Maria: Mater Misericordiae

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Através da mediação materna de Maria, Igreja se torna lugar do encontro com a misericórdia divina.
Por Dom Leomar Brustolim*
Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia! A saudação que frequentemente a Igreja dirige à Mãe de Deus foi composta pelo bispo Ademar de Puy, no fim do século XI. A relação estreita entre rainha e misericórdia estabelece a identidade e a singularidade dessa proclamação. Maria é rainha, porque é Mãe de Jesus Cristo Rei. Ele é Senhor de um reinado que não terá fim (cf. Lc 1,33) e, em suas palavras e gestos, o Reino está presente. (cf. Mc 1,15). Nele, os sinais do Reino concretizam a misericórdia do Pai. (cf. Mt 5, 1-12). A mãe de Jesus percebe o advento deste tempo novo que seu filho traz e guarda tudo em seu coração (Cf. Lc 2,51).
Em Maria resplandece o amor misericordioso de Deus. Ele é transcendente e eterno, mas se comove totalmente com as misérias humanas. A Virgem de Nazaré experimentou de forma única o amor de Deus pela humanidade. O fruto desse amor tornou-a Mãe do Messias: o “Consolador”. “Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor.” [1] Ela continua envolvida na ação misericordiosa de Deus através da Igreja e de sua missão.
Inspirada em Maria, a Igreja deve construir a civilização da misericórdia. A história, apesar de seus revezes, não é o cemitério da civilização, nem o cenário apocalíptico da morte. Através da mediação materna de Maria, a Igreja se torna o lugar do encontro com a misericórdia divina. Na Virgem Maria se realiza totalmente o versículo evangélico que convoca os cristãos a serem misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso. (cf. Lc 3, 36).
Máximo, o “Confessor”, escreveu a obra: A vida de Maria e, sobre os últimos anos da Mãe de Jesus, ele afirmou: “A sua misericórdia não era somente para os parentes e os conhecidos, mas também para os estranhos e inimigos, porque era verdadeiramente a Mãe da Misericórdia, a Mãe do Misericordioso, […] a Mãe daquele que por nós se encarnou e foi crucificado, para infundir sobre nós, inimigos e rebeldes, a sua misericórdia”.[2]
Nesse mesmo sentido, o Papa Francisco ensina: “Ao pé da cruz, Maria, juntamente com João, o discípulo do amor, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. O perdão supremo oferecido a quem O crucificou mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém.”[3]
Maria é a mulher que fez a experiência única da consolação de Deus para estabelecer a Nova Aliança, ela “é quem de maneira singular e excepcional experimentou, como ninguém, a misericórdia e, também de maneira excepcional, tornou possível com o sacrifício de seu coração a própria participação na revelação da misericórdia divina”.[4]
Peçamos à Mãe de Misericórdia que nos ensine a acolher o infinito amor do Pai das misericórdias, para não limitarmos nossa capacidade de perdoar, acolher e amar. E que possamos praticar o que São João Damasceno ensina, ao dizer que a melhor forma de devoção à Maria é cumprir as obras de misericórdia.
Rogai por nós, Ó misericordiosa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!
CNBB
Dom Leomar Brustolim é bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS). [1] Papa Francisco. Misericordiae Vultus, nº. 24. [2] Textos Marianos do Primeiro Milênio 2, 480. [3] Papa Francisco. Misericordiae Vultus, nº. 24. [4] João Paulo II, Dives in misericordia, nº. 9.

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