O “não” dos Valdenses ao Papa agrada aos inimigos do ecumenismo

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Por Giacomo Galeazzi
“A resposta fria dos Valdenses agradou aos inimigos do ecumenismo”, observa o bispo canonista Domenico Mogavero, desde sempre na primeira linha no diálogo com as outras confissões religiosas. “A frieza revela uma dificuldade de comunicação – acrescenta. Não basta abrir uma porta para fazer entrar quem resiste. O falcões de cada igreja se fecham no orgulho temendo a pacificação na única fé”.
Medo da mudança
Às hierarquias vaticanas mais conservadoras não desagrada a freada nas relações entre “irmãos separados”. As aberturas de Francisco, observa o teólogo Gianni Gennari, “causa mal-estar em todos aqueles para os quais o ecumenismo permanece uma palavra proibida, como acontecia com o cardeal Bea insultado e caluniado durante o Concílio por ter estendido a mão aos protestntes”.
São resíduos de quando “quem entrava num templo valdense pensava de ser excomungado e de ter cometido pecado mortal”.
Na realidade, evidencia Gennari, “Francisco tem a humildade e a coragem de reconhecer as responsabilidades dos seus predecessores perseguidores: não é ele o carrasco assim como os valdenses de hoje não são as vítimas”.
Bergoglio segue os passos de João XXIII que “primeiro autorizou, em Veneza, e depois chamou a Roma o Secretariado de ação ecumênica, que acompanhou (antes e depois do Concílio) a mudança da Igreja católica pela unidade que Francisco continua com nova paixão”.
Marinella Perroni presidiu a coordenação das teólogas italianas e é professora de Novo Testamento no Pontifício Ateneu Santo Anselmo. “A afirmação de autossuficiência religiosa causou  uma queda vertiginosa no interesse pela unidade das igrejas”, explica. “Nós, católicos, não podemos pretender que os valdenses sustentem os lances proféticos de Francisco: é sobre o ecumenismo que seremos julgados”.
Concessão de soberania
O “não” valdense  acontece, a dois meses do Sínodo dos bispos,  alimentando os que resistem ao Papa reformador , “de todos que, dentro da Igreja, têm horror do Concílio, porque o reputam, não como abertura de crédito para com a unidade, mas uma concessão de soberania eclesial frente a um processo de protestantizaçaõ”. E “somos nós católicos que devemos sustentar a linha ecumênica de Francisco”, sem pretender o mesmo das outras igrejas.
“Os gestos sempre são ambíguos, os símbolos são polivalentes: sobre tudo se deve discutir para dar um passo avante”, precisa Perroni. “A divisão das igrejas construiu  uma realidade tentacular . Servem uma reflexão bíblico-teológica comum, uma partilha litúrgico-sacramental e um acordo jurisdicional”. Metas difíceis.
Diplomacia da paciência
O arcebispo Michele Pennisi reforça “o gesto histórico da primeira visita de um Papa a um templo valdense com o mea culpa pelas perseguições. Ele precisa que o diálogo “é uma oferta gratuita”. E as respostas positivas chegarão: devemos deixar aos valdenses o tempo de amadurecer uma compreensão”. Nas dioceses “seguiremos o exemplo de Francisco e colaboramos com as outras confissões: o ecumenismo deve ser mais praticado do que teorizado”. Uma “paciente interação cotidiana” é capaz de superar as incompreensões do passado”
Vatican Insider, 26-08-2015.
27/08/2015  |  domtotal.com

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