Com as suas palavras e com a sua vida, Santa Catarina de Bolonha é um forte convite a deixar-nos guiar sempre por Deus, a cumprir quotidianamente a sua vontade, embora muitas vezes não corresponda aos nossos desígnios, ... à distância de muitos séculos, ainda é muito moderna e fala à nossa vida. Como nós, ela sofre a tentação, padece as tentações da incredulidade, da sensualidade, de um difícil combate espiritual. Sente-se abandonada por Deus, encontra-se na obscuridade da fé. Mas em todas estas situações apoia-se sempre na mão do Senhor, não O deixa, não O abandona. E caminhando de mãos dadas com o Senhor, percorre a via reta e encontra o caminho da luz... e nos diz: coragem, também na noite da fé, mesmo em muitas dúvidas que possam existir, não deixa a mão do Senhor, caminha de mãos dadas com Ele, crê na bondade de Deus; assim é caminhar pela vida reta!(Papa Bento XVI)
Também conhecida como Santa Catarina Vegri, nasceu no dia 08 de setembro de 1413, na cidade de Bolonha, Itália. Seu pai era o estimado juiz João de Vegri e trabalhava para a corte local, bem situado socialmente, dispunha de razoável conforto para a família.
Também conhecida como Santa Catarina Vegri, nasceu no dia 08 de setembro de 1413, na cidade de Bolonha, Itália. Seu pai era o estimado juiz João de Vegri e trabalhava para a corte local, bem situado socialmente, dispunha de razoável conforto para a família.
Quando a menina completou nove anos de idade, a família se transferiu para Ferrara, porque seu pai tinha sido convocado pelo duque Nicolau III, que estava construindo seu ducado, composto pelas cidades de Ferrara, Modena e Reggio. E ela foi nomeada dama de companhia de Margarida, filha de Nicolau.
Dessa forma Catarina vivia na florescente corte, cercada pela nata de artistas e intelectuais. Aprendia música, pintura, dança e as tradicionais matérias acadêmicas, com os renomados da época, mas demonstrava vontade e determinação de se tornar religiosa. E foi o que fez quando toda essa opulência terminou, com a morte prematura de seu pai.
Catarina tinha então treze anos e teve de voltar para Bolonha, com sua mãe Benvinda Manolini, que se casara outra vez.
Passado um ano de luto ela ingressou na Ordem terceira de São Francisco, em Bolonha, onde permaneceu por cinco anos, vividos sob intensos conflitos interiores e angústias pessoais.
Em 1432, retornou para Ferrara para ingressar na Ordem de Santa Clara, onde trabalhou incessantemente, fiel às Regras fazendo todos os tipos de trabalhos: lavou pratos, cuidou da horta, da portaria, ensinou catecismo, escreveu novas orações e compôs novos cantos, até finalmente ser eleita abadessa, para administrar o convento que se tornou famoso e muito procurado.
Tudo indicava que era necessário fundar mais um, e Catarina, como abadessa que era, o construiu em Bolonha, inaugurando-o em 1456. Nele ela viu ingressar sua mãe, que de novo se encontrava viúva.
Contam os registros e a tradição que Catarina possuía vários dons especiais. Enriquecidos pelo trabalho árduo e sofrimento pessoal, traduziram-se através de visões contemplativas e fatos prodigiosos, inclusive por graças, que operou em vida.
De suas contemplações, a mais conhecida foi a primeira: lhe possibilitou presenciar o juízo final e a marcou por toda a vida.
Outra bastante divulgada foi a que ocorreu na noite de Natal de 1456: Catarina ficou orando a noite toda e, no fim da madrugada, lhe apareceu Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo, que depois passou para os seus braços. Desta visão deixou uma pintura que se encontra no
museu do Vaticano. Deixou vários escritos entre eles: "Tratado em sete armas espirituais".
A fama de sua santidade se propagou ainda em vida entre os fiéis. Mas logo depois de sua morte no dia 09 de março de 1463, passou a ser chamada de santa por todos, pelos prodígios e graças que logo ocorreram no local de sua sepultura.
Dezoito dias depois de sua morte, seu corpo foi exumado, para ser transladado e aí se constatou que ele estava incorrupto, maleável e exalando um doce perfume.
