Árvores trazem a ideia de segurança, de que algo é inabalável e inatingível.
Deveríamos aprender com as árvores a beleza da vida.
Fabrício Veliq*
Gosto de pensar em árvores. Elas possuem suas
raízes geralmente grandes, seus troncos ora grossos, ora não tão grossos assim
e suas folhas verdes nas estações corretas.
Gosto de pensar que toda árvore serve para alguma coisa. Seja para dar sombra, seja para embelezar paisagens, seja para servir de ninhos aos pássaros.
Gosto de pensar que toda árvore serve para alguma coisa. Seja para dar sombra, seja para embelezar paisagens, seja para servir de ninhos aos pássaros.
Árvores geralmente são admiradas pelas flores ou
frutos que produzem. Sinceramente prefiro observar as flores aos frutos, mas de
toda forma, há sempre alguém admirando uma árvore em algum lugar.
Árvores trazem a ideia de segurança, de que algo
é inabalável e inatingível, de que podemos repousar sobre ela e ela continuará
para sempre a nos proteger do calor do sol, que sempre terá uma beleza para se
ver e um fruto para comer dela.
O que gosto de pensar é que árvores assim, que
trazem todas essas conotações, são as árvores que possuem as raízes profundas.
Raízes que foram se estendendo para além da terra no decorrer do tempo.
Leva-se tempo para que árvores se tornem fortes
e inabaláveis nas diversas tempestades e ventanias que se abate sobre elas e,
não é sem perdas que essas se tornam fortes.
E assim somos nós também.
E assim somos nós também.
Deveríamos aprender com as árvores a beleza da
vida, a consciência de que é com raízes profundas que se alcançam alturas
inimagináveis e que crescimento interior leva tempo e exige a disposição de
penetrar nos solos da alma e sondar-se a cada dia.
Árvores não desejam ser grandes, simplesmente
crescem e se desenvolvem, tanto para baixo, quanto para cima.
Na maioria das vezes não percebemos seu
crescimento para baixo, somente o crescimento para cima. E acho que isso é uma
grande lição para nós.
As pessoas ao nosso redor, dificilmente
perceberão o crescimento de nossas raízes, só perceberão o aparecimento de
nossas flores e frutos. Mas nós devemos saber como nossas raízes tem crescido e
para onde ela tem crescido e isso fará diferença nas flores e frutos que serão
vistos.
Devemos estender nossas raízes para os lugares e
para as pessoas que nos farão crescer e desenvolver a fim de que possamos dar frutos
e flores que alimentem vidas e encante almas ao se aproximarem de nós.
Jesus certa vez comparou o reino de Deus a um
grão de mostarda que mesmo sendo a menor das sementes, ao crescer se torna uma
grande árvore e dá repouso às aves que fazem nela os seus ninhos. Disso podemos
também tirar um grande ensinamento: de que aquilo que, muitas vezes parece
imperceptível e que, muitas vezes, consideramos como insignificante, esconde em
si um potencial de grande transformação e alento para diversas pessoas.
O reino de Deus, que aos olhos de muitos é visto
como mera projeção de um mundo que queremos ou como tentativa de fuga da
realidade que vivemos no dia a dia, na fala de Jesus, se mostra somente como
devir.
No instante que vemos o grão de mostarda,
somente pela fé é que conseguiremos ver a grande árvore que sairá dali. Da
mesma forma, é somente pela fé que vemos, nas pequenas sementes do Reino que já
se mostra, o Reino vindouro de Deus, onde Ele reinará sobre todas as coisas.
Assim, pensar em árvores e pensar no Reino de
Deus nos traz outro grande ensinamento: de que a fé, aliada à esperança, nos
faz, apesar de todas as dificuldades e de todas as mazelas que vemos no mundo,
lutar contra as injustiças e contra o descaso contra os oprimidos, sofrer com
eles em simpatia e empatia por percebermos que não é esse o Reino que há de
vir.
Ao fazermos isso, lutando por justiça, por
igualdade e contra toda opressão, mostramos os diversos grãos de mostarda que,
aos nossos olhos, um dia se transformarão em grande árvore dando alento a todo
aquele que a buscar.
* Fabrício Veliq é
mestre e doutorando em teologia pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte
(FAJE), formado em matemática e graduando em filosofia pela UFMG.Atualmente
ministra cursos de teologia no curso de Teologia para Leigos do Colégio Santo
Antônio, ligado à ordem Franciscana. É protestante e ama falar sobre teologia
em suas diversas conversas por aí.
31/08/2016 | domtotal.com
0 comentários:
Postar um comentário