SANTO AGOSTINHO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Chamado "Doutor da Graça", pois como ninguém soube compreender os seus efeitos.
Aurélio Agostinho nasceu em Tagaste, hoje região da Argélia, norte da África, em 13 de
novembro do ano 354, filho de Patrício e Santa Mônica.

Sua mocidade foi inquieta, agitada pelas paixões e desvios doutrinais. Possuía inteligência rara, aguda e penetrante; seu espírito irrequieto procurou a verdade através da filosofia, mas em vão. Formou-se com brilhantismo em retórica. Escrevia ensaios de poesia e filosofia.

Quando fugindo da mãe, foi para Roma, abriu uma escola de retórica. Depois de algum tempo recebeu a nomeação oficial de professor de retórica e gramática em Milão.

Aí, sentiu-se atraído pela fama do grande bispo Ambrósio, poeta e orador, e passou a assistir aos seus sermões. Primeiro atraído pela forma literária da pregação, depois pelo conteúdo, Agostinho termina por converter-se, recebendo a instrução e sendo batizado por Santo Ambrósio na Páscoa de 387, com trinta e três anos. Foram batizados com ele, o filho Adeodato, jovem inteligentíssimo, que morreu aos quinze anos, com grande dor para Agostinho e,Alípio, seu amigo inseparável.

Termina aí o seu longo caminho de conversão, concorrido através de sua sede de verdade e das orações e lágrimas de sua mãe.

Ele próprio descreve o momento em que Deus age em definitivo no processo de sua conversão: "Enquanto, chorando debaixo de uma figueira, debatia-me entre sentimentos e forças opostas... de súbito, ouço uma voz que cantava e repetia muitas vezes: 'Toma e lê, toma e lê...' Agarrei o livro (carta aos Romanos) e li para mim aquele capítulo que primeiro se apresentou aos meus olhos e eram estas as palavras: 'Caminhemos como de dia; nada de desonestidades, nem dissoluções; nada de contendas nem de ciúmes; ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não procureis satisfazer os desejos da carne' (Rm 13,13s). Não quis ler mais nem era necessário; pois penetrou-me no coração uma espécie de luz serena e todas as trevas de minhas dúvidas fugiram" (Confissões, cap. X).

Quando voltavam para a África, sua mãe Mônica veio a morrer na viagem, perto de Roma.
Na África, iniciou com alguns amigos, uma vida comunitária de meditação, estudo da Bíblia, oração e obras de caridade. Foi então procurado pelo Bispo de Hipona, velho e doente, para ajudá-lo na pregação. Ordenou-se sacerdote e pouco depois, ao morrer o bispo, foi aclamado seu sucessor, aos 42 anos.

Foi bispo da diocese por 34 anos, um pastor zeloso e vigilante, mestre insuperável de espiritualidade, pai dos pobres, iluminado, escritor fecundíssimo em todos os assuntos teológicos e defensor incansável da ortodoxia. Com muita capacidade combateu as heresias do seu tempo: maniqueísmo, donatismo, pelagianismo.

Sua influência pastoral atravessou as fronteiras da pequena cidade portuária, tornando-se como um oráculo de sabedoria teológica da civilização antiga ao cristianismo.

Foi grande teólogo, filósofo, moralista e apologista; tido como o mais profundo pensador entre os escritores do mundo antigo e, talvez, o maior gênio metafísico de todos os tempos.Exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do ocidente.

Sua linguagem expressiva e pessoal, apaixonada e cálida, convence, comove, seduz.

Entre as muitas obras que escreveu, destacam-se Confissões (autobiografia) e A Cidade de Deus (filosofia da história à luz da mensagem cristã), obra que levou treze anos para escrever e na qual lê-se esta afirmativa que é como um resumo de sua obra imortal:
"Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial".

Santo Agostinho morreu aos 28 de agosto de 430, com 76 anos de idade, amargurado com a invasão dos bárbaros à sua cidade episcopal.

A Igreja celebra sua memória no dia 28 de agosto.

(Seu símbolo é um coração em chamas e o olhar voltado para as alturas )

Ó ETERNA VERDADE E VERDADEIRA CARIDADE E CARA ETERNIDADE!

Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz eterna e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!

Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: "Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim".

E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1, 14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste.

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.

(Antífona ao Cântico Evangélico
Oração das Horas, Laudes)

De vós mesmo nos provém esta atração,
que louvar-vos, ó Senhor, nos dê prazer,
pois, Senhor, vós nos fizestes para vós;
e inquieto está o nosso coração,
enquanto não repouse em vós, Senhor.

ORAÇÃO

Renovai, ó Deus, na vossa Igreja aquele espírito com o qual cumulastes o bispo Santo Agostinho para que, repletos do mesmo espírito, só de vós tenhamos sede, fonte da verdadeira sabedoria e só a vós busquemos, autor do amor eterno. Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.

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