Desde então, ela não foi mais sepultada, foi colocada sentada numa cadeira, na capela ao lado do altar mor da igreja do
convento Corpus Domini, em Bolonha.
E assim permanece até nossos dias, sem se deteriorar, apesar dos vários séculos transcorridos.
O culto à Santa Catarina Vegri ou da Bolonha foi autorizado em 22 de maio de 1712 pelo papa Clemente XI e o dia de sua morte escolhido para sua veneração litúrgica. É padroeira da Academia de Arte de Bolonha, dos pintores e das artes liberais.
fonte:derradeirasgracas
Recentemente a catequese do Papa foi voltada para Santa Catarina de Bolonha; acompanhe abaixo:
Audiência geral de quarta-feira dedicada a santa Catarina de Bolonha
Autoridade é servir o próximo
Recentemente a catequese do Papa foi voltada para Santa Catarina de Bolonha; acompanhe abaixo:
Audiência geral de quarta-feira dedicada a santa Catarina de Bolonha
Autoridade é servir o próximo
Para ser credível, a
autoridade deve ser exercida como serviço ao próximo, recordou o Papa na
audiência geral de quarta-feira 29 de Dezembro, na sala Paulo VI, falando de
santa Catarina de Bolonha.
Prezados irmãos e irmãs
Numa recente catequese falei de santa Catarina de Sena. Hoje gostaria de vos apresentar outra santa, menos conhecida, que tem o mesmo nome: santa Catarina de Bolonha, mulher de vasta cultura, mas muito humilde; dedicada à oração, mas sempre pronta a servir; generosa no sacrifício, mas cheia de alegria no acolhimento da cruz com Cristo.
Nasce em Bolonha a 8 de Setembro de 1413, primogénita de Benvenuta Mammolini e de Giovanni de' Vigri, patrício rico e culto de Ferrara, doutor em leis e leitor público em Pádua, onde desempenhava funções diplomáticas para Niccolò III d'Este, marquês de Ferrara. As notícias sobre a infância e a adolescência de Catarina são escassas e nem todas são certas. Vive a infância em Bolonha, na casa dos avós; ali é educada pelos parentes, sobretudo pela mãe, mulher de grande fé. Transfere-se com ela para Ferrara com cerca de dez anos e entra na corte de Niccolò III d'Este como donzela de honra de Margherita, filha natural de Niccolò. O marquês está a transformar Ferrara numa cidade esplendorosa, chamando artistas e letrados de vários países. Promove a cultura e, embora leve uma vida particular não exemplar, cuida muito do bem espiritual, da conduta moral e da educação dos súbditos.
Em Ferrara Catarina não ressente dos aspectos negativos, que muitas vezes a vida de corte comportava; goza da amizade de Margherita e torna-se a sua confidente, enriquecendo a sua cultura: estuda música, pintura e dança; aprende a poetizar, a escrever composições literárias e a tocar violão; torna-se perita na arte da miniatura e das transcrições; aperfeiçoa o estudo do latim. Na futura vida monástica valorizará muito o património cultural e artístico adquirido nesses anos. Aprende com facilidade, com paixão e com tenacidade; mostra grande prudência, modéstia singular, graça e gentileza no comportamento. Contudo, uma característica distingue-a de modo absolutamente claro: o seu espírito constantemente dirigido para as realidades do Céu.
Prezados irmãos e irmãs
Numa recente catequese falei de santa Catarina de Sena. Hoje gostaria de vos apresentar outra santa, menos conhecida, que tem o mesmo nome: santa Catarina de Bolonha, mulher de vasta cultura, mas muito humilde; dedicada à oração, mas sempre pronta a servir; generosa no sacrifício, mas cheia de alegria no acolhimento da cruz com Cristo.
Nasce em Bolonha a 8 de Setembro de 1413, primogénita de Benvenuta Mammolini e de Giovanni de' Vigri, patrício rico e culto de Ferrara, doutor em leis e leitor público em Pádua, onde desempenhava funções diplomáticas para Niccolò III d'Este, marquês de Ferrara. As notícias sobre a infância e a adolescência de Catarina são escassas e nem todas são certas. Vive a infância em Bolonha, na casa dos avós; ali é educada pelos parentes, sobretudo pela mãe, mulher de grande fé. Transfere-se com ela para Ferrara com cerca de dez anos e entra na corte de Niccolò III d'Este como donzela de honra de Margherita, filha natural de Niccolò. O marquês está a transformar Ferrara numa cidade esplendorosa, chamando artistas e letrados de vários países. Promove a cultura e, embora leve uma vida particular não exemplar, cuida muito do bem espiritual, da conduta moral e da educação dos súbditos.
