Por Natalia Zimbrão REDAÇÃO CENTRAL, 31 Out. 15 / 07:00 am (ACI).- A realidade dos cristãos perseguidos no Oriente Médio esteve mais próxima dos brasileiros que tiveram a oportunidade de ouvir o testemunho de Padre Douglas Bazi, o qual esteve em visita ao Rio de Janeiro e São Paulo entre os dias 23 e 26. O sacerdote iraquiano veio ao Brasil a convite da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Segundo o Diretor da AIS-Brasil, Valter Callegari, “a vinda do Padre Douglas para o Brasil teve o propósito de chamar atenção para o drama vivido pelos cristãos no Oriente Médio, onde a perseguição religiosa provoca um verdadeiro genocídio”.
Padre Douglas Bazi foi vítima do Estado Islâmico (ISIS). Ele foi sequestrado, torturado e atualmente cuida de mais de 100 famílias no campo de refugiados em Erbil, no norte do Iraque.
Em entrevista à ACI Digital, Callegari declarou que “o testemunho de quem já foi sequestrado e torturado, sofreu atentados e hoje cuida de um campo de refugiados no norte do Iraque traz à tona uma realidade distante da dos brasileiros e é ao mesmo tempo um convite para uma ação concreta”.
“O Brasil possui inúmeras dificuldades, mas não sabe o que é ser perseguido por causa da sua fé. Por isso, o testemunho que o Pe. Douglas deu em sua passagem pelo Brasil aproxima o brasileiro de um assunto distante dele, mas que cresce em grande escala pelo mundo”, disse ao observa que “nunca houve tantos refugiados no mundo como se tem hoje, e em muitos casos, isso vem ocorrendo por causa da fé expressada”.
Em sua passagem pelo Brasil, o sacerdote iraquiano participou de oração e testemunho na Igreja de São José da Lagoa, no Rio de Janeiro, e presidiu a Santa Missa dominical no Cristo Redentor.
Fazendo referência às palavras do próprio Pe. Bazi, o Diretor da AIS-Brasil recorda que sacerdote deixou o seguinte recado: “Eu estou aqui para falar sobre o que está acontecendo com meu povo, eu estou aqui representando meu povo para dizer que o apoio dos brasileiros, por meio da Ajuda à Igreja que Sofre, não possibilita apenas que os cristãos iraquianos possam ter novamente uma vida normal, mas também de termos a esperança de um futuro para a nosso povo”.
A AIS é uma grande parceira do trabalho de Padre Douglas junto aos refugiados no Iraque. Segundo o Diretor, a Fundação Pontifícia tem ajudado desde o início “com moradia, escolas, alimentação e tudo mais que se faz necessário”
“Por isso – explicou –, a presença de um padre iraquiano, tão distante da nossa realidade, representa por si só uma importante realização para o trabalho que a AIS desenvolve, que tem como objetivo final arrecadar, informar, divulgar e promover as ações da Fundação no Brasil e no mundo”.
Durante os dias em que esteve no Brasil, ao partilhar sua experiência, Padre Douglas Bazi recordou fatos marcantes do período em que esteve sequestrado.
Para Callegari, “a descrição dos nove dias em que esteve sequestrado foi muito marcante, quando ficou sem beber água por cinco dias, teve o nariz quebrado por uma joelhada, quebraram os dentes a martelada e o corpo queimado por bitucas de cigarro expressaram a dor física, mas o comovente foi a força espiritual que ele transmitiu ao passar por isso, rezando o rosário com os elos da corrente de sua algema, e das conversas que tinha com os sequestradores”.
“Ele contou que os sequestradores se dividiam em grupos e em turnos para vigiá-lo. O grupo de dia era mais agressivo, mas com o passar dos dias ficou mais próximo do Padre chegando até a pedir conselhos de vida, de como resolver situação de brigas com as esposas”, relata.
Segundo Callegari, Pe. Bazi contou ainda que “os sequestradores que ficavam de noite possuíam um outro nível intelectual, com conversas voltadas aos objetivos da sua captura”. Mesmo assim, “o Padre ensinou o seguinte a eles: ‘vocês me chamam de inimigo, mas não fui eu que capturei vocês. Na verdade, o inimigo são vocês, afinal vocês me capturaram. Eu não tenho qualquer problema com vocês, mas vocês me acham um problema’”.
Diante desses relatos que foram ouvidos por alguns brasileiros, Valter Callegari declara que as palavras de Pe. Douglas Bazi expressam o que foi esta oportunidade.
“Nós somos partes de um mesmo corpo, a minha parte agora está sofrendo. O que eu pergunto é o que podemos fazer para parar de uma vez o sofrimento do meu povo. Estou aqui para lhes oferecer três palavras: reze por nós, nos ajude e nos salve. Quando vocês rezam, nós sentimos que não estamos sozinhos; nos ajudando vocês permitem que sobrevivemos; nos salvando, vocês nos dão um futuro. Eu estou pedindo isto para os brasileiros e acredito que eles têm um grande coração. Digo para vocês: ajam e salvem meu povo!”, disse o padre iraquiano em sua visita.
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