´Identidade cristã se realiza com a ressurreição´

sábado, 20 de setembro de 2014

'Cidade do Vaticano - O caminho do cristão se realiza na Ressurreição. Foi o que disse o papa Francisco na homilia da manhã desta sexta-feira (19), na Casa Santa Marta. O pontífice, comentando as palavras de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, destacou que os cristãos parecem ter dificuldade em acreditar na transformação do próprio corpo após a morte.
O papa Francisco centralizou sua homilia sobre a primeira leitura que vê São Paulo comprometido a fazer uma “correção difícil”, “a da Ressurreição”. O Apóstolo dos gentios se dirige à comunidade de cristãos de Corinto. Eles acreditavam que “Cristo ressuscitou” e “ajuda-nos do céu”, mas não estava claro para eles que “também nós ressuscitaremos”.

"Eles - disse Francisco - pensavam de outra forma: sim, os mortos são justificados, não irão para o inferno - muito bonito! - mas irão um pouco no cosmos, no ar, ali, a alma diante de Deus, somente a alma”. Além disso, continuou, também São Pedro , “na manhã da Ressurreição saiu correndo ao sepulcro e pensava que o tinham roubado”.

E assim também Maria Madalena. “Não entrava na cabeça deles - observou - uma ressurreição “real”. Eles não conseguiam entender a “passagem nossa da morte à vida” por meio da Ressurreição. No final, comentou o Papa, “eles aceitaram a ressurreição de Jesus porque O viram”, mas “a dos cristãos não era entendida dessa forma”.

Além disso, recordou, quando São Paulo vai a Atenas e começa a falar da Ressurreição de Cristo, os gregos sábios, filósofos, ficam assustados: “Mas a ressurreição dos cristãos é um escândalo, não podem entendê-la. E é por isso que Paulo faz este raciocínio, raciocina assim, de modo claro: 'Se Cristo ressuscitou, como podem dizer alguns entre vocês que não há ressurreição dos mortos? Se Cristo ressuscitou, também os mortos serão ressuscitados’. Há resistência à transformação, a resistência para que a obra do Espírito que recebemos no Batismo nos transforme até o final, à Ressurreição. E quando falamos disto, a nossa linguagem diz: ‘Mas, eu quero ir para o Céu, não quero ir para o inferno', mas paramos ali. Nenhum de nós diz: “Eu ressuscitarei como Cristo’: não. Também para nós é difícil entender isso”.

“É mais fácil - destacou - pensar em um panteísmo cósmico”. Isto porque “ há a resistência a sermos transformados, que é a palavra que usa Paulo: ‘Vamos ser transformados. Nosso corpo será transformado’”. “Quando um homem ou uma mulher deve se submeter a uma cirurgia – revelou o Papa - tem muito medo porque ou irão tirar algo ou colocar algo ... vai ser transformado, por assim dizer.

E reafirmou que “com a Ressurreição, todos nós seremos transformados”: “Este é o futuro que nos espera e isto é o fato que nos leva a fazer tanta resistência: resistência à transformação do nosso corpo. Também, resistência à identidade cristã; Direi mais: talvez não tenhamos tanto pavor do Maligno do Apocalipse, do Anticristo que deve vir primeiro; talvez não tenhamos tanto pavor. Talvez não tenhamos tanto pavor da voz do Arcanjo ou do som da tromba: mas, será a vitória do Senhor. Mas pavor de nossa ressurreição: todos seremos transformados. Será o fim de nosso percurso cristão, essa transformação".

Essa “tentação de não crer na Ressurreição dos mortos – prosseguiu – nasceu” nos “primeiros dias da Igreja”. E quando Paulo teve de falar sobre isso aos Tessalonicenses, “no fim, para consolá-los, para encorajá-los disse uma frase mais plena de esperança que está no Novo Testamento, e disse assim: “No fim, estaremos com Ele”. Eis, disse Francisco, assim é a identidade cristã: “Estar com o Senhor. Assim, com o nosso corpo e com nossa alma”.

Nós, acrescentou, “ressuscitaremos para estar com o Senhor, e a Ressurreição começa aqui, como discípulos, se estivermos com o Senhor, se caminhamos com o Senhor”. Isto, reafirmou, “é o caminho para a Ressurreição. E se estivermos habituados a estar com o Senhor, este pavor da transformação do nosso corpo se afasta”. A Ressurreição, disse ainda, “será como um despertar”. Jó disse eu verei com os meus olhos”. Não espiritualmente – fez notar o Papa – não”, “ com o meu corpo, com os meus olhos transformados”.

 “A identidade cristã – advertiu – não termina com um triunfo temporal, não termina com uma bela missão”, a identidade cristã se realiza com a Ressurreição dos nossos corpos, com a nossa Ressurreição”. “Este será o fim, para nos saciarmos com a visão do Senhor. A identidade cristã é um caminho onde se encontra o Senhor; como os dois discípulos que “estiveram com o Senhor” toda aquela tarde, também toda nossa vida é chamada a estar com o Senhor para – finalmente, depois da voz do Arcanjo, depois do som da trombeta – permanecer, estar com o Senhor”.
SIR

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