SÃO BERNARDO , ABADE, DOUTOR DA IGREJA

sexta-feira, 20 de agosto de 2010


Marcou uma época na história da Igreja e da sua pátria, a França. Nasceu em 1090, perto de Dijon, de família nobre.


Aos dezenove anos perdeu sua piedosa mãe. Bernardo era de formosura singular, inteligente, de modos cativantes.O mundo logo tentou atraí-lo mas seu amor era mais nobre e mais sublime; fez a opção fundamental de sua vida: abandonou o mundo e, em 1111 ingressou na Ordem de Cister, fundada por São Roberto em 1098.

Uma vez que seus irmãos haviam seguido a carreira militar, a mais comum para os varões naquele tempo, seu pai, cavalheiro de nobreza, tentou opor-se
e, dizia:"Monge? E monge, no mosteiro mais pobre e austero?" Mas era exatamente o que mais o atraía à vida religiosa; pobreza e austeridade!


O poder de persuasão de Bernardo, é um dos casos mais impressionantes da história: não somente venceu a oposição da família, mas arrastou consigo muitos deles para a vida religiosa: todos os seus irmãos, primos e amigos, trinta ao todo! Até sua irmã tornou-se religiosa morrendo em odor de santidade e, também seu pai e um tio que trocou a armadura pelo hábito. Era por natureza líder eloquente e empolgante. Exercia tão grande influência sobre o espírito dos seus amigos mais chegados, que as mães procuravam afastar dele os filhos e, as esposas seus maridos, para não se sentirem atraídos e o seguirem.


São Bernardo pode ser considerado o segundo fundador da Ordem Cisterciense. Quando ele entrou, a Ordem contava apenas com vinte membros e um só mosteiro. Pouco tempo depois foi eleito abade do novo mosteiro de Claraval. Durante o período de sua direção que durou trinta e oito anos, a Ordem cresceu para 165 mosteiros, dos quais 68 fundados por ele, e mais de 900 monges fizeram sua profissão religiosa pelas mãos de São Bernardo.



Foi pregador, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis, bispos e, também, polemista, político e pacificador. Uma personalidade sem dúvida, a mais empolgante do seu século.



Esteve presente em todos os grandes acontecimentos da época, saindo do seu mundo de monge de vida contemplativa para envolver-se nas questões que agitavam a sociedade. Participou de vários sínodos de bispos, por causa dos cismas que ameaçavam a Igreja, percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade, envolveu-se no cisma que dividiu a Igreja entre dois papas,
combateu os ensinamentos de vários mestres contemporâneos, que disseminavam idéias heréticas através da Europa.

Escreveu muitas obras de teologia e ascética marcando profundamente a história da espiritualidade católica: seus escritos revelam amor profundo aos mistérios da humanidade do Salvador. Emerge entre os Santos Padres como o Cantor do Amor Eterno que se revelou em Cristo desde Belém até ao Gólgota.


São Bernardo sempre preferiu os caminhos do coração:"Amemos - ele dizia a seus monges - e seremos amados. Naqueles que amamos encontraremos repouso, e o mesmo repouso oferecemos a todos os que amamos. Amar em Deus é ter caridade; procurar ser amado por Deus é servir a caridade."


São Bernardo depois de laboriosas jornadas retirava-se para a cela para escrever obras cheias de otimismo e de doçura, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos que é uma declaração de amor a Maria. É também o compositor do belíssimo hino Ave Maris Stella. Também é sua a invocação: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria" da salve-rainha. Foi chamado pelo Papa Pio XII "O último dos Padres da Igreja, e não o menor".


É também o poeta incomparável de Nossa Senhora. Dante, o poeta, em sua "Divina Comédia", coloca nos lábios de São Bernardo a saudação à Virgem:
"Virgem e Mãe, filha de teu filho, humilde e excelsa, mais do que qualquer outra criatura, termo fixo do eterno plano de Deus! Tu, ó Virgem, és tão valiosa na intercessão, que quem quiser alcançar uma graça, sem recorrer a Ti, é semelhante a uma ave que tenta voar sem asas!"



Durante uma missão pacificadora, sentiu-se vencido pela doença e quis regressar a seu mosteiro de Claraval, onde a 20 de agosto de 1153, com 62 anos de idade, entregou sua belíssima alma a Deus, rodeado pelo afeto e admiração dos seus monges.


A Igreja o elevou às honras dos altares doze anos mais tarde, dando-lhe o título de Doutor da Igreja.

Com ternura filial, como São Bernardo, peçamos a Maria:

ORAÇÃO DE SÃO BERNARDO

Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouvir dizer

que algum daqueles que têm recorrido à Vossa proteção,

implorado a Vossa assistência e

reclamado o Vosso socorro

fosse por Vós desamparado.

Animado eu, pois, com igual confiança,

a Vós, Virgem, entre todas singular,

como a Mãe recorro;

de Vós me valho;

e, gemendo sob o peso de meus pecados,

me prostro a Vossos pés.

Não desprezeis as minhas súplicas,

ó Mãe do Filho de Deus Humanado,

mas dignai-Vos ouvir-me, propícia,

e alcançar-me o que Vos rogo. Amém.

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Das Homilias em louvor da Virgem-Mãe, de São Bernardo, abade
(extraído do Ofício das Leituras)

(Hom. 2,1-2.4: Operaomnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 21. 23) (Séc.XI)

Preparada pelo Altíssimo, prometida pelos Patriarcas
A Deus competia nascer de uma virgem unicamente; e era claro que do parto da Virgem somente viesse Deus à luz. Por este motivo, o Criador dos homens, para se fazer homem nascido de ser humano, devia dentre todas escolher, ou melhor, criar para si a mãe tal, como sabia convir a si e ser-lhe agradável em tudo.

Quis então que fosse uma virgem. Da imaculada nascendo o imaculado, aquele que purificaria as máculas de todos.Ele a quis também humilde, donde proviesse o manso e humilde de coração, que iria mostrar a todos o necessário e salubérrimo exemplo destas virtudes.

Concedeu, pois, à Virgem a fecundidade, a ela a quem já antes inspirara o voto de virgindade e lhe antecipara o mérito da humildade.


A não ser assim, como poderia o anjo dizê-la cheia de graça, se algo, por mínimo que fosse,faltasse à graça? Assim, aquela que iria conceber e dar à luz o Santo dos santos, recebeu o dom da virgindade para que fosse santa no corpo, e, para ser santa no espírito, recebeu o dom da humildade.

Esta Virgem régia, ornada com as jóias das virtudes, refulgente pela dupla majestade da alma e do corpo, por sua beleza e formosura conhecida nos céus, atraiu sobre si o olhar dos anjos. Até atraiu sobre si a atenção do Rei,que a desejou e arrebatou das alturas até si o mensageiro celeste.

O anjo foi enviado à Virgem (Lc 1,26-27). Virgem na alma, virgem na carne, virgem pelo propósito, virgem enfim tal como a descreve o Apóstolo, santa de espírito e de corpo. Não pouco antes, nem por acaso encontrada, mas eleita desde o princípio dos séculos, conhecida pelo Altíssimo e preparada para ele, guardada pelos anjos, prefigurada pelos patriarcas, prometida pelos profetas.



ORAÇÃO

Ó Deus, que fizestes do abade São Bernardo, inflamado de zelo por vossa casa, uma luz que brilha e ilumina a Igreja, dai-nos, por sua intercessão, o mesmo fervor para caminharmos sempre como filhos da luz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.







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