Papa culpa 'egoísmo, rivalidade e sede de poder' por tragédias

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cidade do Vaticano - O papa elencou aquilo que a Igreja considera serem as principais ameaças à paz no mundo atual. Recordando o ano que terminou, Francisco disse que a "inveja, egoísmo, rivalidade e a sede de poder e dinheiro" são os principais responsáveis pela morte e destruição que marcaram o ano de 2013.
 Ele insistiu, contudo, que a violência não triunfará. "Parece, às vezes, que tais realidades estejam destinadas a dominar; mas, o Natal infunde em nós, cristãos, a certeza de que a palavra última e definitiva pertence ao Príncipe da Paz, que muda ´as espadas em arados e as lanças em foices´ e transforma o egoísmo em dom de si mesmo e a vingança em perdão".

Francisco discursou na manhã dessa segunda-feira (13) perante o corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, um evento anual que o papa cumpre pela primeira vez desde que foi eleito, em março do ano passado.

Tradicionalmente o papa aproveita este discurso para passar em revista as várias regiões e os principais problemas do mundo. Hoje recordou as muitas vítimas daquilo a que chama a cultura do descartável, falando em particular das crianças.

“Não podem deixar-nos indiferentes os rostos de quantos padecem fome, sobretudo das crianças, se pensarmos quanta comida é desperdiçada cada dia em tantas partes do mundo, mergulhadas naquela que já várias vezes defini como a ´cultura do descartável´. Infelizmente, objeto não são apenas os alimentos ou os bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos, que acabam ‘descartados’ como se fossem ‘coisas desnecessárias’”.

"Causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto, ou aquelas que são usadas como soldados, violadas ou mortas nos conflitos armados, ou então feitas objeto de mercado naquela tremenda forma de escravidão moderna que é o tráfico dos seres humanos, que é um crime contra a humanidade".

A tragédia da imigração ilegal

Na mesma linha Francisco lamentou mais uma vez a falta de sensibilidade que leva muitos homens a olhar para os seus semelhantes apenas como números anónimos, e apontou o dedo particularmente aos casos da imigração ilegal, da América Latina para os Estados Unidos, e de África para a Europa.

“Perante tais tragédias, infelizmente, verifica-se uma indiferença geral, constituindo um sinal dramático da perda daquele ‘sentido da responsabilidade fraterna’ sobre o qual assenta toda a sociedade civil.”

O papa aproveitou ainda o seu discurso para falar dos diferentes conflitos que marcaram o mundo durante 2013, com particular destaque para a Síria. Francisco agradeceu especialmente aos países vizinhos, nomeadamente o Líbano e a Jordânia, pela forma como têm recebido refugiados deste conflito.

A situação dos cristãos perseguidos não foi esquecida, com o Santo Padre a recordar de forma particular o Médio Oriente, a Nigéria e a República Centro-Africana. Numa nota mais positiva, Francisco mostrou-se esperançoso no sucesso das negociações de paz na Terra Santa e alegrou-se pelo progresso nas conversações entre o Irão e a comunidade internacional sobre as armas nucleares.

Aos representantes dos cerca de 179 Estados soberanos com os quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas, o papa assegurou a disponibilidade da secretaria de Estado de continuar a trabalhar no sentido de favorecer aqueles laços de fraternidade que são reflexo do amor de Deus e fundamento da concórdia e da paz.
SIR

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