Não poderíamos deixar de prestar homenagem à nossa irmã Zilda Arns, essa missionária franciscana secular, que há um ano foi para junto do Pai.
No cumprimento de sua missão, como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Zilda Arns estava no Haiti, em missão humanitária, quando foi vitimada pelo terremoto que atingiu aquele país, falecendo em 12 de janeiro de 2010. "Não mandem flores para o velório de Zilda, usem esse dinheiro para ajudar a Pastoral", foi o pedido da sua família.
Zilda era a décima terceira dos 16 filhos dos imigrantes alemães, Gabriel Arns e Helena Steiner, que nasceu a 25 de agosto de 1934. Começou os estudos em Forquilhinha (SC) e em 1959 formou-se em Medicina, em Curitiba. Aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando salvar crianças pobres da mortalidade infantil, desnutrição e da violência no contexto familiar e comunitário.
Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção, desenvolveu metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, utilizando-se da sua prática como médica pediatra do Hospital de crianças em Curitiba.
Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança, junto com D. Geraldo Magela e o Cardeal Agnelo, na época arcebispo de Londrina (Pr). A experiência iniciou com um projeto-piloto, em Florestópolis (Pr). Em 2003, recebeu da CNBB, outra missão semelhante, de fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa, iniciada a partir de 2004.
Zilda casou-se em 1959 e teve 6 filhos, ficando viúva aos 43 anos, quando seu marido, com 46 anos, morreu num acidente marítimo, em 1978. Tinha 9 netos e dividia-se entre os compromissos como Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, Coordenadora Internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB, no Conselho Nacional da Saúde.
Ela lutou para que o governo se convencesse de que os pobres "têm fome de pão, mas também de cidadania" e que, para isso, precisam de trabalho, infra-estrutura e saber salvar seus filhos recém-nascidos. Desde o início tinha por lema: "É preciso ajudar as pessoas a ter dignidade".
Zilda viajou muito pelo Brasil e exterior, principalmente América Latina, e recebeu prêmios também na Europa. Em seu livro "Depoimentos Brasileiros" conta várias histórias pitorescas. Ela viveu verdadeiramente o Evangelho, fazendo-se vida para muita gente que já não tinha esperança.
Em Curitiba frequentou com sua mãe Helena a Fraternidade Bom Jesus e, depois de casada seu marido também participou com ela, sendo bastante ativos. Com a vinda dos filhos, os compromissos com a pediatria, com a Pastoral da Criança e, com as carências na área da saúde, tornou-se difícil continuar indo às reuniões da Fraternidade.
Zilda Arns, que frequentava as missas de domingo junto com Frei Alberto Beckaüser, seu parente distante e praticamente da mesma idade, cujas famílias eram vizinhas e muito amigas, e na juventude teve uma grande ligação com Frei Mateus Hoepers, de quem recebia orientação espiritual, teve nela impregnado profundamente o espírito franciscano de serviço e amor aos pobres, levando-a a desenvolver este trabalho social, com uma característica tão especial.
Que o exemplo de Zilda desperte em nós este mesmo espírito franciscano de amor e serviço aos necessitados, que move e anima a uma participação mais ativa na ação missionária. T
1 comentários:
Parabéns pela postagem!
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