BOM PASTOR - IV DOMINGO DA PÁSCOA - 15 DE MAIO DE 2011.

domingo, 15 de maio de 2011

Jesus se apresenta como o pastor segundo o coração de Deus, aquele que foi anunciado pelos profetas. Conhece intimamente o Pai e transmite esse conhecimento aos seus. Por isso ele é a "porta", o mediador. Conhece intimamente também a nossa condição, porque como "cordeiro" carregou os pecados de todos nós. Conduz os seus com a autoridade de quem ama e deu sua vida; e eles, na fé, escutam  a sua voz e seguem suas pegadas. Seu sacrifício "pela multidão" exclui qualquer privilégio e abre a salvação a todos os homens.

Antes de voltar para a direita do Pai, Jesus confiou ao colégio dos apóstolos        (e particularmente a Pedro, como chefe desse colégio) o seu ministério pastoral junto àqueles que já chegaram à porta do redil e aos que ainda virão. Esse serviço torna efetiva a presença de Cristo ressuscitado no meio dos seus, prolonga-a no tempo (sucessão apostólica) e no espaço (colegialidade). Como todas as realidades que pertencem à Igreja peregrinante, o serviço pastoral é de ordem sacramental, e remonta ao Cristo Senhor que, invisível, leva os seus à comunhão de vida com o Pai através dos ministros da palavra e dos sacramentos. Especialmente na eucaristia, centro da instituição eclesial, aquele que preside à assembléia tem consciência de personificar o Cristo enquanto, associando os batizados ao seu sacrifício, fá-los entrar numa fraternidade universal e os funde numa comunhão de amor. Mas também no "governo" e na responsabilidade perante as comunidades e cada irmão individualmente, os pastores sabem que sua autoridade nasce da obediência a Cristo, a quem todo o corpo da Igreja deve buscar, e cuja voz lhes compete exprimir.


Falar hoje dos "pastores" da Igreja não é fácil, devido às incrustaões históricas que deformaram as perpectivas e as mentalidades, mesmo entre os fiéis. Restituir aos pastores e a suas funções na Igreja a verdade e a autenticidade é tarefa urgente hoje.
O papa, pastor supremo, ainda é visto em muitos ambientescomo um chefe político, um diplomata, a expressão de um monolitismo e de um absolutismo ultrapassados. Importa apresentá-lo como o centro de unidade e coesão da Igreja, o que realmente é. 
O bispo não é um solene dignitário, um alto funcionário do espírito, distante e separado do seu rebanho; é o centro de unidade da Igreja local, o mestre e pai da família diocesana. 
O pároco e os sacerdotes empenhados no ministério pastoral não são burocratas e funcionários a quem nos dirigimos para pôr em dia as nossas "práticas", não são altas personagens a quem se recorre para obter cartas de recomendação, nem distribuidores de esmolas ou de sacramentos. São acima de tudo "pastores" totalmente dedicados a seu povo, a quem servem com amor, respeito e dedicação total. 
Delegada a alguns homens, a autoridade na Igreja não pode ser mais do que o sinal do governo do senhor: não é absoluta; é uma autoridade que está em relação com o Cristo ressuscitado. A obediência do cristão é uma obediência de fé, oferecida ao Senhor, reconhecido nos sinais vivos, isto é, nas pessoas que dirigem a Igreja.


Cristãos dóceis ou rebeldes?
Cabe aqui uma consideração a respeito do rebanho, isto é, da comunidade e de cada um dos que crêem; não devem eles unicamente ser exigentes com seus pastores, com o magistério, com a Igreja como instituição (o que corresponde à correção fraterna); devem também sentir e manifestar-lhes seu profundo amor, impregnado de franqueza, caridade e obediência. Ao lado do Espírito de crítica e de rebelião, que grassa mesmo no seio da Igreja, não faltam os testemunhos. O cardeal Newman, que se tornou católico por devoção à Igreja, vê-se, em certo momento, impedido de trabalhar pela própria Igreja. Menosprezado pelos protestantes, mal interpretado por muitos católicos, olhado com desconfiança por certos bispos, suspeito de heresia, carregou sua cruz com paciência heróica, até o momento em que pôde retomar a atividade apostólica que era o objetivo de sua vida. "Será necessário superarmos a nós mesmos, morrendo como grãozinhos de trigo no campo da Igreja, em lugar de morrermos como revolucionários diante de suas portas"(K. Rahner).
Missal Dominical-


Neste domingo do bom pastor, rezemos pelos nossos pastores que Deus colocou à frente de sua Igreja Universal, da nossa Diocese e da nossa Paróquia e, reforcemos nossas orações pelas vocações sacerdotais e religiosas.


ORAÇÃO A JESUS BOM PASTOR


Iluminados e encorajados pela Vossa Palavra, nós vos pedimos, Senhor, por aqueles que já seguiram e agora vivem o vosso chamamento: pelos vossos Bispos, Presbíteros e Diáconos, e de igual modo pelos vossos Consagrados, Religiosos, Irmãos e Irmãs e ainda pelos vossos Missionários e por aqueles leigos generosos que operam nos Ministérios instituídos ou reconhecidos pela santa Igreja.
Amparai-os nas dificuldades. Confortai-os nos sofrimentos. Assisti-os na solidão. Protegei-os na perseguição e confirmai-os na fidelidade.


Nós Vos pedimos Senhor por aqueles que estão a procurar abrir a sua alma ao Vosso chamamento, ou que já se preparam para o seguir. Que a Vossa Palavra os ilumine, o Vosso exemplo os conquiste e a Vossa graça os guie até a meta das Ordens Sacras, dos votos religiosos ou do mandato missionário. Que para todos eles, Senhor, a Vossa Palavra seja guia e sustentáculo, a fim de saberem orientar, aconselhar e amparar os irmãos com aquela força de convicção e de amor que Vós possuís e que só Vós podeis comunicar. 
Assim seja. 
Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe nossa, rogai por todas as vocações.


Meditemos com a leitura do Ofício:

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa
(Hom. 14,3-6:PL76,1129-1130)     (Séc.VI)

Cristo, o bom pastor
 Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, isto é, eu as amo, e minhas ovelhas me
conhecem (Jo 10,14). É como se quisesse dizer francamente: elas correspondem ao amor
daquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente.

Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis. Vede se sois suas ovelhas, vede se o conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se o conheceis, quero dizer, não só pela fé, mas também pelo amor, se o conheceis não só pelo que credes, mas também pelas obras. O mesmo evangelista João, de quem são estas palavras, afirma ainda: Quem diz: “Eu conheço Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso (1Jo 2,4).

Por isso, nesta passagem do evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente: Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas (Jo 10,15). Como se dissesse explicitamente: a prova de que eu conheço o Pai e sou por ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto eu amo o Pai.

Continuando a falar de suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as
conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28). É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9). Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno.

 Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida.

Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar essas pastagens, onde nos alegraremos na
companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule.
Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho.

Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja.

Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a
beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim.

Responsório Cf. Jo 10,14.15. 1Cor 5,7b
R. Ressuscitou o Bom Pastor que entregou a sua vida
E morreu por seu rebanho. Aleluia.
V. Pois o Cristo, nossa Páscoa, foi por nós sacrificado.
E morreu.

0 comentários:

Postar um comentário

 
São Francisco da Penitência OFS Cabo Frio | by TNB ©2010