MEDITAÇÃO: o Senhor vem erguer e sustentar a esperança vacilante

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Das Homilias, de São Gregório de Nissa, bispo
(Orat. 6 De beatitudinibus: PG 44, 1263-1266)            (Séc.IV)

Deus é um rochedo inacessível
            O que costuma acontecer a quem do alto de um monte olha para o vasto mar lá embaixo, isto mesmo se dá com o meu espírito em relação à altíssima palavra do Senhor: dessa altura olho para a inexplicável profundidade de seu sentido.
            A mesma vertigem que se pode sentir em alguns lugares da costa, quando se olha desde uma grande elevação a cavaleiro das ondas para o mar profundo, do alto saliente de um penhasco que, do lado do mar, parece cortado pelo meio do vértice até a base mergulhada nas profundezas, sobrevém a meu espírito suspenso à grande palavra proferida pelo Senhor: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Deus se oferece à visão daqueles que têm o coração purificado. Deus, ninguém jamais o viu, diz o grande João. Confirma esta asserção, Paulo, aquele espírito sublime: A quem homem algum vê nem pode ver. Eis aqui o penhasco, escorregadio, despenhadeiro sem fundo, talhado a pique, que não oferece em si nenhum ponto de apoio para a inteligência da criatura! O próprio Moisés sentiu-se esmagado pela palavra: Não há, diz ele, quem veja a Deus e continue a viver. Ele sentenciou que este penhasco é inacessível, porque nunca nossa mente pode lá chegar, por mais que se esforce por alcançá-lo, erguendo-se até ele.
            Ora, ver a Deus é gozar a vida eterna. No entanto, que Deus não possa ser visto, as colunas da fé, João, Paulo e Moisés, o afirmam. Percebes a vertigem que arrasta logo o espírito para as profundezas do conteúdo desta questão? De fato, se Deus é a vida, quem não vê a Deus não vê a vida. Mas que não se possa ver a Deus, tanto os profetas quanto os apóstolos, levados pelo Espírito divino, o atestam. Em que angústias, portanto, se debate a esperança dos homens?
            Contudo, o Senhor vem erguer e sustentar a esperança vacilante, assim como fez a Pedro, a ponto de afundar, firmando-o na água tornada resistente ao caminhar, para que ele não se afogasse.
            Portanto, se a mão do Verbo se estender para nós, que vacilamos no abismo de nossas especulações, colocando-nos em outra perspectiva, perderemos o medo e, já seguros, abraçaremos o Verbo que nos conduz como que pela mão, dizendo: Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus.

Responsório Jo 1,18; Sl 144(145),3

R. Ninguém jamais viu a Deus,
* Mas o Filho Unigênito que está junto do Pai,
este o deu a conhecer.
V. Grande é o Senhor e muito digno de louvores,
e ninguém pode medir sua grandeza. * Mas o Filho.

Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Conclusão da Hora

V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.

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