A busca pela verdadeira inteligência

quarta-feira, 15 de abril de 2015

                        É preciso trabalhar com a inteligência para analisarmos bem o que fazer para melhor convivermos de modo humano.
Por Dom José Alberto Moura*
Após a ressurreição de Jesus e a vinda do Espírito Santo, Pedro exerceu sua missão de orientação do povo, para que saísse da ignorância. Esta faz muito mal à pessoa que a retém e a toda a comunidade: “Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou... sei que agistes por ignorância... convertei-vos” (Atos 3,15.17.19).
Por ignorância, tantos cometem erros. Escolhem erradamente o caminho a seguir. Elegem pessoas sem competência ou de mau caráter para exercer funções de liderança, de modo especial na política, que fazem muito mal à sociedade. Acontecem corrupções, lesão do patrimônio público, usurpação do que seria de benefício do povo para fins particulares...
Com a educação para o discernimento, a busca de valores e as boas escolhas na vida são importantes. Para isso, é preciso não só haver educação de qualidade nas escolas, mas, acima de tudo, a boa formação da família, a primeira a dar base de formação do caráter para a promoção da cidadania. A família é vilipendiada pela  propaganda do hedonismo e consumismo. Boa parte da mídia é usada para a promoção de futilidades, que não contribuem para a sustentação de valores que ajudem a formação da consciência ética e de respeito à vida, à dignidade humana e  familiar. A formação para a alteridade deveria fazer parte de todo o currículo familiar, escolar e social. Os problemas sociais, relacionados à justiça, à inclusão social e ao bem comum têm solução com a formação para o serviço ao outro, em que cada dum dê de si pela promoção da cidadania para todos.
Um ponto de muita ignorância é o que leva muitos a manifestarem a própria religiosidade sem um melhor conhecimento da Palavra de Deus. S. Jerônimo, grande especialista no conhecimento bíblico, dizia que “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo!”. De fato, o conhecimento do que Deus nos revelou, através de seu Filho Jesus, nos dá base para encaminhar a vida pela prática do amor, da solidariedade, justiça e paz. A colocação em prática do que o Filho de Deus nos propõe é um benefício imenso, que nos ajuda a superar a ignorância e agir de modo inteligente, racional e realizador.
Temos tudo para acertar nossa caminhada existencial com valores que nos dão base a uma vida terrena com benefício de realização e felicidade para todos. Ajudar a fazer o caminho bom para os outros tem efeito prazeroso para nós mesmos. Para tanto, o próprio Jesus nos ensina a fazer o bem aos outros, como desejamos que eles o façam também a nós! É preciso, porém, trabalhar com a inteligência para analisarmos bem o que fazer para melhor convivermos de modo humano. O discernimento é um poderoso instrumento para distinguirmos entre o bem e o mal. Com ele perceberemos que o bem conforme os instintos é diferente do bem conforme o Criador. Por isso, saberemos orientar os instintos para que não mudem a  direção do bem com horizonte mais amplo, que nos leva a fazer opções para a construção da realização duradoura, com a busca de ideal elevado. Vale muito mais a grande moral de quem exerce sua missão para a construção de uma sociedade justa do que a busca de benesses materiais, buscados, muitas vezes, com o uso de desonestidade e lesão ao bem do semelhante!
Após a ressurreição “Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras” (Lucas 24,45). Abrindo também a nossa inteligência seremos capazes de realizar o que ansiamos na busca da verdadeira felicidade!
CNBB, 14-04-2015.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

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