Nasceu em 1549. Tendo professado na Ordem dos Frades Menores e ordenado sacerdote, desempenhou vários cargos e dedicou-se à pregação com grande fruto. Animado pelo zelo das almas, partiu para América do Sul e nas regiões de Tucuman e do Peru, desenvolveu grande atividade, sobretudo em favor dos indígenas. A muitos ele converteu à fé. Iniciou-os na vida da civilização e os defendeu contra os opressores. Esgotado pelo trabalho e pela penitência, morreu em Lima no ano de 1610.Liturgia da Palavra
"Quão belos são os pés dos que anunciam o bem".
Leitura: Rm 10, 10-18
Salmo : Sl 111, 1-8
R. Feliz o homem que respeita o Senhor.
Aclamação ao Evangelho
"Todo aquele, pois, que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai, que está nos céus. Aleluia." Mt 10,32
Evangelho. Lc 10, 1-9
"A colheita é grande e os trabalhadores são poucos".
Saiba mais sobre este santo franciscano.
São Francisco Solano, cuja festa comemoramos no dia 14, santo genuinamente franciscano a quem obedeciam as feras, as aves e os mais ferozes indígenas; tinha alma de poeta em corpo de asceta, animado por ardente devoção mariana e zelo apostólicoFoi no pequeno povoado de Montilla, perto de Córdoba, na Espanha, que nasceu Francisco Solano, filho de pais católicos exemplares.
De temperamento pacífico e bondoso, atraía a todos por sua modéstia e suavidade. Mas era dotado de uma vontade de ferro e de muita determinação. Sabendo que a virtude não se adquire senão com muito esforço, freqüentava assiduamente os sacramentos, principalmente os da confissão e comunhão, e procurava domar os maus impulsos da carne por meio da oração e rigorosa penitência.Mas isso não impedia que fosse um rapaz alegre e prestativo.
Estudante no colégio dos jesuítas, nas horas vagas cultivava o jardim de seu pai, cantando enquanto trabalhava.Aos 20 anos entrou para o noviciado dos franciscanos de sua cidade, onde aumentou suas penitências. Como diz um seu biógrafo, "quis realizar o tipo perfeito do franciscano, juntando a doçura de São Francisco com a austeridade de São Pedro de Alcântara" . Dormia sobre sarmentos, tendo como travesseiro um pedaço de madeira. Durante o Advento e a Quaresma quase não comia, e tomava disciplina (flagelava-se) até o sangue.
Feita sua profissão religiosa, cursou filosofia e teologia e recebeu as sagradas ordens, dedicando-se ao apostolado da palavra.Em pouco tempo foi nomeado mestre de noviços de um convento, e depois superior de outro, mas pedia dispensa de qualquer cargo para poder dedicar-se inteiramente à pregação. Sua palavra era persuasiva e penetrava profundamente os corações. Em breve passou a ser conhecido como o frade santo.
Quis fugir dessa popularidade e, por humildade, ir pregar em terras de infiéis, em busca do martírio. Não obteve licença de ir para a África, mas de evangelizar o Novo Mundo.
Assim partiu para a América do Sul em 1589.Nas costas do Peru, o navio encalhou num banco de areia durante uma tormenta e ameaçava partir-se. Grande parte da tripulação salvou-se em botes; mas não havia lugar para todos.
Frei Francisco escolheu ficar com os remanescentes, para prepará-los para a possível morte. Animou os pobres colonos espanhóis a bordo e falou-lhes da vida eterna. Ensinou aos escravos que estavam a bordo os rudimentos da Religião, e batizou-os.O navio não suportou o embate das ondas, e no segundo dia partiu-se em dois, levando para o fundo do mar grande parte dos escravos.
Os que tiveram a dita de permanecer na parte do navio presa à areia reuniram-se em torno do missionário, aguardando a futura sorte. Ele os animou e predisse que uma chalupa voltaria para pegá-los. E assim sucedeu no terceiro dia após o desastre.
