SANTO AMBRÓSIO, BISPO, DOUTOR DA IGREJA, 7 DE DEZEMBRO

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Sua famosa frase: "Ninguém cura a si próprio ferindo outro".

Hoje fazemos memória em toda a Igreja de Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja. Também conhecido com o titulo "Língua de Mel" inicialmente por causa de sua habilidade como pregador e orador. 
Proclamado Doutor da Igreja Latina pelo Papa Bonifácio VIII em 1298


Nasceu em Treves, pelo ano 340, de uma família romana, fez os seus estudos em Roma e iniciou em Sírmio a carreira da magistratura. Em 374, vivendo em Milão, foi inesperadamente eleito bispo da cidade e recebeu a ordenação no dia 7 de dezembro. Fiel cumpridor do seu dever, distinguiu-se sobretudo na caridade para com todos, como verdadeiro pastor e
doutor dos fiéis. Protejeu corajosamente os direitos da Igreja; com seus escritos e atos defendeu a verdadeira doutrina da fé contra os Arianos. Morreu no Sábado Santo, dia 4 de abril de 397.

Santo Ambrósio observa que nas Escrituras na passagem "Colocarei o meu arco nas nuvens", Deus não diz a flecha mas o arco, para nos fazer compreender que somos nós os pecadores que pelas nossa iniquidade colocamos a flecha sobre o arco e incitamos Deus a castigar-nos". 

"Os mestres da fé sejam, antes de tudo, testemunhas". (santo Ambrósio)

"FALAR PARA ENCONTRAR APLAUSOS, FALAR ORIENTANDO-SE SEGUNDO O QUE OS HOMENS QUEREM OUVIR, É CONSIDERADO COMO UMA ESPÉCIE DE PROSTITUIÇÃO DA PALAVRA E DA ALMA..." (BENTO XVI, 06.10.06)

"Quem educa para a fé não pode arriscar de parecer uma espécie de clown, que recita uma parte "por profissão"... ele deve ser como o discípulo amado, que reclinou a cabeça no coração do Mestre, e ali aprendeu o modo de pensar, de falar, de agir".
"No final de tudo, o verdadeiro discípulo é aquele que anuncia o Evangelho do modo mais credível e eficaz". (Bento XVI)

Papa Bento XVI na audiência geral da quarta-feira (24 de outubro de 2007), falou sobre SANTO AMBRÓSIO. Leia abaixo a Catequese do Papa:
Queridos irmãos e irmãs!

O Santo Bispo Ambrósio do qual vos falo hoje faleceu em Milão na noite de 3 para 4 de Abril de 397. Era a alvorada do Sábado Santo. No dia anterior, por volta das cinco da tarde, tinha rezado, deitado na cama, com os braços abertos em forma de cruz. Participava assim, no solene tríduo pascal, da morte e ressurreição do Senhor. "Nós víamos os seus lábios mover-se", testemunha Paulino, o diácono fiel que a convite de Agostinho escreveu a sua Vida, "mas não ouvíamos a sua voz". Improvisamente parecia que a situação precipitava. Onorato, Bispo de Vercelli, que assistia Ambrósio e dormia no andar de cima, foi acordado por uma voz que repetia: "Levanta-te, depressa! Ambrósio está prestes a morrer...". Onorato desceu depressa prossegue Paulino "e deu ao Santo o Corpo do Senhor. Logo que o tomou e engoliu, Ambrósio rendeu o espírito, levando consigo o bom viático.

 Assim a sua alma, fortalecida pela virtude daquele alimento, goza agora da companhia dos anjos" (Vida 47). 
Naquela Sexta-Feira Santa de 397 os braços abertos de Ambrósio moribundo expressavam a sua mística participação na morte e na ressurreição do Senhor. Era esta a sua última catequese: no silêncio das palavras, ele falava ainda com o testemunho da vida.


