Muitos Santos Padres seguindo Santo Ambrósio, celebraram seus louvores.
Santa Inês recebeu a palma do martírio no dia 21 de janeiro do ano 304, quase contemporânea a São Sebastião.
Conforme as notícias transmitidas por São Jerônimo e Santo Ambrósio, Inês tinha apenas treze anos quando da perseguição de Diocleciano contra os cristãos. Era muito atraente e recebeu pedidos de casamento de vários jovens pagãos, inclusive o filho do prefeito de Roma, o que ela recusou, dizendo-se esposa de Cristo. Foi, então, acusada de ser cristã e, presa.
Tentaram fazer com que ela apostatasse da fé, pela persuasão. Diante da recusa mostraram-lhe os instrumentos de tortura, ameaçando-a com a morte; foi arrastada até a imagem dum ídolo para lhe oferecer incenso e enviada depois para uma casa de prostituição, sem que nenhum homem conseguisse aproximar-se dela.
Naquele mesmo século o Papa Dâmaso gravou sua história em dezesseis versos sobre sua sepultura, concluindo com esta súplica: "Santa glória da pureza, ínclita mártir, mostra-te benigna às súplicas de Dâmaso".
Santa Inês entrou no cânon da missa ao lado de outros célebres mártires. O texto litúrgico da missa em sua comemoração evidencia a fragilidade inocente de Inês a confundir os poderosos do mundo.
O nome de Inês, que deriva de uma palavra grega que significa "casta", ficou sendo na história da Igreja, o símbolo do pudor e da pureza, por cuja defesa ela se entregou ao martírio até a morte.
A valorização da pureza e da virgindade foi uma das virtudes novas introduzidas pelo Cristianismo, como expressão de uma concepção integral de viver a religião. Na Igreja dos primeiros séculos, a exaltação da virgindade teve um tom de desafio e, de triunfo sobre a concepção pagã da vida.
Do Ofício das Leituras, deste dia dedicado a Santa Inês, podemos refletir sobre o que dela escreveu Santo Ambrósio:
Do Tratado sobre as Virgens, de Santo Ambrósio, bispo
(Lib. 1, cap. 2.5.7-9:PL 16, [edit. 1845],189-191)
(Séc.IV)
Ainda não preparada para o sofrimento
e já madura para a vitória!
Celebramos o natalício de uma virgem: imitemos sua integridade; é o natalício de uma
mártir: ofereçamos sacrifícios. É o aniversário de Santa Inês. Conta-se que sofreu o
martírio com a idade de doze anos. Quanto mais detestável foi a crueldade que não
poupou sequer tão tenra idade, tanto maior é a força da fé que até naquela idade
encontrou testemunho.
Haveria naquele corpo tão pequeno lugar para uma ferida? Mas aquela que quase não
tinha tamanho para receber o golpe da espada, teve força para vencer a espada. E isto
numa idade em que as meninas não suportam sequer ver o rosto zangado dos pais e
choram como se uma picada de alfinete fosse uma ferida!
Mas ela permaneceu impávida entre as mãos ensangüentadas dos carrascos, imóvel
perante o arrastar estridente dos pesados grilhões. Oferece o corpo à espada do soldado
enfurecido, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela. Levada à força até os altares
dos ídolos, estende as mãos para Cristo no meio do fogo, e nestas chamas sacrílegas
mostra o troféu do Senhor vitorioso. Finalmente, tendo que introduzir o pescoço e
ambas as mãos nas algemas de fero, nenhum elo era suficientemente apertado para
segurar membros tão pequeninos.
Novo gênero de martírio? Ainda não preparada para o sofrimento e já madura para a
vitória! Mal sabia lutar e facilmente triunfa! Dá uma lição de firmeza apesar de tão
pouca idade! Uma recém-casada não se apresaria para o leito nupcial com aquela
alegria com que esta virgem correu para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada
não de belas tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.
Todos choram, menos ela. Muitos se admiram de vê-la entregar tão generosamente a
vida que ainda não começara a gozar, como se já tivesse vivido plenamente. Todos
ficam espantados que já se levante como testemunha de Deus quem, por causa da idade,
não podia ainda dar testemunho de si. Afinal, aquela que não mereceria crédito se
testemunhasse a respeito de um homem, conseguiu que lhe dessem crédito ao
testemunhar acerca de Deus. Pois o que está acima da natureza, pode fazê-lo o Autor da
natureza.
Quantas ameaças não terá feito o carrasco para incutir-lhe terror! Quantas seduções para
persuadi-la! Quantas propostas para casar com algum deles! Mas sua resposta foi esta:
“É uma injúria ao Esposo esperar por outro que me agrade. Aquele que primeiro me
escolheu para si, esse é que me receberá. Por que demoras, carrasco? Pereça este corpo
que pode ser amado por quem não quero!” Ficou de pé, rezou, inclinou a cabeça.
Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado, tremer a mão
que desfecharia o golpe, e empalidecerem os rostos temerosos do perigo alheio,
enquanto a menina não temia o próprio perigo. Tendes, pois, numa única vítima um
duplo martírio: o da castidade e o da fé. Inês permaneceu virgem e alcançou o martírio.
Responsório
R. Celebremos a festa de santa Inês,
lembremos o modo como ela sofreu
o martírio por Cristo.
* Na flor da idade, vencendo a morte,
a vida encontrou.
V. Somente amou quem da vida é o Autor. * Na flor.
poderosos, dai-nos, ao celebrar o martírio de Santa Inês, a graça de imitar sua
constância na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
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