
Aurélio Agostinho nasceu em Tagaste, hoje região da Argélia, norte da África, em 13 de
novembro do ano 354, filho de Patrício e Santa Mônica.
Sua mocidade foi inquieta, agitada pelas paixões e desvios doutrinais. Possuía inteligência rara, aguda e penetrante; seu espírito irrequieto procurou a verdade através da filosofia, mas em vão. Formou-se com brilhantismo em retórica. Escrevia ensaios de poesia e filosofia.
Quando fugindo da mãe, foi para Roma, abriu uma escola de retórica. Depois de algum tempo recebeu a nomeação oficial de professor de retórica e gramática em Milão.
Aí, sentiu-se atraído pela fama do grande bispo Ambrósio, poeta e orador, e passou a assistir aos seus sermões. Primeiro atraído pela forma literária da pregação, depois pelo conteúdo, Agostinho termina por converter-se, recebendo a instrução e sendo batizado por Santo Ambrósio na Páscoa de 387, com trinta e três anos. Foram batizados com ele, o filho Adeodato, jovem inteligentíssimo, que morreu aos quinze anos, com grande dor para Agostinho e,Alípio, seu amigo inseparável.
Termina aí o seu longo caminho de conversão, concorrido através de sua sede de verdade e das orações e lágrimas de sua mãe.
Ele próprio descreve o momento em que Deus age em definitivo no processo de sua conversão: "Enquanto, chorando debaixo de uma figueira, debatia-me entre sentimentos e forças opostas... de súbito, ouço uma voz que cantava e repetia muitas vezes: 'Toma e lê, toma e lê...' Agarrei o livro (carta aos Romanos) e li para mim aquele capítulo que primeiro se apresentou aos meus olhos e eram estas as palavras: 'Caminhemos como de dia; nada de desonestidades, nem dissoluções; nada de contendas nem de ciúmes; ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não procureis satisfazer os desejos da carne' (Rm 13,13s). Não quis ler mais nem era necessário; pois penetrou-me no coração uma espécie de luz serena e todas as trevas de minhas dúvidas fugiram" (Confissões, cap. X).
Quando voltavam para a África, sua mãe Mônica veio a morrer na viagem, perto de Roma.
Na África, iniciou com alguns amigos, uma vida comunitária de meditação, estudo da Bíblia, oração e obras de caridade. Foi então procurado pelo Bispo de Hipona, velho e doente, para ajudá-lo na pregação. Ordenou-se sacerdote e pouco depois, ao morrer o bispo, foi aclamado seu sucessor, aos 42 anos.

Foi bispo da diocese por 34 anos, um pastor zeloso e vigilante, mestre insuperável de espiritualidade, pai dos pobres, iluminado, escritor fecundíssimo em todos os assuntos teológicos e defensor incansável da ortodoxia. Com muita capacidade combateu as heresias do seu tempo: maniqueísmo, donatismo, pelagianismo.
Sua influência pastoral atravessou as fronteiras da pequena cidade portuária, tornando-se como um oráculo de sabedoria teológica da civilização antiga ao cristianismo.
Foi grande teólogo, filósofo, moralista e apologista; tido como o mais profundo pensador entre os escritores do mundo antigo e, talvez, o maior gênio metafísico de todos os tempos.Exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do ocidente.
Sua linguagem expressiva e pessoal, apaixonada e cálida, convence, comove, seduz.
Entre as muitas obras que escreveu, destacam-se Confissões (autobiografia) e A Cidade de Deus (filosofia da história à luz da mensagem cristã), obra que levou treze anos para escrever e na qual lê-se esta afirmativa que é como um resumo de sua obra imortal:
"Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial".
Santo Agostinho morreu aos 28 de agosto de 430, com 76 anos de idade, amargurado com a invasão dos bárbaros à sua cidade episcopal.
A Igreja celebra sua memória no dia 28 de agosto.
(Seu símbolo é um coração em chamas e o olhar voltado para as alturas )
Ó ETERNA VERDADE E VERDADEIRA CARIDADE E CARA ETERNIDADE!
Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz eterna e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.
Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!
Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: "Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim".
E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1, 14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste.
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.
(Antífona ao Cântico Evangélico
Oração das Horas, Laudes)
De vós mesmo nos provém esta atração,
que louvar-vos, ó Senhor, nos dê prazer,
pois, Senhor, vós nos fizestes para vós;
e inquieto está o nosso coração,
enquanto não repouse em vós, Senhor.
ORAÇÃO
Renovai, ó Deus, na vossa Igreja aquele espírito com o qual cumulastes o bispo Santo Agostinho para que, repletos do mesmo espírito, só de vós tenhamos sede, fonte da verdadeira sabedoria e só a vós busquemos, autor do amor eterno. Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.
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