Ecologia, uma das prioridades do Papa Francisco

domingo, 9 de fevereiro de 2014

É preciso calcular a pegada "ecológica" do novo papa? Francisco escolheu o seu nome em homenagem a São Francisco de Assis, famoso pela sua atenção a "toda a criação", "santo patrono dos ecologistas" desde 1979, quando João Paulo II reafirmou a preocupação da Igreja Católica pelas questões ambientais. O símbolo é atraente.

Ainda mais que, no dia seguinte à sua eleição, evocando o santo italiano, "homem da pobreza, homem da paz, homem que ama e preserva a criação", o papa afirmou: "Neste momento, temos com a criação uma relação que não é é muito boa, não é?". Algumas semanas depois, ele interpelava os responsáveis políticos e econômicos mundiais: " Nós somos ´guardiões´ da Criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente".

Em meados de janeiro, diante dos diplomatas credenciados no Vaticano, ele retomava uma frase muito citada no âmbito católico: "Deus perdoa sempre, o homem algumas vezes, enquanto a Criação, se maltratada, nunca perdoa". Francisco também denuncia a "cultura do desperdício", que se aplica hoje "aos bens e às pessoas".

"Não ao fracking"
Em novembro de 2013, ele posou ao lado de compatriotas argentinos que exibiam uma camiseta com a frase "No al fracking" (não ao fraturamento hidráulico). Recentemente, o Vaticano confirmou que o papa planeja a escrita de uma encíclica sobre a "ecologia da humanidade", que, além da proteção da natureza, pressupõe o respeito "por todas as criaturas de Deus". Um documento semelhante, consagrado exclusivamente às relações entre o homem e a natureza, seria inédito.

Além disso, o Papa Francisco se mostra mais atento a esses problemas em comparação aos seus antecessores? Ou é a Igreja Católica, no seu conjunto, que acompanha a conscientização da sociedade sobre esses temas? "Todos os papas, sobre esses temas, estão em perfeita continuidade", observa Dom Marc Stenger, especialista no assunto para o episcopado francês. "Mas, enquanto o quilate ecológico dos papas foi reconhecido ao longo dos anos, com Francisco, esses problemas foram postos desde o início como um ponto-chave do seu pontificado".

Paulo VI, em 1972, durante a Conferência sobre o Clima das Nações Unidas, foi o primeiro papa a explicitamente colocar em alerta contra "os desequilíbrios provocados na biosfera pela exploração desordenada das reservas físicas do planeta, o desperdício dos recursos naturais não renováveis, a poluição e o atentado contra a vida vegetal e animal". Mas, em nível local, as Igrejas permaneceram tímidas.

Convencidos, como todo crente, de que "Deus é o autor da Criação", João Paulo II e Bento XVI, depois, fizeram desse tema uma recorrência do seu ensino. Mas a ecologia cristã, se recomenda uma mudança nos modelos de desenvolvimento e de consumo, também apresenta especificidades. Ela defende a ligação entre a ecologia e a paz, assim como o lugar do ser humano dentro da criação.

Assim, Bento XVI afirmava em 2007: "Quando a Igreja Católica assume a defesa da Criação, obra de Deus, não deve apenas defender a terra, a água, o ar (...), mas também proteger o ser humano contra a própria destruição", uma alusão à defesa da vida "desde a concepção até o fim natural".
Le Monde, 05-02-2014

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