Há operários
que Deus chama na primeira hora, outros pelo meio-dia, e outros ainda pela
tardinha. É o caso do nosso santo, um santo muito conhecido, sobretudo no mundo
português e muito venerado em Granada (Espanha), cidade onde exerceu seu
apostolado e morreu a 8 de março de 1550.
De seu nome João
Cidade conta-se que, tendo transportado aos ombros um menino andrajoso que com
dificuldade se deslocava, este lhe mostrou uma granada ou romã, com uma
representação da Santa Cruz e, referindo-se à cidade espanhola com esse nome,
lhe disse: “Granada será a tua Cruz”.
A seguir desapareceu.
João Cidade, português, sucessivamente pastor, camponês, soldado, trabalhador braçal, livreiro, foi uma grande testemunha da caridade cristã. Organizou em Granada, na Espanha, sem meios e sem ajudantes, um hospital para os pobres. A confiança na Divina Providência e a caridade dos cristãos permitiram-lhe realizar sua obra e encontrar depois alguns amigos, com os quais lançou as bases da Ordem dos Hospitaleiros. Cuidou especialmente dos doentes mentais e antecipou mesmo alguns métodos da moderna psicoterapia, curando antes de tudo o espírito para poder também curar o corpo. (Missal Cotidiano)
João já estava na idade madura quando sentiu o
chamado de Deus à santidade e à consagração. A primeira parte da vida deste
santo, até os quarenta anos, foi marcada por aventuras, algumas até
curiosas.
João nasceu em Montemor-o-Novo, Évora, Portugal, no dia 8 de março de
1495. Com oito anos fugiu de casa rumando para a Espanha, que ia ser o centro
de suas aventuras e obras. Aprendeu a cuidar de ovelhas, a serviço de um
criador e recebeu as primeiras letras. Depois tornou-se soldado nas tropas do
imperador Carlos V, combatendo contra franceses e turcos e, foi expulso,
acusado de cumplicidade com ladrões de espólio de guerra; passou por várias
outras peripécias até fixar-se em Granada, abrindo um
pequeno negócio de
livros.
Certo dia, ouvindo a pregação de São João de Ávila, sentiu-se
profundamente tocado pela graça de Deus. O chamado veio com violência
repentina: de imediato acabou com a loja queimando os livros profanos,
distribuindo o restante pelos curiosos e dando seus bens aos pobres, o que fez com
que fosse internado num hospital de loucos.
Este internamento foi providencial, pois
vendo o tratamento desumano para com os internados, a falta de higiene e de
terapia, e o abandono em que os doentes eram deixados, João percebeu que Deus o
chamava a cuidar dos doentes, principalmente dos loucos e dos incuráveis,
tarefa à qual dedicou o
resto de sua vida.
Alugou uma pequena casa para recolher
indigentes e doentes. Vestido de burel, percorria a cidade de Granada, pedindo:
"Fazei o bem, irmãos". Mais tarde iria escrever: "Nesta casa
(hospital fundado e sustentado por ele ) recebem-se geralmente todas as
enfermidades e classes de gente, de forma que há aqui paralíticos, mancos, velhos,
etc. São tantos os pobres e doentes que aqui chegam, que eu mesmo, muitas
vezes, estou espantado de ver como se podem sustentar, mas Jesus Cristo provê
tudo e dá-lhes de comer".
Seu desejo impulsivo de ajudar, durante um incêndio num dos hospitais, levou-o a salvar sozinho muitos pacientes,
ajudando ainda a salvar os cobertores, tão necessários, e a extinguir o
fogo, subindo no telhado. Todos o conheciam e o viam sempre em atividade, quase
nunca repousando ou dormindo, e dizia que já tinha perdido muito tempo antes de
sua conversão. Seu lema era:"Trabalhe sem parar. Faça tudo de bom que
possa, enquanto ainda tem tempo".
Em 1549 contraiu
uma grave doença que escondeu dos médicos com medo que não o deixassem mais
trabalhar, até que não podendo mais esconder, foi descoberto, mas mesmo assim, continuava pensando em ajudar os outros.
Faleceu em 8 de março de 1550 em Granada, Espanha enquanto
estava orando diante de um crucifixo na capela de seu hospital.
Foi canonizado
em 1690. O Papa Leão XIII em 1886 o declarou padroeiro dos hospitais e
doentes, junto com São Camilo de Lellis.
Durante a sua
vida, várias pessoas se uniram a ele, mas depois de sua morte, sua obra cresceu
rapidamente . João morreu em 1550, e em 1572 os "Irmãos
dos Enfermos" popularmente chamados "Fazei-o-Bem-Irmãos"
receberam o hábito e uma regra do Papa São Pio V.
Um século depois, só na
Espanha, a Ordem contava com 80 hospitais e, hoje, está espalhada por todo o
mundo, continuada pelos Irmãos de S. João de Deus e pelas Irmãs Hospitaleiras
do Sagrado Coração de Jesus.
Você poderá saber
mais sobre eles acessando:
http://www.isjd.pt/ (Irmãos
de S. João de Deus) e
http://www.ihscj.pt/ (Irmãs Hospitaleiras
do Sagrado Coração de Jesus).
ORAÇÃO
Ó Deus, que enchestes de misericórdia o coração de São João de Deus, fazei que, praticando as obras de caridade, nos encontremos entre os escolhidos quando chegar o vosso Reino. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
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