Seguindo a estrela

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Por Dom José Alberto Moura*
Ver os sinais de Deus nos acontecimentos exige atenção e visão de fé. Sem fé a pessoa tropeça nos próprios limites. Deus nos dá o desejo do encontro com Ele. Quem procura o porquê de suas inquietações analisa o sentido da vida e vai perceber que, sem a razão de ser da vida, o próprio Criador, não vislumbra o objetivo da existência.

Os Magos do Oriente, quando do nascimento do Emanuel, estavam atentos para o encontro com Ele. A estrela foi o sinal. Estudiosos que eram, não se contentaram com os próprios pensamentos. Foram em direção do astro luminoso para saberem onde se encontrava o esperado das nações. Consultaram até autoridades da região, pois, o sinal estelar lhes desaparecera da vista. Encontraram a explicação e viram, em Belém, o Menino-Deus (Cf. Mateus 2,1-12).

Muitos seguem lideranças que só conduzem ao passa tempo da vida, sem resultado para a sua realização. É preciso sabermos do valor ou da qualidade da estrela a seguir e aonde ela nos leva. O ideal de vida buscado no efêmero não realiza ninguém. A felicidade não acontece só na busca de prazeres. Esses são muito transitórios. Precisam ser repetidos para a pessoa encontrar satisfações por pedaços de tempo. Eles são oportunos quando dosados com seus conteúdos que levem a um objetivo maior de vida. Podemos até nos privar de determinados prazeres para obtermos o maior deles, que é um ideal elevado de vida alcançado. Só a matéria, a sensibilidade, o uso dos sentidos e da projeção pessoal conquistados como finalidade não saciam nossa sede de infinito.

Com a revelação de Deus, através do seu Filho nascido entre nós, percebemos que não estamos sozinhos para construir nossa história, com a certeza da consecução de seu objetivo maior. A construção do tempo presente, com o uso dos dons recebidos por Deus para o serviço ao semelhante, usando a justiça, a ética, a moral, a solidariedade e a oblatividade, tem êxito. Encontramos  a razão de ser de nossa caminhada existencial. O futuro eterno depende do tempo presente. Construir o mundo novo com os critérios do Filho de Deus, que nos revela o projeto do Pai, enche-nos de entusiasmo, seguindo os passos da criança humano-divina, nascida em Belém e encontrada pelos sábios do Oriente.

Mais:  como esses  Reis,  tornamo-nos adoradores de Deus presente em nossa história, superamos a idolatria dos falsos deuses, que são engodos passageiros,  anunciamos aos outros o valor de seguir o verdadeiro Deus e praticamos seus ensinamentos. Tornamo-nos explicadores aos demais do caminho para encontrá-Lo e percebermos que a vida tem jeito e sentido, pois, Deus caminha conosco e nos dá o direcionamento da vida realizadora.

Já fora anunciado antes da vinda de Jesus: “Os povos caminham à tua luz e os reis, ao clarão de tua aurora” (Isaías 60,3).
CNBB, 02-01-2014.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo metropolitano de Montes Claros.

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