O abade Ildefonso era um homem de Deus sábio, zeloso e vigilante. Sua presença impressionava: era de alta estatura, andar grave, possuíndo o perfil de asceta aliado a um grande poder de eloquência. Era, no entanto, prudente e afável, e quando preciso sabia reivindicar a justiça com energia. Sempre "pronto para a batalha" (é este o significado do seu nome) contra o mal em favor do Reino de Deus.
Foi discípulo do grande bispo e doutor da Igreja, Santo Isidoro de Sevilha. Ainda jovem entrou no Convento São Cosme e Damião, em Agali, perto de Toledo, formando-se na mais autêntica disciplina monástica, nas mãos de mestres ilustres, que estiveram à frente daquele mosteiro e o tornaram famoso.
Toledo era uma cidade romana antiga, no centro da Espanha; o Cristianismo entrou na cidade já no século I, e ela tornou-se a diocese mais importante da Espanha, sede do reino godo. Era uma diocese muito vasta e com um papel importante na Igreja da Espanha.
Em 657, com a morte de Santo Eugênio, arcebispo de Toledo a escolha para a sucessão caiu sobre o abade, que tornou-se bispo zeloso e vigilante daquela diocese por dez anos, destacando-se pela evangelização dos redutos pagãos existentes na diocese, pelo culto da liturgia, conforme a tradição beneditina e, na defesa da fé, usando de sua eloquência e também de sua arte de escritor.
Deixou várias obras que ainda conservam seu valor histórico e dogmático, como o "Livro sobre o batismo", "O progresso espiritual", uma catequese para a educação permanente na fé, dirigida diretamente aos fiéis, a biografia de quatorze personalidades do clero espanhol, com dados preciosos sobre a história da Espanha.
Escritor de caráter dogmático e apologético, pois defende a virgindade de Maria Santíssima contra hereges e judeus, que a negavam; sua obra prima é o livro "A perpétua virgindade de Maria, Mãe de Deus", no qual sustenta que Maria foi virgem antes, durante e depois do parto, um livro de grande aceitação, e que se tornou base de toda a literatura mariana espanhola, na Idade Média. Nesta obra ele fala como estudioso, como bispo, e sobretudo, com o amor de filho. No fim ele exclama: "Concede-me, Senhora, poder estar sempre unido a Deus e a ti; servir a ti e a teu filho, ser escravo do teu e meu Senhor. Meu, porque meu Criador; teu, porque lhe foste mãe.Quero ser teu escravo, ó Senhora, porque teu filho é o meu Senhor e tu minha Senhora, pois és a Mãe do meu Criador e Senhor". Sem nenhuma preocupação literária, somente pastoral, dedica-se apenas a fornecer o alimento puro do Evangelho aos seus filhos espirituais.
Santo Ildefonso faleceu em Toledo, em 667, foi sepultado na basílica de Santa Leocádia, padroeira da cidade. Sobre o seu túmulo encontra-se escrito: "Tocha acesa, âncora da fé".
Como teólogo, Santo Ildefonso faz parte do patrimônio doutrinal dos grandes Padres da Igreja, como S. Jerônimo, S. Agostinho, S. Gregório Magno.
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