SÃO PEDRO BATISTA, SÃO PAULO MIKI E COMPAN HEIROS MÁRTIRES, DA ORDEM I E III - 6 DE FEVEREIRO

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Trinta anos após o início  próspero da missão de são Francisco Xavier (1549-1551), a missão do Japão passou por graves dificuldades. Com a perseguição contra os cristãos, as autoridades ordenaram a prisão de seis franciscanos, três jesuítas e dezessete leigos, todos japoneses, dos quais dois catequistas e dois meninos de onze e treze anos. O mais célebre deles é Paulo Miki. Condenaram-nos à morte e supliciaram-nos numa praia perto de Nagasaki. Existe o relato de uma testemunha ocular desse martírio. O jesuíta Paulo Miki, que em sua pregação havia tentado apresentar a seus concidadãos um Cristo "japonês", distinguiu-se por sua heróica atitude durante a crucificação. São os primeiros mártires do Extremo Oriente, beatificados por Pio IX,
 em 1862.  
São Pedro Batista nasceu na Espanha em 1542. Ordenado sacerdote, foi para o Oriente pregar o Evangelho, trabalhando longos anos nas Ilhas Filipinas. Em 1593 foi mandado para o Japão com mais cinco  franciscanos, dedicando-se à evangelização dos japoneses, convertendo muitos à fé, construindo igrejas e hospitais. Por questões políticas e religiosas surgidas na região, seu trabalho foi interrompido, sendo ele preso com seus confrades, levados para Nagasaki, entre zombarias e ultrajes do povo, e ali foram crucificados com os  jesuítas e os cristãos leigos.

Paulo Miki nasceu em Kioto, capital da arte e da cultura no Japão, em 1564, de pais ricos; batizado ainda criança assimilou a fé cristã com muito fervor, desejando tornar-se sacerdote e missionário e, ingressando na Companhia de Jesus.Tão logo foi ordenado, dedicou-se à atividade missionária, buscando converter seus compatriotas. Tornou-se ótimo pregador e conferencista, sempre bondoso e acolhedor, demonstrando mais zelo com os sentimentos afetuosos que com as palavras, e seu apostolado obteve numerosas conversões.

Com a perseguição aos cristãos, foi capturado em Osaka, com dois companheiros de apostolado. Diante da ameaça de morte, os católicos numa atitude heróica  proclamavam publicamente a fé, acompanhavam os cristãos presos e ofereciam-se de livre vontade ao martírio.
Eis um relato do martírio destas 26 pessoas, narrado por um contemporâneo:

"Pregados na cruz, que espetáculo maravilhoso foi ver a constância de todos a que os exortava ora o Padre Pásio, ora o Padre Rodríguez.  O Padre comissário mantinha-se sempre quase imóvel com os olhos fitos no céu. Irmão Martinho, dando graças à divina bondade, cantava salmos com o versículo: 'Em tuas mãos, Senhor'. Também o Irmão Francisco Blanco agradecia a Deus com voz clara. Irmão Gonçalo dizia muito alto a oração dominical e a saudação angélica. Paulo Miki começou por declarar aos presentes ser japonês e jesuíta e morrer por ter anunciado o Evangelho,  dava graças a Deus por tão excelente benefício, pronunciando em seguida: 'Tendo chegado a este momento julgo que nem um de vós acredita que desejo faltar à verdade. Declaro-vos, pois, que não há outro caminho de slavação fora daquele que os cristãos seguem. Este caminho me ensina a perdoar aos inimigos e a todos que me ofenderam, por isso de boa mente perdôo ao rei e a  todos os responsáveis por minha morte e suplico-lhes queiram ser iniciados pelo batismo cristão'. Voltando depois os olhos para os companheiros, começou a animá-los neste combate extremo.  No rosto de todos, podia-se ver certa alegria, mas no de Luís (onze anos) era extraordinária; um cristão gritou-lhe que, em breve , estaria no paraíso e ele fez um sinal afirmativo com os dedos, atraindo os olhares de todos os presentes. Antônio (treze anos), ao lado de Luís, olhos voltados para o céu depois de invocar os nomes santíssimos de Jesus e Maria, cantou o Salmo 'Louvai, meninos, o Senhor' que aprendera no curso de catecismo em Nagasaki; em previsão do martírio  ensinava-se às crianças a recitação de alguns salmos.  Outros exortavam os presentes a uma vida digna de cristãos, e com estes atos provavam sua 
disposição de morrer ".

O martírio deu-se no dia 5 de fevereiro de 1595. Estes primeiros mártires do Japão, inseridos no Calendário Litúrgico, vem comprovar que onde é lançada a Palavra de Deus, aí brota a fé e cristãos dispostos a morrer por Jesus, como testemunho de que a Igreja é universal tanto geograficamente, como nos tipos de pessoas que aderem verdadeiramente à fé, qualquer que seja sua condição pessoal ou racial.


A elevação sobre a qual ocorreu a crucificação ficou conhecida como Monte dos Mártires. Os crentes se dispersaram para escapar dos massacres e uma boa quantidade deles se estabeleceu ao longo do rio Urakami, nas proximidades de Nagasaki, continuando a viver sua fé, mesmo sem padres. Quando o Japão se abriu novamente aos europeus, os missionários puderam e as igrejas voltaram a ser construídas, inclusive em Nagasaki, a poucos quilômetros da comunidade cristã clandestina. Esta havia perdido de todo o contato com a Igreja Católica, mas continuava guardando preciosamente três critérios de reconhecimento recebidos dos antepassados:"Quando a Igreja voltar ao Japão, vocês a reconhecerão por três sinais: os padres não são casados, haverá uma imagem de Maria e esta Igreja obedecerá ao papa-sama, isto é, ao Bispo de Roma". E assim, dois séculos e meio depois, os cristãos do Japão puderam se reencontrar com sua Santa Mãe, a Igreja Católica.

ORAÇÃO
Ó Deus, força dos Santos, que em Nagasaki chamastes à verdadeira vida são Paulo Miki e seus companheiros pelo martírio da cruz, concedei-nos, por sua intercessão, perseverar até a morte na fé que professamos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade 
do Espírito Santo.

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