Das 54 nascentes no
noroeste de SP, 29 estão secas.
Segundo dados, 34 têm menos da metade de água que tinham há dez anos.
02/11/2014 13h00 - Atualizado em 02/11/2014 15h50
A estiagem está mostrando um de seus lados mais trágicos: nascentes de vários rios importantes da região noroeste paulista desapareceram e várias outras estão secando. Pesquisadores da Unesp da região de São José do Rio Preto (SP) visitaram mais de 50 nascentes e córregos e alertaram para a importância da preservação.
Segundo eles, onde a água nascia em abundância, agora
nem sinal dela. Em 2003, os pesquisadores recolheram amostras de dezenas de
córregos e nascentes do interior de São Paulo. Agora, eles voltaram a esses
locais e constaram que a situação piorou muito. “Em uma década de diferença,
conseguimos quantificar que 81% desses riachos anteriormente mostrados,
perderam qualidade aquática de maneira geral e perderam volume de água”,
explica a pesquisadora Lilian Casatti.
Das 54 nascentes documentadas na pesquisa, 34 têm menos
da metade de água que tinham há dez anos. O estudo também aponta que 29 fontes
de água estão secas. É o caso da nascente do
rio São José dos Dourados, um dos mais importantes rios da região noroeste de
São Paulo. Até pouco tempo atrás, a área toda era coberta de
água, mas a nascente simplesmente desapareceu e deu lugar a um caminho tomado
pelo lixo.
Na nascente do rio Preto, quase não dá para ver a água
atualmente. No lugar cresceu uma vegetação típica de terrenos assoreados.
“Nesses dez anos, a gente teve um grande assoreamento, que é a descida de terra
das partes mais altas para as mais baixas, provocando a redução do volume de
água nas minas”, explica a pesquisadora Jaqueline Zeni.
Segundo os especialistas, o que faltou na maior parte
das minas que secaram são as chamadas matas ciliares. A pesquisadora explica
que elas funcionam como os cílios, que protegem os olhos da poeira. No caso dos
córregos, elas impedem que terra, areia e outros sedimentos acabem bloqueando a
saída da água nas nascentes.
“Manter a vegetação do lado desses riachos, reflorestar
esses riachos é o primeiro passo para a gente tentar inverter essa situação,
que é preocupante. A gente tem que começar a plantar árvores do lado desses
riachos para poder colher água senão vamos enfrentar mais situações extremas
como já estamos vendo”, finaliza Jaqueline.
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