Caminho da perfeição

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Por João Batista Nunes Coelho

A perfeição deve ser a meta de todo filho de Deus. "Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48). Como chegar a ela? Jesus mostra o caminho.


Renúncia.  A renúncia faz parte da caminhada. Brota do desejo de viver segundo a graça divina recebida no batismo. Essa graça é fonte de salvação para todos os homens (Tt 1,11). Salvação que foi trazida por Jesus, que veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade (Tt 1,12). Virtudes que nos desafiam.

Olho por olho. É a regra ensinada pelo mundo. "Olho por olho, dente por dente" (Mt 5,38). Norma antiga, anterior à existência do povo de Israel. Era uma lei de natureza social e não individual. Tinha por objetivo limitar os excessos de vingança de uma tribo contra outra. Israel também aderiu a esse preceito, mas o abrandou bastante com a exigência do perdão. "Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!" (Lv 19,18).

O próximo. Para Israel, somente é possível amar a Deus se há amor ao próximo. "Tendes ouvido o que foi dito: ´Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo´"  (Mt 5,43). Mas Jesus amplia as fronteiras. Por motivo algum é lícito odiar o outro, filho do mesmo Pai celeste e alvo do mesmo amor paterno. "Deste modo sereis, os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos" (Mt 5,45). Que pensam disso, comumente, as pessoas? Julgam ser loucura retribuir o ódio com o amor, o mal com o bem, as ofensas com o perdão. Mas, Paulo ensina que os cristãos não devem se preocupar quando o mundo os julga loucos, afinal “a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1Cor 3,19).

Amar o inimigo. "Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo" (Mt 5,43). Essa orientação teve origem em grupo judeu contemporâneo de Jesus. Em um livro, intitulado Regra da Comunidade, encontrado no século passado nas grutas próximas ao mar Morto,  os judeus pertencentes ao grupo dos essênios dão essa orientação de ódio aos inimigos: "Ame o que Deus escolheu e odeie o que Deus rejeitou". Jesus  esclarece: "Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem" (Mt 5,44). Os valores da retribuição do mal com o bem contrasta no tempo de Jesus e em nossos dias. É que  "a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois diz a Escritura ´ele apanhará os sábios na sua própria astúcia´" (1Cor 3,19).

Pagãos.  O amor a Deus se reflete no amor ao próximo. “Não odiarás o teu irmão no teu coração. Repreenderás o teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa" (Lv 19,17). Somente por gestos concretos de interação acolhedora do próximo, as divisões são superadas, a violência extinta, a fraternidade instaurada. "Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?" (Mt 5,47). E, com isso, a santidade de Deus será comunicada a todos os povos.

Templos. A santidade de Deus, Pai de todos, é que não deve ser esquecida pelos filhos:  "O Senhor disse a Moisés: Dirás a toda a assembleia de Israel o seguinte: ´sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo´" (Lv 19,1). Para alcançar este objetivo, contamos com Deus que caminha conosco, convive conosco, vive dentro de nós. Irmãos, "não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? 17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós” (1Cor 3,16-17).

O caminho da perfeição foi traçado por Jesus; percorrê-lo é decisão que depende de cada um de nós.
*Reflexões sobre as leituras bíblicas do 6º domingo do tempo comum.
19/02/2014  |  domtotal.com

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