João sobre a contrição e o arrependimento continua válida. Por isso é oportuno nos perguntarmos: Como estamos diante do esforço para o arrependimento e remissão dos pecados?  Há que nos convertermos a cada dia.

O batismo de Jesus. Foi assim: “13 Então, Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele. 14Mas João queria impedi-lo, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” 15Jesus, porém, respondeu-lhe: “Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir toda a justiça!” E João deixou. 16 Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água, e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba, e vir sobre ele. 17 E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado; nele está o meu agrado” (Mt 3,13-17). Uma teofania. Houve uma declaração pública do Pai, de que Jesus era seu Filho. Um dia também nós recebemos o Espírito e nos tornamos filhos de Deus. Ele passou a morar em nós. Lembramos disto? Foi o selo do compromisso de mudança de vida.

Conversão. Precisa continuar. É a meta do dia a dia para todo batizado: converter-se! Era a pregação de João. Pregava a conversão para que os pecados fossem perdoados. Viu como não basta ser batizado?  O batismo precisa caminhar junto com vida de  acordo com o batismo recebido. Não supõe, então, uma concepção legalista ou mágica de purificação de impureza.  Conversão significa mudar de vida. Não se apóia apenas em rito, e sim, na prática da justiça. “Mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo” (At 10,35). Isto agrada a Deus. João pregava o batismo de uma vida condizente com a pureza moral e não o simples apego à prática do formalismo religioso. Será que este reducionismo em apenas praticar ritos não ocorre ainda hoje (apenas batizar, apenas ir à missa, apenas casar na igreja...)?

Ser filho. Há que se mudar. Converter, converter-se, converter-se! Então, a conversão não vem do rito batismal? A conversão moral, pessoal, não se opera apenas pela força mágica da água, segundo João, mas pela mudança de vida, pela conversão, da qual o batismo é o selo. “Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados” (Mc 1,4). Afinal, podem indagar alguns, o batismo torna ou não torna a pessoa filha de Deus? Sim, pelo batismo o crente se torna filho de Deus. Contudo, se esse dom não for cultivado pode ser perdido. Se perdido, a pessoa pode não alcançar a salvação que o batismo lhe promete.

Salvação. Somo servos de Deus encarregados de anunciar a salvação. "Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião” (Is 42,1). É nossa missão!  Batismo e conversão devem caminhar juntos.

Que o próprio Deus seja nossa força para cumprirmos essa missão difícil, mas necessária: pregar e dar testemunho de que é preciso converter-nos à boa nova de Jesus.
*Reflexão sobre as leituras do domingo em que se comemora o Batismo de Jesus (13-01-2014).
08/01/2014  |  domtotal.com

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