Em Ferrara Catarina não ressente dos aspectos negativos, que muitas vezes a vida de corte comportava; goza da amizade de Margherita e torna-se a sua confidente, enriquecendo a sua cultura: estuda música, pintura e dança; aprende a poetizar, a escrever composições literárias e a tocar violão; torna-se perita na arte da miniatura e das transcrições; aperfeiçoa o estudo do latim. Na futura vida monástica valorizará muito o património cultural e artístico adquirido nesses anos. Aprende com facilidade, com paixão e com tenacidade; mostra grande prudência, modéstia singular, graça e gentileza no comportamento. Contudo, uma característica distingue-a de modo absolutamente claro: o seu espírito constantemente dirigido para as realidades do Céu.
Em 1427, com apenas 14 anos,
também após alguns acontecimentos familiares, Catarina decide deixar a corte
para se unir a um grupo de jovens mulheres provenientes de famílias nobres que
viviam em comum, consagrando-se a Deus. Com fé, a mãe consente, embora tivesse
outros projectos para ela.
Não conhecemos o caminho espiritual de Catarina antes desta escolha. Falando em terceira pessoa, ela afirma que entrou ao serviço de Deus "iluminada pela graça divina (...) com consciência recta e grande fervor", solícita noite e dia à santa oração, comprometendo-se em conquistar todas as virtudes que via nos outros, "não por inveja, mas para agradar mais a Deus, em quem tinha posto todo o seu amor" (Le sette armi spirituali, VII, 8, Bolonha 1998, p. 12).
Não conhecemos o caminho espiritual de Catarina antes desta escolha. Falando em terceira pessoa, ela afirma que entrou ao serviço de Deus "iluminada pela graça divina (...) com consciência recta e grande fervor", solícita noite e dia à santa oração, comprometendo-se em conquistar todas as virtudes que via nos outros, "não por inveja, mas para agradar mais a Deus, em quem tinha posto todo o seu amor" (Le sette armi spirituali, VII, 8, Bolonha 1998, p. 12).
São notáveis os seus progressos espirituais nesta nova fase da vida, mas
são também grandes e terríveis as provas, os sofrimentos interiores, sobretudo
as tentações do demónio. Atravessa uma profunda crise espiritual, até ao
limitar do desespero (cf. ibid., VII, pp. 12-29). Vive na noite do espírito,
provada também pela tentação da incredulidade em relação à Eucaristia. Depois
de sofrer muito, o Senhor consola-a: numa visão, concede-lhe um conhecimento
claro da presença eucarística real, um conhecimento tão luminoso que Catarina
não consegue expressar com palavras (cf. ibid., VIII, 2, pp. 42-46). No mesmo
período, uma prova dolorosa abate-se sobre a comunidade: surgem tensões entre
quem quer seguir a espiritualidade agostiniana e quem está mais orientado para
a espiritualidade franciscana.
Entre 1429 e 1430 a responsável do grupo, Lucia Mascheroni, decide fundar um mosteiro agostiniano. Catarina, ao contrário, com outras escolhe vincular-se à regra de santa Clara de Assis. É um dom da Providência, porque a comunidade habita perto da igreja do Espírito Santo, anexa ao convento dos Frades Menores que aderiram ao movimento da Observância. Assim, Catarina e as companheiras podem participar regularmente nas celebrações litúrgicas e receber uma assistência espiritual adequada. Têm também a alegria de ouvir a pregação de são Bernardino de Sena (cf. ibid., VII, 62, p. 26).
Entre 1429 e 1430 a responsável do grupo, Lucia Mascheroni, decide fundar um mosteiro agostiniano. Catarina, ao contrário, com outras escolhe vincular-se à regra de santa Clara de Assis. É um dom da Providência, porque a comunidade habita perto da igreja do Espírito Santo, anexa ao convento dos Frades Menores que aderiram ao movimento da Observância. Assim, Catarina e as companheiras podem participar regularmente nas celebrações litúrgicas e receber uma assistência espiritual adequada. Têm também a alegria de ouvir a pregação de são Bernardino de Sena (cf. ibid., VII, 62, p. 26).