Quando morreu, Ambrósio não era idoso. Ainda não tinha 60 anos, tendo nascido por volta de 340 em Tréveros, onde o pai era prefeito das Gálias. A família era cristã. Quando o pai faleceu, a mãe levou-o a Roma quando ainda era adolescente, e preparou-o para a carreira civil, garantindo-lhe uma sólida instrução rectórica e jurídica. Por volta de 370 foi enviado a governar as províncias da Emília e da Ligúria, com sede em Milão. Precisamente ali fermentava a luta entre ortodoxos e arianos, sobretudo depois da morte do Bispo ariano Auxêncio. Ambrósio interveio para pacificar os ânimos das duas facções adversas, e a sua autoridade foi tal que ele, sendo simples catecúmeno, foi aclamado pelo povo Bispo de Milão.

Até àquele momento Ambrósio era o mais alto magistrado do Império na Itália setentrional. Culturalmente muito preparado, mas de igual modo despreparado na abordagem às Escrituras, o novo Bispo pôs-se a estudá-las alacremente. Aprendeu a conhecer e a comentar a Bíblia pelas obras de Orígenes, o mestre indiscutível da "escola alexandrina". Deste modo Ambrósio transferiu para o ambiente latino a meditação das Escrituras iniciada por Orígenes, começando no Ocidente a prática da lectio divina. O método da lectio chegou a guiar toda a pregação e os escritos de Ambrósio, que surgiram precisamente da escuta orante da Palavra de Deus.

Um célebre exórdio de uma catequese ambrosiana mostra distintamente como o Santo Bispo aplicava o Antigo Testamento à vida cristã: "Quando se liam as histórias dos Patriarcas e as máximas dos Provérbios, falávamos todos os dias de moral diz o Bispo de Milão aos seus catecúmenos e aos neófitos para que, por eles formados e instruídos, vos habituásseis a entrar na vida dos Padres e a seguir o caminho da obediência aos preceitos divinos" (Os mistérios 1, 1). Por outras palavras, os neófitos e os catecúmenos, segundo o parecer do Bispo, depois de terem aprendido a arte do viver bem, já podiam considerar-se preparados para os grandes mistérios de Cristo. Assim a pregação de Ambrósio que representa o núcleo da sua enorme obra literária parte da leitura dos Livros sagrados ("os Patriarcas, isto é, Livros históricos, e "os Provérbios", ou seja, os Livros sapienciais), para viver em conformidade com a divina Revelação.

É evidente que o testemunho pessoal do pregador e o nível de exemplaridade da comunidade cristã condicionaram a eficiência da pregação. Sob este ponto de vista é significativo um trecho das Confissões de Santo Agostinho. Ele tinha vindo de Milão como professor de rectórica; era céptico, não cristão. Estava procurando, mas não era capaz de encontrar realmente a verdade cristã. A comover o coração do jovem reitor africano, céptico e desesperado, e a estimulá-lo à conversão definitivamente, não foram antes de tudo as belas homilias (mesmo se por ele muito apreciadas) de Ambrósio. Mas sim o testemunho do Bispo e da sua Igreja milanesa, que rezava e cantava, compacta como um só corpo.

Uma Igreja capaz de resistir às prepotências do imperador e de sua mãe, que nos primeiros dias de 368 tinham voltado para pretender a requisição de um edifício de culto para as cerimónias dos arianos.
No edifício que devia ser exigido narra Agostinho "o povo devoto vigiava, pronto a morrer com o próprio Bispo". Este testemunho das Confissões é precioso, porque assinala que algo se movia no íntimo de Agostinho, o qual prossegue: "Também nós participávamos da exaltação de todo o povo" (Confissões, 9, 7).

Da vida e do exemplo do Bispo Ambrósio, Agostinho aprendeu a crer e a pregar. Podemos referir-nos a um célebre sermão do Africano, que mereceu ser citado muitos séculos depois na Constituição conciliar Dei Verbum: "É necessário admoesta de facto no n. 25 que todos os clérigos, sobretudo os sacerdotes e todos os que, como os diáconos e catequistas, se dedicam legitimamente ao ministério da palavra, se impregnem das Sagradas Escrituras, pela leitura assídua e o estudo diligente, para que não se torne e esta é a citação agostiniana "pregador vão e exterior da palavra de Deus quem no seu íntimo não o ouve"". Tinha aprendido precisamente de Ambrósio este "no seu íntimo", esta assiduidade na leitura da Sagrada Escritura em atitude orante, de modo a acolher realmente no próprio coração e assimilar a Palavra de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, gostaria de vos voltar a propor uma espécie de "ícone patrístico", que, interpretado à luz de quanto dissemos, representa eficazmente "o coração" da doutrina ambrosiana. No sexto livro das Confissões Agostinho narra o seu encontro com Ambrósio, um encontro certamente de grande importância na história da Igreja. Ele escreve textualmente que, quando se encontrava com o Bispo de Milão, o achava regularmente empenhado com catervae de pessoas cheias de problemas, por cujas necessidades ele se prodigalizava. Havia sempre uma longa fila que esperava para falar com Ambrósio para dele obter conforto e esperança.
Quando Ambrósio não estava com elas, com o povo (e isto acontecia no espaço de pouquíssimo tempo), restabelecia o corpo com o alimento necessário, ou alimentava o espírito com as leituras. 

