SÃO POLICARPO, BISPO, MÁRTIR - 23 DE FEVEREIRO

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

São Policarpo pertence ao gupo dos chamados "Padres Apostólicos", com Clemente Romano, Papias, Inácio de Antioquia,  porque testemunhou em sua vida e em seus escritos, a fé recebida diretamente dos Apóstolos;  foram o elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo greco-romano, na passagem do primeiro para o segundo século.  

"Foi discípulo dos Apóstolos e familiar de muitos que viram o Senhor, e enviado pelos próprios apóstolos como bispo da igreja de Esmirna",  diz dele santo Irineu, por volta do ano 190 (Adv. Haer. III, 3,4). Hospedou santo Inácio, de passagem por sua cidade, em direção a Roma. De tal modo edificou  o grande bispo de Antioquia, que este não hesitou em mostrar em Policarpo "o bom pastor da fé inabalável, o forte atleta em defesa da causa de Cristo".  Foi martirizado numa fogueira, encerrando sua vida em atitude de louvor a Deus, como uma "missa", cuja vítima era seu próprio corpo "oferecido"  "para a glória de Deus Pai, por meio do Pontífice Cristo Jesus, em união com o Espírito Santo".(Missal Cotidiano)

Policarpo foi discípulo do apóstolo João, e teve a oportunidade de conhecer outros apóstolos que conviveram com o Mestre. Ele se tornou um exemplo íntegro de fé e vida, sendo respeitado inclusive pelos adversários. Policarpo foi escolhido e consagrado para ser o bispo de Esmirna para a Ásia Menor,atual Turquia, pelo próprio apóstolo São João Evangelista.

No governo do papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, representando as igrejas da Ásia para discutirem sobre a mudança da festa da Páscoa, comemorada em dias diferentes no Oriente e Ocidente. Apesar de não chegarem a um acôrdo, se despediram celebrando juntos a liturgia, demonstrando união na fé, que não se abalou pela divergência nas questões disciplinares.

Foi amigo de Inácio de Antioquia, que esteve em sua casa durante seu trajeto para o martírio romano em 107. Este escreveu cartas para Policarpo e para a Igreja de Esmirna, antes de morrer, enaltecendo as qualidades do zeloso bispo. Ao contrário de Inácio, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas em fortalecer a fé do seu rebanho. Inácio testemunha que Policarpo "enviava cartas às comunidades vizinhas e a alguns irmãos em particular, para ensiná-los e admoestá-los" e afirma que "É belíssima a carta que ele enviou aos filipenses para exortá-los à constância e integridade da fé e incutir em cada um  a lembrança de suas 
obrigações particulares".

Os registros sobre sua vida nos foram transmitidos pelo seu biógrafo e discípulo predileto, Santo Irineu, venerado como o "Apóstolo da França" e sucessor de Timóteo em Lion. Santo Irineu evoca comovido a memória do seu mestre: "Recordo as coisas de então melhor do que as recentes. ...o lugar em que Policarpo se sentava para ensinar ... seu modo de vida, traços de sua fisionomia e as palavras que dirigia à multidão. Poderia reproduzir o que nos contava de seu trato com São João apóstolo e os demais que tinham visto o Senhor, e como repetia suas  mesmas palavras ...".



   Das  várias cartas que ele escreveu, a única que se preservou até hoje foi a endereçada aos filipenses no ano 110. Nela, Policarpo exaltou a fé em Cristo, a ser confirmada no trabalho diário e na vida dos cristãos. Também citou a Carta de Paulo aos filipenses, o Evangelho, e repetiu as muitas informações que recebera dos apóstolos, especialmente de João. Por isto, a Igreja o considera "Padre Apostólico", como foram classificados os primeiros 
discípulos dos apóstolos.

O martírio de Policarpo foi descrito um ano depois de sua morte, em uma carta datada de 23 de fevereiro de 156,enviada pela igreja de Esmirna à igreja de Filomélio, na Frígia. Trata-se do registro mais antigo 
do martirológio cristão existente.

Durante a perseguição de Marco Aurélio, Policarpo teve uma visão do martírio que o esperava, três dias antes de ser preso. Avisou aos amigos que seria morto pelo fogo. Estava em oração quando foi preso e levado ao tribunal. Diante da insistência do pro cônsul Estácio Quadrado para que renegasse a Cristo, Policarpo disse:  "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido dele. Como poderei rejeitar aquele a quem prestei culto e reconheço como meu Salvador? Ouça bem claro: eu sou cristão"! Foi condenado e ele mesmo subiu na fogueira e testemunhou para o povo: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Mas, contam os escritos que a profecia de Policarpo não se cumpriu:  mesmo com a fogueira queimando sob ele e à sua volta, o fogo não o atingiu, e os carrascos tiveram que matá-lo à espada.

Os cristãos terminam o relato com uma preciosa afirmação sobre o culto litúrgico: ...os judeus queriam impedir que os cristãos recolhessem as relíquias do mártir, dizendo: "não aconteça que comecem a adorar Policarpo como fazem com Cristo", mas em resposta os cristãos testemunharam: "Nós só adoramos a Cristo, ao passo que recolhemos seus ossos como ouro e pérolas preciosas, e lhes damos honrosa sepultura. A seguir celebramos alegremente a nossa reunião eucarística, como mandou o Senhor, para comemorar o natalício de seu mártir".


ORAÇÃO
Ó Deus, criador de todas as coisas, que colocastes o bispo são Policarpo nas fileiras dos vossos mártires, concedei-nos, por sua intercessão, participar com ele do cálice de Cristo, e ressuscitar para a vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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