A comunicação a serviço da verdade

sexta-feira, 22 de maio de 2015


                                           A comunicação deve estar a serviço da verdade.
Por Dom Murilo S. R. Krieger*
A Igreja escolheu o dia da Ascensão do Senhor – solenidade que neste 2015 se celebrou no último domingo (17)–, como o Dia Mundial das Comunicações. Essa escolha se deve à ordem que Jesus deu enquanto partia: "Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos (...), ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei" (Mt 28,19-20).
"Ide... ensinando-os". Nós, discípulos de Jesus, recebemos, pois, uma ordem que exige espírito de iniciativa, criatividade, dedicação ("Ide"); somos portadores de uma mensagem (o Evangelho) que deve chegar a todas as pessoas, em qualquer lugar ou situação. Temos consciência de que o principal instrumento de evangelização é o amor; que a conversão das pessoas é obra do Espírito Santo. Mas sabemos, também, que os jornais, as emissoras de rádio, os canais de televisão, as redes sociais etc. são meios modernos que podem e devem ser usados para comunicar a Boa Nova que Jesus Cristo nos deixou.
Os meios de comunicação são capazes de transformar  nosso mundo numa  pequena aldeia, num bairro, numa pequena cidade. Rostos de argentinos e russos, de norte-americanos e chineses entram diariamente em nossa casa pela televisão. Vozes de políticos e de cantores fazem parte de nosso dia a dia, graças às emissoras de rádio. O pensamento de um jornalista ou  as ideias de um comentarista de futebol podem ser lidos por nós num dos tantos jornais que  temos à nossa disposição.
Para este 49º Dia Mundial das Comunicações, o papa Francisco escreveu uma Mensagem que tem como tema a Família. Sua intenção é ressaltar que é na família que aprendemos a nos comunicar e a conviver na diferença; é nela que aprendemos a forma fundamental de comunicação, que é a oração.
Os meios de comunicação tanto podem ajudar como dificultar a comunhão entre as pessoas. Favorecem, se colaboram para a construção de pontes entre elas; dificultam, se ocupam tanto tempo na vida de uma pessoa que a leva a se fechar em si mesma. (Se ao ler isso você se lembrou logo do que se vê por toda a parte – crianças, jovens e adultos teclando continuamente, indiferentes ao que acontece ao seu redor –, entendeu o que quero expressar...)
Os meios de comunicação enquanto tal são neutros, isto é, não têm partido político, religião ou preferência por um determinado clube. Mas, por trás deles,  encontram-se pessoas com sua visão de mundo, seus interesses e suas propostas. Sonhar com uma comunicação cem por cento objetiva é pensar num mundo irreal. Comunicar é escolher; é dar prioridade a determinados assuntos, em detrimento de outros; é destacar valores. Reconheço, por exemplo, que quando uso os meios de comunicação sou conduzido por algumas convicções:
1ª - A comunicação nasceu no coração de Deus. Ele nos criou para nos comunicar seu amor. Enviou–nos o seu Filho como sua Palavra, como "a" Palavra, para nos revelar o que espera de nós, seus filhos e filhas.
2ª - A comunicação deve estar a serviço da verdade. Só ela nos torna livres. A mentira pode ser apresentada sob formas tão belas que acaba sendo confundida com a própria verdade, o que torna mais grave a responsabilidade dos que usam os meios de comunicação.
3ª - A paz é o grande sonho da humanidade. Quantas pessoas vivem, lutam e morrem pela paz! Nesse campo, os comunicadores têm uma importante missão a desempenhar. Podem não só educar as pessoas, para valorizarem causas nobres, como chamar a atenção da sociedade para injustiças e arbitrariedades. Quantas campanhas em benefício dos mais necessitados alcançaram seus objetivos, graças ao bom uso dos meios de comunicação!
Neste seu dia, comunicadores, meu apelo: estejam a serviço da verdade, valorizem a família e sejam construtores da paz!
CNBB, 20-05-2015.
*Dom Murilo S. R. Krieger é arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil.

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