Aqui Ambrósio faz as suas maravilhas, porque Ambrósio lia as Escrituras sem pronunciar palavra, só com os olhos (cf. Conf. 6, 3). De facto, nos primeiros séculos cristãos, a leitura era estritamente concebida para a proclamação, e ler em voz alta facilitava a compreensão também de quem lia. Que Ambrósio pudesse ler as páginas só com os olhos, assinala a Agostinho admirado uma capacidade singular de leitura e de familiaridade com as Escrituras. Pois bem, naquela "leitura com os lábios", onde o coração se empenha a alcançar a inteligência da Palavra de Deus eis "o ícone" do qual estamos a falar pode-se entrever o método da catequese ambrosiana: é a própria Escritura, intimamente assimilada, que sugere os conteúdos a serem anunciados para levar à conversão dos corações.
Assim, segundo o magistério de Ambrósio e de Agostinho, a catequese é inseparável do testemunho de vida. Pode servir também para o catequista o que escrevi na Introdução ao cristianismo, a propósito do teólogo. Quem educa para a fé não pode arriscar de parecer uma espécie de clown, que recita uma parte "por profissão". Aliás usando uma imagem querida a Orígenes, escritor particularmente apreciado por Ambrósio ele deve ser como o discípulo amado, que reclinou a cabeça no coração do Mestre, e ali aprendeu o modo de pensar, de falar, de agir.

No final de tudo, o verdadeiro discípulo é aquele que anuncia o Evangelho do modo mais credível e eficaz.

Como o apóstolo João, o Bispo Ambrósio que nunca se cansava de repetir: "Omnia Christus est nobis!; Cristo é tudo para nós!" permanece uma testemunha autêntica do Senhor. Com as suas próprias palavras, cheias de amor a Jesus, concluímos assim a nossa catequese: "Omnia Christus est nobis! Se queres curar uma ferida, ele é o médico; se estás a arder de febre, ele é a fonte; se estás oprimido pela iniquidade, ele é a justiça; se precisas de ajuda, ele é a força; se temes a morte, ele é a vida; se desejas o céu, ele é o caminho; se estás nas trevas, ele é a luz... Saboreai e vede como o Senhor é bom: bem-aventurado é o homem que n'Ele depõe a sua esperança" (De virginitate 16, 99). Confiemos também nós em Cristo. Seremos assim bem-aventurados e viveremos em paz.


Rezemos e meditemos com o Ofício das Leituras:

Do Livro do Eclesiástico 39,1b-14
O sábio, versado nas Escrituras

1bO sábio busca a sabedoria de todos os antigos
e dedica o seu tempo às profecias.
2Conserva as narrações dos homens célebres,
penetra na sutileza das parábolas.
3Investiga o sentido oculto dos provérbios,
deleita-se com os segredos das parábolas.
4Presta serviços no meio dos grandes
e apresenta-se diante dos que governam.
5Percorre as terras dos povos estrangeiros,
experimentando o que é bom e mal entre os homens.
6Empenha bem cedo o coração,
a dirigir-se ao Senhor que o criou,
elevando suas orações ao Altíssimo.
7Abre a sua boca para rezar
e pede perdão pelos próprios pecados.
8E se o Senhor, em sua grandeza, quiser,
ele será repleto do espírito de inteligência.
9Fará chover as palavras da sua sabedoria,
e em sua oração dará graças ao Senhor.
10Conservará retos o seu conselho e a sua ciência,
e aprofundará os segredos divinos.
11Ensinará publicamente a instrução recebida
e se gloriará na Lei da Aliança do Senhor.
12Muitos louvarão a sua sabedoria,
a qual jamais será esquecida.
13Sua lembrança nunca se apagará,
e seu nome vai ser recordado de geração em geração.
14As nações hão de proclamar a sua sabedoria
e a assembléia celebrará o seu louvor.


