Quando os papas João 23 e João Paulo 2º forem declarados santos no domingo, a cerimônia do Vaticano será tanto um evento espiritual para o catolicismo romano como uma lição na política sutil da maior igreja do mundo.
A maioria dos 1,2 bilhão de católicos do mundo vai concordar que esses dois homens, cada um a seu modo, eram pastores santos e carismáticos que ajudaram a sua Igreja de 2.000 anos a enfrentar os desafios da era moderna.
Quando se entra em detalhes, porém, as opiniões começam a divergir. Os debates são longos e complexos, mas a noção popular de João como um liberal e João Paulo como um fiel conservador demonstra como eles são vistos.
Desse modo, eles simbolizam dois grupos na Igreja Católica que estão em desacordo há décadas, às vezes com amargura, sobre como interpretar os resultados da reforma do II Concílio do Vaticano de 1962-1965, que foi lançada por João e amplamente implementada por João Paulo.
Ao canonizar ambos, o papa argentino Francisco estará usando o simbolismo da unidade para exortar os católicos a olharem para além destas divisões e se unirem no Evangelho.
"Estes dois papas representam diferentes alas da Igreja", disse Ashley McGuire da Associação Católica, um grupo de leigos com sede em Washington que defende abordagens católicas para questões públicas.
"A unidade é um grande tema do pontificado do papa Francisco. Ele está dizendo que somos todos católicos, estamos juntos em um caminho comum."
Embora os papas simbolizam a unidade da Igreja, cada um deles tem suas próprias prioridades. Algumas são explicitadas em sermões e encíclicas, outras em atos de nomeações de bispos e cardeais ou escolhas de candidatos a declarar como santos.
"Canonizar papas pode causar divisões políticas na Igreja, quando é uma tentativa por parte de uma facção de impor seu modelo de papado no futuro, reforçando o legado de seu papa favorito", disse o reverendo Thomas Reese, um fecundo analista jesuíta norte-americano de assuntos do Vaticano, sobre as canonizações.
"A solução de Francisco é brilhante... já que os dois homens são tão diferentes, não canoniza nenhum deles como modelo de papa. Isso o deixa livre para seguir seu próprio caminho."
O papa João, que nasceu na Itália em 1881 e reinou de 1958 a 1963, é mais lembrado por convocar o Concílio para promover uma modernização da Igreja.
Ele morreu após a primeira das quatro sessões do Concílio e não testemunhou o alcance de suas mudanças - incluindo o fim da missa em latim, o uso da música moderna e os desafios à autoridade do Vaticano -, que agradou os reformistas mas alienou aqueles mais confortáveis com as formas tradicionais.
O polonês João Paulo 2º, papa entre 1978 e 2005, manteve muitas das reformas do Concílio, mas mudou a ênfase para uma Igreja mais centralizada, condenou de forma mais clara os teólogos rebeldes e a liberdade sexual.
Essa posição mais conservadora foi ampliada por seu sucessor alemão Bento 16, papa entre 2005 e 2013, que trouxe de volta um estilo litúrgico mais antigo e readmitiu ultra-tradicionalistas que rejeitam o Concílio e foram excomungados por João Paulo.
Além de debates sobre o Concílio, o escândalo de abuso sexual de crianças por padres paira sobre os dois últimos pontificados, criando mais divergências dentro da Igreja.
A maioria dos 1,2 bilhão de católicos do mundo vai concordar que esses dois homens, cada um a seu modo, eram pastores santos e carismáticos que ajudaram a sua Igreja de 2.000 anos a enfrentar os desafios da era moderna.
Quando se entra em detalhes, porém, as opiniões começam a divergir. Os debates são longos e complexos, mas a noção popular de João como um liberal e João Paulo como um fiel conservador demonstra como eles são vistos.
Desse modo, eles simbolizam dois grupos na Igreja Católica que estão em desacordo há décadas, às vezes com amargura, sobre como interpretar os resultados da reforma do II Concílio do Vaticano de 1962-1965, que foi lançada por João e amplamente implementada por João Paulo.
Ao canonizar ambos, o papa argentino Francisco estará usando o simbolismo da unidade para exortar os católicos a olharem para além destas divisões e se unirem no Evangelho.
"Estes dois papas representam diferentes alas da Igreja", disse Ashley McGuire da Associação Católica, um grupo de leigos com sede em Washington que defende abordagens católicas para questões públicas.
"A unidade é um grande tema do pontificado do papa Francisco. Ele está dizendo que somos todos católicos, estamos juntos em um caminho comum."
Embora os papas simbolizam a unidade da Igreja, cada um deles tem suas próprias prioridades. Algumas são explicitadas em sermões e encíclicas, outras em atos de nomeações de bispos e cardeais ou escolhas de candidatos a declarar como santos.
"Canonizar papas pode causar divisões políticas na Igreja, quando é uma tentativa por parte de uma facção de impor seu modelo de papado no futuro, reforçando o legado de seu papa favorito", disse o reverendo Thomas Reese, um fecundo analista jesuíta norte-americano de assuntos do Vaticano, sobre as canonizações.
"A solução de Francisco é brilhante... já que os dois homens são tão diferentes, não canoniza nenhum deles como modelo de papa. Isso o deixa livre para seguir seu próprio caminho."
O papa João, que nasceu na Itália em 1881 e reinou de 1958 a 1963, é mais lembrado por convocar o Concílio para promover uma modernização da Igreja.
Ele morreu após a primeira das quatro sessões do Concílio e não testemunhou o alcance de suas mudanças - incluindo o fim da missa em latim, o uso da música moderna e os desafios à autoridade do Vaticano -, que agradou os reformistas mas alienou aqueles mais confortáveis com as formas tradicionais.
O polonês João Paulo 2º, papa entre 1978 e 2005, manteve muitas das reformas do Concílio, mas mudou a ênfase para uma Igreja mais centralizada, condenou de forma mais clara os teólogos rebeldes e a liberdade sexual.
Essa posição mais conservadora foi ampliada por seu sucessor alemão Bento 16, papa entre 2005 e 2013, que trouxe de volta um estilo litúrgico mais antigo e readmitiu ultra-tradicionalistas que rejeitam o Concílio e foram excomungados por João Paulo.
Além de debates sobre o Concílio, o escândalo de abuso sexual de crianças por padres paira sobre os dois últimos pontificados, criando mais divergências dentro da Igreja.
Reuters
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