Acreditar por experiência própria

terça-feira, 21 de abril de 2015

Crer no Ressuscitado pode demorar anos. O importante é a nossa atitude interior.

Por José Antonio Pagola*
Não é fácil acreditar em Jesus ressuscitado. Em última instância é algo que só pode ser captado e compreendido desde a fé que o mesmo Jesus desperta em nós. Se não experimentamos nunca “por dentro” a paz e a alegria que Jesus infunde, é difícil que encontremos “por fora” provas da Sua ressurreição.
Algo assim nos diz Lucas ao descrever o encontro de Jesus ressuscitado com o grupo de discípulos. Entre eles há de tudo. Dois discípulos contam como O reconheceram ao jantar com Ele em Emaús. Pedro diz que lhe apareceu. A maioria ainda não teve nenhuma experiência. Não sabem o que pensar.
Então ”Jesus apresenta-se no meio deles e diz-lhes: ‘Paz convosco´’”. O primeiro para despertar a nossa fé em Jesus ressuscitado é poder intuir, também hoje, a Sua presença no meio de nós, e fazer circular nos nossos grupos, comunidades e paróquias a paz, a alegria e a segurança que dá o fato de sabê-Lo vivo, acompanhando-nos de perto nestes tempos nada fáceis para a fé.
O relato de Lucas é muito realista. A presença de Jesus não transforma de forma mágica os discípulos. Alguns se assustam e ”acreditam que estão vendo um fantasma”. No interior de outros “surgem dúvidas” de todo o tipo. Há quem ”não acredite, tal a alegria”. Outros continuam ”atônitos”.
Assim sucede também hoje. A fé em Cristo ressuscitado não nasce de forma automática e segura em nós. Vai-se despertando no nosso coração de forma frágil e humilde. Ao início, é quase só um desejo.
Habitualmente, cresce rodeada de dúvidas e interrogações: Será possível que seja verdade algo tão grande?
Segundo o relato, Jesus fica, come entre eles, e dedica-se a ”abrir-lhes o entendimento” para que possam compreender o que sucedeu. Quer que se convertam em ”testemunhas”, que podem falar desde a sua experiência, e predicar não de qualquer maneira, mas ”em Seu nome”.
Acreditar no Ressuscitado não é uma questão de um dia. É um processo que, às vezes, pode durar anos. O importante é a nossa atitude interior. Confiar sempre em Jesus. Disponibilizar-Lhe muito mais espaço em cada um de nós e nas nossas comunidades cristãs.
Instituto Humanitas Unisinos, 17-04-2015.

*José Antonio Pagola é teólogo. O texto é baseado na leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 24, 35-48 que corresponde ao Terceiro Domingo da Páscao, Ciclo B, do Ano Litúrgico.
19/04/2015  |  domtotal.com

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