Das cartas de Santo Ambrósio, bispo
(Epist. 2,1-2,4-5.7: PL 16 edit. 1845,847-881)
(Sec. IV)

O encanto de tuas palavras inspire confiança ao povo.
Recebestes o múnus sacerdotal e, sentado à popa da Igreja, governas a barca em meio
às ondas. Segura bem o leme da fé, para que as fortes procelas do mundo não te
perturbem. O mar é, na verdade, grande e vasto, mas não temas: ele a tornou
firme sobre os mares e sobre as águas a mantém inabalável (Sl 23,2).

Por isso, não é sem razão que, entre tantas agitações do mundo, a Igreja do Senhor,
edificada sobre a pedra apostólica, permanece firme e, contra o ímpeto das águas
te apóias sobre inabalável fundamento. É batida pelas ondas, mas não abalada; e embora
muitas vezes os elementos deste mundo a sacudam com grande fragor, ela oferece aos
navegantes cansados o mais seguro porto de salvação. Ela flutua no mar, mas também corre
pelos rios, sobretudo aqueles rios dos quais se diz: Levantaram os rios a sua voz (Sl 92,3).
São os rios que brotam do coração daqueles que beberam da água de Cristo e receberam
o Espírito de Deus. Quando transbordaram de graça espiritual, esses rios levantam a sua voz.

Há também um rio que corre para os seus santos como uma torrente. Existe ainda o ímpeto
do rio que alegra a alma tranqüila e pacífica. Quem receber da plenitude desse rio, como João Evangelista, Pedro e Paulo, levanta a sua voz. É do mesmo modo que os apóstolos difundiram até os confins da terra, como num canto harmonioso, a voz da pregação evangélica, assim o que receber da plenitude desse rio começa anunciar o Evangelho do Senhor Jesus.

Recebe, portanto, da plenitude de Cristo para que tua voz também se manifeste. Apanha
a água de Cristo, essa água que louva o Senhor. Apanha de muitos lugares a água que as
nuvens dos profetas deixam cair.

Quem apanha a água dos montes ou a retira e bebe das fontes, também começam a orvalhar como as nuvens. Enche, pois, o íntimo do teu espírito com esta água, para que a terra da tua alma seja regada e tenhas a fonte em tua própria casa.

Quem muito lê e compreende, fica repleto; e quem está repleto pode regar os demais, por
isso, diz a Escritura: se as nuvens estiverem carregadas farão cair a chuva sobre a terra (Eclo 11,3).

As tuas pregações sejam fluentes, puras e claras, de modo que o teu ensinamento moral
penetrem suavemente nos que te escutam e o encanto de tuas palavras inspire confiança
ao povo, deste modo ele te seguirá, de boa vontade, para onde conduzires. Os teus
discursos sejam repletos de inteligência. Por isso, diz Salomão: os lábios do sábio são
as armas da sabedoria (cf. Prov. 15,7); e noutra passagem: o pensamento dirige teus lábios, isto é, os teus sermões brilhem pela tua clareza, e teus discursos e explicações dispensem as opiniões alheias. Que tua palavra seja capaz de se defender por si mesma. Em si, não saia de tua boca nenhuma palavra inútil e sem sentido.

Responsório II Tm4,2; cf. Eclo. 48,4.8
 R. Proclama em todo o tempo a palavra do Senhor;
persuade, repreende e exorta com coragem,
* com saber e paciência.
V. Quem pode gloriar-se de ser igual a ti,
que ungistes rei e príncipes e os chamastes à penitência?
* com saber.

ORAÇÃO

Ó Deus, que fizestes o bispo Santo Ambrósio doutor da fé

católica e exemplo de intrépido pastor, despertai na vossa
Igreja homens segundo o vosso coração, que a governem com força e sabedoria.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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