Acima de tudo, filhos de Deus

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Por Dom José Alberto Moura*
Hoje é muito comum o teste do DNA para se comprovar a filiação e a paternidade ou maternidade de alguém. Tantos litígios acontecem até se provar essa realidade.
Por outro lado, a filiação humana em relação a Deus poderia ser comprovada ou desqualificada? Geneticamente falando, o ser humano é produto do DNA humano. Como falar que o ser humano é filho de Deus? Sabe-se, pela revelação bíblica, que Deus só tem um filho, que é Jesus Cristo. Ele veio até nós assumindo nossa natureza humana, através de Maria, mesmo tendo também a natureza divina, comprovada por sua ressurreição. Vamos assim dizer que tem dois DNAs: o divino e o humano. Nós só temos o humano.
A adoção de uma pessoa por outras dá-lhe o direito de filiação. Isso Jesus fez para nós. Adotou-nos. De ora em diante podemos chamar o Pai dele, Deus, de nosso Pai. Mas o Pai nos receberá em seus amplexos na eternidade, se nos parecermos com o Filho, que tem a natureza dele. Para isso acontecer, é preciso imitarmos o próprio Jesus. É uma tarefa desafiadora. Pensar e agir à semelhança dele, tratar o semelhante com justiça, incluir na comunidade de amor os que são deixados de lado e discriminados, tratar a família na perspectiva da vocação matrimonial, com respeito à dignidade do casamento, promover os caídos, fazer a política como verdadeiro serviço ao bem comum, dar de si totalmente para dar vida a todos...
Jesus nos ensina a superar os ídolos, como na época de Moisés: “”Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e que não há outro além dele” (Deuteronômio 4,39). Hoje os ídolos são muito fortes: o dinheiro e as coisas materiais fazem muitos, que até se dizem cristãos, a se corromperem, sendo desonestos, comprando votos, aceitando propinas e cargos para votarem com os que lideram a política; os prazeres, buscados desenfreadamente e sem o sentido ético e moral, fazem muitos viverem a vida animalesca e sem respeito à dignidade da vida, do sexo, da família e da pessoa humana; a ambição e o orgulho pessoal fazem muitos se enaltecerem, passando por cima da altivez de caráter e do bem do semelhante. Os ídolos, colocados no lugar de Deus, fazem muitos se tornarem escravos dos próprios instintos e apagarem o ideal da vida de sentido apresentado pelo Criador.
Ser filho adotivo de Deus, por outro lado, tem levado inúmeras pessoas a terem o tutano ou a base sólida da personalidade para assumirem a vida como resposta de amor ao amor de Deus, procurando dar de si pelo bem da família, dos valores humanos e cristãos, mesmo não sendo compreendidas e até sendo criticadas por não aceitarem a visão pagã e hedonista da vida. No seguimento a Jesus Cristo, tornam-se pessoas do bem e vivem a felicidade de testemunhar que vale muito mais a grandeza de contribuir com a promoção do bem comum do que buscar vantagens fora do lícito ética e moralmente falando.
Paulo Lembra: “”De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá, ó Pai!” (Romanos, 8,15). Quem, de fato, se comporta como filho, tendo o exemplo do Filho de Deus, nada tem a temer, a não ser o temor de não se comportar com agrado a Deus. Isso nos leva a diuturnamente nos policiarmos para que nosso DNA se assemelhe ao do Filho de Deus!
CNBB, 27-05-2015.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

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