No século XVI a Europa clamava pela reforma da Igreja que deveria começar pelos próprios bispos e padres. "O Concílio de Trento legislou admiravelmente sobre o assunto. Mas eram ainda muitos os que duvidavam da eficácia dos decretos. Carlos Borromeu, arcebispo de Milão, executou todos os decretos da reforma, e com isto criou um modelo que influiu na Igreja toda".Nascido em Arona, perto de Milão (Itália), no dia 2 de outubro de 1538, teve por mãe uma mulher piedosa, irmã do Papa Pio IV, que cuidou da educação moral e religiosa do filho. Possuía uma inteligência aberta e tino especial para lidar com as pessoas e os negócios, e cursou Direito na Universidade de Pavia.
Teve um começo na carreira eclesiástica, pouco animador para os que desejavam a reforma da Igreja. A política nepotista era característica de muitos papas naqueles séculos, assim o papa Pio IV chamou a Roma o sobrinho Carlos, e nomeou-o cardeal e arcebispo de Milão, mesmo sem ser sacerdote e contando apenas vinte e dois anos de idade.
Mas, como os caminhos do Senhor são misteriosos, dois anos depois, Carlos recebeu as ordens do sacerdócio e do episcopado e, daí em diante a piedade e ascese tomaram a direção de sua vida.
Foi ótimo conselheiro do tio como secretário, influenciando na conclusão do Concílio de Trento. Após o término do Concílio, fixou-se em Milão, sua diocese, para imediatamente dedicar-se à tarefa da reforma da Igreja, até sua morte aos quarenta e seis anos, esgotado pela fadiga.
Como arcebispo de Milão, mostrou-se fiel cumpridor dos seus deveres pastorais e promotor da dinamização da vida eclesiástica na diocese. Organizou e presidiu vários sínodos diocesanos, promoveu numerosos concílios provinciais, incentivou o dever da residência dos vigários; aplicou o decreto do Concílio de Trento relativo à fundação de seminários para a formação cultural e espiritual dos candidatos ao sacerdócio. Favoreceu a fundação de escolas para a cultura religiosa e profana, deu incremento à formação catequética dos fiéis, impulsionou a boa imprensa.
Sua ação pastoral foi vasta e muito profunda.Suas diretrizes e iniciativas principalmente no campo da doutrinação dos fiéis, atravessaram séculos. Realizou a visita pastoral em toda a diocese, com mais de mil paróquias, viajando até às localidades e igrejas de difícil acesso e bem afastadas. Foi visitador apostólico nas 15 dioceses sufragâneas de Milão, visitadas em viagens cansativas, com a missão de introduzir as reformas do Concílio de Trento. Percorreu tambem muitas regiões da Suiça, cuja fé católica estava ameaçada pelas doutrinas heréticas.
Grande como bispo e como santo, foi modelo perfeito de pastor, conforme o ideal traçado no Concílio de Trento. Nas suas visitas, precedidas ou acompanhadas por missões populares, promovia verdadeira renovação cristã. A esta atividade, unia uma caridade extraordinária e verdadeira piedade, principalmente nos anos em que a peste se alastrava pela sua diocese.
"Filho de uma época barroca, deu também mostras de uma piedade impressionante naquele tempo. Durante a peste, promoveu uma procissão de penitência para pedir a misericórdia divina e o perdão dos pecados, aos quais se atribuía a calamidade pública. Como exemplo de penitente, o arcebispo acompanhou a procissão de pés descalços, com uma corda ao pescoço e uma
cruz aos ombros".
Quando em outubro de 1584, como era de costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre, aos quais não deu importância e dizia: “Um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se e consumiram as forças do Arcebispo. Ao receber os santos sacramentos, expirou aos 03 de novembro de 1584. Suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho, vou já”.
São Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de 46 anos.
Foi pranteado por todo o povo, popularizando-se o seu culto e, numerosas instituições floresceram em seu nome.
O Papa Paulo V canonizou-o em 1610, e fixou a data da festa para o
dia 04 de novembro.
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