Filho do prefeito de Constantinopla, nasceu por volta do ano 730. Possuía caráter reto e inteligente, recebeu ótima formação cristã e literária e após concluídos seus estudos superiores, foi nomeado pelo imperador Constantino, para o cargo de presidente da chancelaria imperial. Apesar das seduções e dos perigos da vida da corte, e do brilho dos altos cargos, manteve-se um jovem virtuoso, com os mesmos sentimentos de piedade, sobriedade e pureza de costumes.
Constantinopla encontrava-se neste século agitada pela heresia iconoclasta, introduzida por volta do ano 725 pelo imperador Leão Isáurico. Esta heresia bania das igrejas toda imagem sagrada, como se fosse uma idolatria. Vários sínodos a haviam condenado, mas os seus partidários continuavam com as intrigas apoiados pelo patriarca de Constantinopla, chamado Paulo, que por este motivo foi obrigado a renunciar.
A esposa de Constantino, Irene, interferiu para que Tarásio fosse eleito patriarca. Como gesto de comunhão de fé, o primeiro ato de Tarásio foi escrever uma carta ao Papa Adriano I, que recomendou ao novo bispo atitude enérgica contra a heresia. Tarásio logo convocou o concílio que se realizou em Nicéia da Bitínia, pondo fim ao fanatismo, sendo declarado de forma definitiva o verdadeiro sentido das imagens.
Durante seu patriarcado, Tarásio teve que se opor ao arbítrio do imperador e, ao ser ameaçado de morte, respondeu: "Mais temo cair no desagrado do Rei dos Reis do que perder as boas graças de um rei mortal". Aconteceu que o imperador quis casar-se com a cortesã Teodata. Tarásio então suspendeu das ordens sagradas o sacerdote que aceitou abençoar o casamento do soberano, gesto que foi aprovado pelo Papa e por todos os bispos do Oriente, insatisfeitos com a prepotência do imperador, que pouco tempo depois faleceu em situação trágica.
Este acontecimento lembra-nos outros que se repetiram na história, como o de Henrique VIII, rei da Inglaterra no século XVI, que exigiu a anulação do seu casamento para unir-se a Ana Bolena e, como não obteve licença do papa, provocou a separação da Igreja da Inglaterra da de Roma, num grande derramamento de sangue dos cristãos fiéis a Roma; também Napoleão, na França no século XVIII, diante da negativa do Papa Pio VI, mandou prender o Pontífice e deixou-o morrer à míngua na prisão.
Tarásio dirigiu seus fiéis com mão firme e segura, por vinte e dois anos. Foi bispo solícito e vigilante quanto à integridade da fé e à pureza dos costumes.Abriu um hospital e vários abrigos; era caridoso com os pobres que admitia à sua mesa servindo-os ele próprio, e aos que o censuravam respondia: "Minha única ambição é imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, que viveu para servir os outros e não para ser servido".
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