Apaziguador, harmonizou colonizadores com índios
O grupo de franciscanos do qual fazia parte Francisco Solano chegou a Santiago del Estero em novembro de 1590. Durante 10 anos deveria ele percorrer aquela região levantando igrejas, formando municípios, catequizando, batizando, civilizando. Catequizou o Peru, grande parte da Argentina, da Bolívia e do Paraguai.
Realizou tudo isso andando a pé e descalço através das florestas, desertos, rios, pântanos, matagais cheios de insetos malignos e enervantes. Além disso, o maior trabalho de Francisco era fazer conviver espanhóis e índios como bons cristãos. Dificultavam o relacionamento a escravidão, que estava nos hábitos da época, e os costumes bárbaros dos silvícolas, bem como a cobiça pelo ouro, que por vezes se sobrepunha aos sentimentos cristãos.
Uma coisa singular nesse santo jovial é o papel desempenhado pela música em seu apostolado. Com o violino (alguns autores dizem harpa ou uma espécie de viola), que ele tocava com muita elevação e sentimento, apaziguava os espíritos, inclusive os instintos selvagens dos indígenas. Com ele também cantava louvores à Virgem ou ao Santíssimo Sacramento.Certa vez em que acompanhava o Santíssimo em uma procissão, seu espírito elevou-se, num entusiasmo tão ardente pelo Deus ali presente na Hóstia, que começou a tocar e a dançar. Isso fazia também freqüentemente diante de imagens de Nossa Senhora.
Dom das línguas e dos milagres
Aprendeu milagrosamente em 15 dias o dialeto de uma tribo indígena. Adquiriu também o dom das línguas, falando em castelhano a índios de tribos diferentes, sendo entendido como se estivesse expressando-se no dialeto de cada um.Uma vez, por exemplo, estando em San Miguel del Estero durante as cerimônias da Quinta-Feira Santa, veio uma terrível notícia: milhares de índios de diversas tribos, armados para a guerra, avançavam para atacar a cidade. A balbúrdia foi geral. Só Frei Francisco, calmo, saiu ao encontro dos selvagens. Estes, que o respeitavam, pararam para o ouvir. E cada um o entendeu em sua própria língua. Ficaram tão emocionados, que um número enorme deles pediu o batismo. No dia seguinte, viu-se essa coisa portentosa: ao lado dos espanhóis, esses índios convertidos participavam da procissão da Sexta-feira Santa, flagelando-se por causa de seus pecados.
Em outra ocasião, soube que os índios queriam mudar-se, por falta de água na região. Isso poria fim ao apostolado que o Santo estava fazendo com eles, pois se dispersariam. Francisco chamou-os e lhes disse que não havia motivo para mudar-se, porque ali perto havia uma fonte. Foi com os índios incrédulos até uma área árida, e designando um lugar com o seu bastão, mandou que cavassem. Jorrou uma fonte tão abundante, que com o tempo foi possível, com sua água, tocar simultaneamente dois moinhos.
Em 1559, Francisco Solano foi nomeado custódio de toda a região de Tucumã. Isso o fazia viajar quase sem parar, o que significava também pregar quase incessantemente.Certo dia, estando o Santo numa aldeia, surgiu um touro furioso. Cada um fugiu para seu lado; só Francisco permaneceu calmo à espera do animal. Quando este ia agredi-lo, falou-lhe com voz suave mas firme, repreendendo-o por sua maldade. O touro abaixou a cabeça e lambeu os pés descalços do franciscano. Devido a esse fato, São Francisco Solano foi declarado patrono dos toureiros.
Na "Lima de los Santos"
São Francisco foi nomeado superior do Convento de Lima. Nessa cidade deu-se o fato surpreendente e sem precedentes, de presenciar-se a morte de cinco santos num espaço de 39 anos: São Toríbio de Mongrovejo (1606), São Francisco Solano (1610), Santa Rosa de Lima (1617), São Martim de Porres (1639) e São João Macias (1645). Por isso, a capital peruana é também chamada Lima de los Santos.
