Uma Igreja de braços abertos

domingo, 3 de maio de 2015

É preciso levar as pessoas a amar a Igreja, ajudando-a em sua grande missão.
Por Dom José Alberto Moura*
Em todas as instituições humanas há direitos e deveres, bem como exigências a serem cumpridas e usufruto de benesses. Quanto mais se ama a instituição mais se veste a camisa da mesma e se ajuda a consecução de sua missão. Quando o interesse for de apenas tirar vantagens da mesma, o sentido de pertença fica prejudicado, bem como a própria agremiação não é ajudada de modo abrangente.
Jesus faz a comparação da videira, cujos ramos dão frutos se estiverem bem ligados ao tronco. Caso contrário, seca e não produz nada de resultado positivo (Cf. João 15,1-8). Ele quis instituir não simplesmente uma religião a mais, conforme a praxe humana. Planejou uma grande família em que todos vivessem ligados a Ele e uns aos outros, em verdadeira fraternidade. Ele sabia que a participação em sua família seria realizada de modo diferenciado, conforme o ser, a história e a realidade de cada um. Mas todos devem estar dispostos a fazer e dar tudo de si pelo bem da mesma. Ele promete, então, sua ajuda. Dá a própria vida. A nossa, porém, depende de nós mesmos. Ele não faz em nosso lugar o que nos compete, porque nos valoriza, respeita nossa liberdade e recompensa nosso esforço. Ao pequeno sinal de nossa boa vontade Ele se achega e nos ajuda. É preciso que confiemos nele. Antes, Ele mesmo nos estimula com sua ajuda para correspondermos a seu amor.
Ninguém é dono da grande família de Jesus, a Igreja. Ela tem seus valores, orientações, exigências e suporte ou ajuda para todos. Possui variedade de funções e serviços ou ministérios. É preciso haver docilidade a seus ensinamentos e dons. Querer usá-la sem compromisso de ajudá-la a realizar sua missão é o mesmo que querer ganhar um jogo sem ajudar o time. Neste não há torcedores. Só quem entra em campo e ajuda o time ganha o jogo. Não vale querer isto ou aquilo da Igreja sem ajudá-la a superar seus limites e colaborar com sua missão de implantar o Reino de Deus, onde haja justiça, solidariedade, colaboração, promoção da ética e do bem comum, além da Liturgia e das práticas religiosas.
Trata-se de se carregar a bateria espiritual para a missão acontecer, numa verdadeira ligação entre fé proclamada e vida desenvolvida com os valores do Evangelho. Isto deve  dar-se na família, na comunidade eclesial e na sociedade. Vai haver, então, a promoção da vida, da dignidade humana, da boa política e do uso da ciência, da cultura, da economia e da técnica para a promoção da cidadania para todos. A Igreja de Jesus é encarnada na história para transformá-la com a luz de Cristo. Muitos querem uma Igreja de Liturgia voltada para dentro de si e ponto final. A Igreja é para servir e ser luz para o mundo, como quer o Divino Mestre.
Há quem estranhe pessoas que viviam de modo contrário ao Evangelho e agora estão a seu favor. A santidade não é não ter defeitos. Mesmo tendo-os a pessoa se converte e faz todo esforço para superá-los. Assim aconteceu com a vida de muitos, que até foram canonizados como santos. Os exemplos são muitos. O de Paulo é protótipo. Logo após sua conversão a comunidade tinha medo dele, pois, perseguia os cristãos. De repente ele se apresentou como apóstolo e ensinava o caminho de Jesus (Cf. Atos 9,26-31).
A missão de quem participa da Igreja de Jesus é a de anunciá-lo a todos, para que haja conversão e vida nova. Esta é demonstrada no modo de viver segundo o Evangelho. Leva a pessoa a amar a Igreja, ajudá-la na missão e fazer com que ela possa ser instrumento de promoção de vida plena para todos. A manifestação de pertença a ele se mostra em quem segue seus ditames e sua grande missão!
CNBB, 29-04-2015.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

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