´Escutem a voz dos pobres!´

sábado, 17 de janeiro de 2015


Por Andrea Tornielli

A tradição bíblica "prescreve para todos os povos o dever de escutar a voz dos pobres e de quebrar as correntes da injustiça e da opressão". Foi o que disse Francisco no primeiro discurso em Manila, encontrando-se, na manhã de ontem, com as autoridades e o corpo diplomático no palácio presidencial. O papa invocou a "firme rejeição de todas as formas de corrupção, que desvia recursos dos pobres" e pediu "apoio" para a família e respeito pelo "inalienável direito à vida".
Uma multidão imensa – quase um milhão de pessoas – tinha se derramado pelas ruas na noite quinta para acolher Francisco. E uma multidão imensa seguiu na manhã de ontem os percursos do papamóvel. No palácio presidencial Malancañan, construído em estilo colonial espanhol dentro de um grande parque na margem norte do rio Pasig, o papa encontrou o presidente das Filipinas, Benigno Cojuangco Aquino III, filho da ex-presidente Corazón Aquino.
Saudado por 21 salvas de tiros, o papa recebeu um lenço refrescante em sinal de hospitalidade. Depois da conversa com Aquino, Francisco, no Rizal Cerimonial Hall, encontrou-se com as autoridades. O presidente, no seu discurso, lamentou-se da atitude da Igreja, considerada por ele muito crítica com os políticos: "Criticam-me pelo corte de cabelo".
Depois, o papa tomou a palavra, falando em inglês. Ele lembrou que o país se prepara para celebrar o quinto aniversário da "primeira proclamação do Evangelho" e disse que a visita "quer expressar a minha proximidade aos nossos irmãos e irmãs que suportaram os sofrimentos, os danos e as devastações causadas pelo tufão Yolanda. Junto com os povos de todo o mundo, admirei a força, a fé e a resistência heroicas demonstradas por tantos filipinos diante desse desastre natural, e de tantos outros. Essas virtudes, enraizadas, não por último, na esperança e na solidariedade instiladas pela fé cristã, deram origem a uma profusão de bondade e generosidade, especialmente por muitos jovens. Naquele momento de crise nacional, inúmeras pessoas vieram em auxílio dos seus vizinhos em necessidade. Com grande sacrifício, ofereceram o seu tempo e os seus recursos, criando uma rede de apoio mútuo e de compromisso com o bem comum".
Um exemplo de solidariedade que oferece "uma lição importante". Indispensável, sublinhou Francisco, "é o imperativo moral de assegurar a justiça social e o respeito pela dignidade humana. A grande tradição bíblica prescreve para todos os povos o dever de escutar a voz dos pobres e de quebrar as correntes da injustiça e da opressão, que dão origem a claras e escandalosas desigualdades sociais".
"A reforma das estruturas sociais que perpetuam a pobreza e a exclusão dos pobres, acima de tudo, exige uma conversão da mente e do coração." Os bispos das Filipinas pediram que o ano de 2015 seja proclamado como o "Ano dos Pobres". "Espero que essa reivindicação profética – disse o papa – determine, em cada um, em todos os níveis da sociedade, a firme rejeição de todas as formas de corrupção, que desvia recursos dos pobres, e determine a vontade de um esforço concertado para incluir cada homem, mulher e criança na vida da comunidade."
Francisco, depois, mencionou a importância da família e dos jovens. "A família também pode ser desfigurada e destruída. Ela precisa do nosso apoio. Sabemos como é difícil hoje, para as nossas democracias, preservar e defender tais valores humanos fundamentais, como o respeito pela inviolável dignidade de toda pessoa humana, o respeito pelos direitos da liberdade de consciência e de religião, o respeito pelo inalienável direito à vida, começando pelos nascituros até a dos idosos e dos doentes. Por essa razão, famílias e comunidades locais devem ser encorajadas e ajudadas nos seus esforços para transmitir aos nossos jovens os valores e a visão capazes de ajudar a promover uma cultura de honestidade, que honre a bondade, a sinceridade, a fidelidade e a solidariedade, assim como bases sólidas e cola moral que mantenha a sociedade unida."
Por fim, o papa, com uma referência à situação em Mindanao, disse confiar que "o progresso realizado ao levar a paz ao sul do país produzirá soluções justas de acordo com os princípios fundadores da nação e no respeito aos direitos inalienáveis de todos, incluindo as populações indígenas e as minorias religiosas".
Vatican Insider, 16-01-2015.  17/01/2015  |  domtotal.com

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