A região do Friuli, a partir de 1800, mergulhou na miséria em conseqüência das guerras e epidemias, o que serviu ao padre Luís de estímulo para cuidar dos necessitados. Dedicou-se, com outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das “derelitas”, as mais sozinhas e abandonadas jovens de Udine e dos arredores. A elas ele disponibilizou todos os seus bens, suas energias e seu afeto, sem economizar nada de si. Quando foi preciso, ele não hesitou em pedir esmolas. A sua vida foi, de fato, uma expressão palpável da grande confiança na Providência Divina.
Também conhecido como Luigi Scrosoppi de Udine e Aloysio Scrosoppi, São Luís Scrosoppi nasceu em 4 de agosto de 1804, em Udine, cidade do Friuli, no Norte da Itália. Foi o último dos três filhos de Antônia Lazzarine e Domenico Scrosoppi, cristãos fervorosos que educaram os filhos dentro dos preceitos da fé e na caridade. Seu irmão Carlos foi ordenado quando Luís tinha seis anos e Giovanni alguns anos mais tarde.
Quando ele estava com doze anos, sua região foi atingida por uma grande seca, seguida de fome, tifo e sarampo em rápida sucessão, e a visão de tanta pobreza, doença, miséria e principalmente o grande número de órfãos, causou nele um efeito muito forte. Luís aos doze anos entrou no seminário diocesano de Udine e, em 31 de março de 1827, foi ordenado sacerdote na Catedral de Udine, acompanhado em sua primeira missa pelos seus dois irmãos sacerdotes.
Em 1829 foi indicado como Diretor Assistente do Orfanato "Piedosa União do Coração do Menino Jesus" que era dirigido pelo seu irmão Carlos. Havia falta de tudo e o Padre Luís saiu às ruas para pedir ajuda, recebendo dinheiro suficiente para comprar a casa. Mas, cada vez mais órfãos iam chegando e os irmãos resolveram ampliar a casa, indo Luís mais uma vez às ruas pedir ajuda. O trabalho começado em 1834 sob sua supervisão acabou em 1836, sendo chamada "Casa do Destituído". Naquele ano, uma epidemia de cólera deixou novamente a casa cheia de órfãos.
As necessidades dos órfãos e o trabalho incessante dos padres atraiu várias mulheres da região que também se dedicavam aos pobres e abandonados Entre elas Felicita Calligaris, Rosa Martins, Caterina Bross, Cristina e Amália Borghese e Orsola Baldasso.
Com essas senhoras, chamadas de “professoras”, hábeis no trabalho de costura e de bordado, que estavam aptas à alfabetização, dispostas a colocarem suas vidas nas mãos do Senhor para servi-lo e optando por uma vida de pobreza, padre Luís Scrosoppi fundou a "Congregação das Irmãs da Providência".
Mas notou que necessitava de algo mais para dar continuidade a essa obra. Por isso, aos quarenta e dois anos de idade, em 1846, entrou para a Ordem do "Oratório de São Felipe Neri", uma congregação devotada a caridade e ao ensino ,tornando-se um “filho de são Felipe”. Através do santo, aprendeu a mansidão e a doçura, qualidades que lhe deram mais idoneidade na função de fundador e pai da nova família religiosa.
A Congregação recebeu a aprovação final do Papa Pio IX em 22 de setembro de 1891. Foi eleito Reitor da Comunidade em 9 de novembro de 1856. Em 4 de outubro de 1854 ele terminou o trabalho de construção da "Casa de Resgate" para meninas abandonadas e em 7 de março de 1857 abriu a Escola-Abrigo para garotas surdas-mudas, que infelizmente só durou 15 anos. Abriu ainda a Casa da Providência para estudantes desempregados e trabalhou em hospitais para doentes e pobres.
Todas as obras feitas por padre Luís refletiram sua opção pelos mais pobres e necessitados. Ele profetizou certa vez: “Doze casas abrirei antes da minha morte”, e sua profecia concretizou-se. Foram, realmente, doze casas abertas às jovens abandonadas, aos doentes pobres e aos anciãos que não tinham família. Nas casas era fornecido o ensino das matérias básicas e o aprendizado de algumas profissões como costureira, pintor, pedreiro, bombeiro, etc.
Porém Luís não se dedicava apenas às suas obras de caridade. Ele também oferecia seu apoio espiritual e econômico a outras iniciativas sociais de Udine, realizadas por leigos de boa vontade. Era dele, também, a missão de sustentar todas as atividades da Igreja, em particular as destinadas aos jovens do seminário de Udine.
Depois de 1850, a Itália unificou-se, num clima anticlerical, e os fatos políticos representaram um período difícil para Udine e toda a região do Friuli. Uma das conseqüências foi o decreto de supressão da “Casa das Derelitas” e da Congregação dos Padres do Oratório, de Udine. Após uma verdadeira batalha, conseguiu salvar as “Casas”, mas não conseguiu impedir a supressão da Congregação do Oratório.
Já no fim da vida, padre Luís transferiu a direção de suas obras
às irmãs, que aceitaram a missão com serenidade e esperança. Quando sentiu
chegar o fim, dirigiu suas últimas palavras às irmãs, animando-as para os
revezes que surgiriam, lembrando-as: “… Caridade! Eis o espírito da vossa
família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a caridade”.
Faleceu em 3 de abril de 1884 em Udine, Itália.
No terceiro milênio, as Irmãs da Providência continuam a obra do fundador nos seguintes países:
Romênia, Moldávia, Togo, Índia, Bolívia, Brasil, África do Sul, Uruguai e
Argentina.
Padre Luís Scrosoppi foi beatificado em 4 de outubro de 1981 e proclamado santo em 10 de junho de 2001 pelo Papa João Paulo II. Nessa solenidade estava presente um jovem sul-africano que foi curado, em 1996, da Aids. Por esse motivo, esse mesmo pontífice declarou São Luis Scrosoppi padroeiro dos portadores do vírus da Aids e de todos os doentes incuráveis. O jovem sul-africano que se curou desse vírus entrou no Oratório de São Felipe Néri, tomando o nome de Luís.
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