Quando pregava na cidade de Trujillo, de repente prorrompeu em amargos soluços. Acabava de prever o terremoto que destruiria a cidade alguns anos mais tarde.Outra vez, em Lima, pregava a reforma de vida, ameaçando com os castigos e vinganças celestes a cidade, por causa dos vícios de seus habitantes. E o fez com tanta força, que isso provocou uma corrida aos confessionários e às igrejas, comovendo toda a cidade. Alguns o denunciaram ao Vice-rei e ao Arcebispo por provocar aquele alvoroço.
Mas o Vice-rei conhecia muito bem seus arrebatamentos e linguagem, e o Arcebispo era um Santo que compreendia muito bem outro Santo.Sua linguagem tornava-se severa quando era preciso, pois o Santo vivia arrebatado com as belezas de Deus. Uma flor, uma bela paisagem, uma palavra que fosse, às vezes eram capazes de levá-lo ao êxtase. Freqüentemente, durante seus sermões, de repente permanecia imóvel e como que arrebatado em Deus.
Certo dia perguntou a um doente como se sentia. À simples resposta — "Já estou bem, graças a Deus" —, entrou numa alegria tal, que pegou dois bastões que havia perto e começou a dançar, numa alegria toda celeste.Passava horas e horas à noite diante do altar, rezando, cantando e tocando. Ele compreendia bem o dito popular de que "cantar é rezar duas vezes". Conhecia uma grande série de hinos litúrgicos e populares, e cantava-os, freqüentemente acompanhado de seu violino.Sua candura e sua bondade atraíam homens e até animais. Os pássaros pousavam familiarmente em seus ombros ou em sua cabeça. Para os índios, era quase um deus, a quem obedeciam os elementos da natureza. Os espanhóis o veneravam como santo.
Santa morte e glorificação póstuma
Sua última doença durou dois meses, durante os quais ele mantinha tocantes colóquios com o Crucificado, com Maria Santíssima e com os Santos. Sua habitual doçura não o abandonava um só momento. Ele aceitava todos os incômodos da febre em lugar da disciplina, que não podia usar. Quem passasse pela enfermaria o ouviria exclamar jubiloso: "Glória a Deus!", e outras piedosas jaculatórias.
No momento da última agonia, os frades cantavam o Credo. Às palavras "Nasceu de Maria Virgem", e quando o sino tocava indicando o momento da Elevação, durante a Missa conventual, ele rendeu sua alma a Deus.Sua morte, ocorrida a 14 de julho de 1610 — festa de São Boaventura, a quem tinha muita devoção — foi um acontecimento público. Multidões faziam fila para poder passar diante de seu caixão. Os índios acorreram para ver mais uma vez o pai bem-amado. Todos queriam uma relíquia sua, e foi preciso cortar em pedacinhos vários hábitos nele tocados — para atender os pedidos. Uma mulher não se contentou em ter uma relíquia indireta, e, num excesso, com os dentes arrancou um dos artelhos do Santo.
O caixão do humilde frade foi levado, durante o cortejo fúnebre, pelo Arcebispo da cidade, sucessor de São Toríbio, e pelo Vice-rei.Os milagres sucederam-se em seu túmulo ou por sua intercessão. Somente para o processo de beatificação foram apresentados mais de 100. E para o de canonização, ocorrida em 1726, mais 30.
Obras consultadas:Fr. Justo Pérez de Urbel, O.S.B., Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo III, p. 184.Les Petits Bollandistes, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo IX, pp. 8 e ss.Enriqueta Vila, Santos de America, coleção Panoramas de la Historia Universal, Ediciones Moreton, S.A., Bilbao, 1968, pp. 93 e ss.
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