Por Dom Paulo Mendes Peixoto*
No exercício cotidiano da vida dos cristãos existe uma marca,
que é fundamental e identifica o caminho percorrido, e aqui chamo de fio
condutor, que é Jesus Cristo. O importante é fazer como Jesus fez, tendo como
fundo principal a construção de um projeto de vida, de dignidade e de esperança.
Esse “fio” é o bem comum, aberto a todas as pessoas e acima de qualquer
discriminação.
Sendo Jesus o fio condutor, Ele enxergou a carência do povo de
seu tempo e entendeu que estava como ovelha sem pastor. Faltavam guias que lhe
dessem segurança e confiança no futuro. Foi o motivo da escolha e do envio dos
discípulos. Eles tiveram com objetivo orientar as pessoas no caminho do bem. Os
apóstolos e discípulos foram importantes lideranças para conduzir os destinos
das comunidades.
O profeta Jeremias critica a atitude dos maus pastores que, em
vez de cuidar das ovelhas, deixavam-nas perecer. Esses maus pastores não
deixavam as ovelhas desfrutar da segurança, da justiça e da paz. Mas muitos
fatos como esse se repetem na história do nosso país, confirmando a prática das
injustas, e eminentemente exploradoras, tornando-se caminho de exclusão.
É importante dar-se conta de que Deus age e condena a má conduta
dos pastores iníquos. A cultura brasileira tem marcas profundas de pastores
despreocupados com os objetivos de sua missão. Na figura dos pastores de
Israel, temos hoje líderes religiosos, políticos e lideranças diversas que têm
a mesma conduta.
“O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 23,1). O pastor é
aquele que proporciona estabilidade, segurança e serenidade para as ovelhas. É
a missão de todos que têm autoridade, de fazer a sociedade e o mundo serem
melhores. Não realizando isso, estão ocupando um espaço injustamente e de forma
desonesta.
O profeta Jeremias tem uma palavra adequada para os pastores que
não agem como “fio condutor”: “Ai de vós, pastores, que dispersam e destroem as
ovelhas” (Jer 23,1). Ai dos dirigentes que enganam o povo, administram em
proveito próprio e não levam em conta a justiça social.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de
Uberaba.
0 comentários:
Postar um comentário