Catarina narra que, em 1429 - terceiro ano
da sua conversão - vai confessar-se com um dos Frades Menores que ela estimava,
realiza uma boa Confissão e pede intensamente ao Senhor que lhe conceda o
perdão de todos os pecados e da pena a eles ligada. Deus revela-lhe em visão
que lhe perdoou tudo. É uma experiência muito forte da misericórdia divina, que
a marca para sempre, dando-lhe novo impulso para responder com generosidade ao
imenso amor de Deus (cf. ibid., IX, 2, pp. 46-48).
Em 1431 tem uma visão do juízo final. A cena assustadora dos condenados impele-a a intensificar orações e penitências para a salvação dos pecadores. O demónio continua a atacá-la e ela confia-se de modo cada vez mais total ao Senhor e à Virgem Maria (cf. ibid., X, 3, pp. 53-54). Nos escritos, Catarina deixa-nos algumas notas essenciais deste combate misterioso, do qual sai vitoriosa com a graça de Deus. Fá-lo para instruir as suas irmãs de hábito e aquelas que tencionam percorrer o caminho da perfeição: quer alertar contra as tentações do demónio, que muitas vezes se esconde sob aparências enganadoras, para depois insinuar dúvidas de fé, incertezas vocacionais e sensualidades.
No tratado autobiográfico e didascálico As sete armas espirituais, Catarina oferece a este propósito ensinamentos de grande sabedoria e de profundo discernimento. Fala em terceira pessoa, citando as graças extraordinárias que o Senhor lhe concede, e em primeira pessoa para confessar os próprios pecados. Do seu escrito transparece a pureza da sua fé em Deus, a profunda humildade, a simplicidade de coração, o ardor missionário e a paixão pela salvação das almas. Delineia sete armas de luta contra o mal, contra o demónio: 1. ter o cuidado e a solicitude de realizar sempre o bem; 2. acreditar que sozinhos nunca poderemos fazer algo verdadeiramente bom; 3. confiar em Deus e, por amor a Ele, jamais ter medo da batalha contra o mal, quer no mundo, quer em nós mesmos; 4. meditar com frequência sobre os acontecimentos e as palavras da vida de Jesus, sobretudo a sua paixão e morte; 5. recordar-se que devemos morrer; 6. ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso; 7. ter familiaridade com a Sagrada Escritura, trazendo-a sempre no coração para que oriente todos os pensamentos e toda as obras. Um bonito programa de vida espiritual, também hoje, para cada um de nós! No convento, não obstante fosse habituada à corte de Ferrara, Catarina desempenha funções de lavadeira, costureira, padeira e encarregada de cuidar dos animais. Faz tudo, até os serviços mais humildes, com amor e pronta obediência, oferecendo às irmãs de hábito um testemunho luminoso. Com efeito, ela vê na desobediência aquele orgulho espiritual que destrói todas as outras virtudes. Por obediência aceita o cargo de mestra das noviças, não obstante se considere incapaz de desempenhar tal função, e Deus continua a animá-la com a sua presença e os seus dons: com efeito, é uma mestra sábia e apreciada.
Em seguida confiam-lhe o serviço do parlatório. Custa-lhe muito interromper com frequência a oração para responder às pessoas que se apresentam à grade do mosteiro, mas também desta vez o Senhor não deixa de a visitar e de lhe estar próximo. Com ela, o mosteiro é cada vez mais um lugar de oração, de oferta, de silêncio, de cansaço e de alegria. Quando faleceu a abadessa, os superiores pensam imediatamente nela, mas Catarina impele-as a dirigir-se às Clarissas de Mântua, mais instruídas nas constituições e nas observâncias religiosas. Contudo, poucos anos depois, em 1456, pede-se ao seu mosteiro que crie uma nova fundação em Bolonha. Catarina preferiria terminar os seus dias em Ferrara, mas o Senhor aparece-lhe e exorta-a a cumprir a vontade de Deus e ir a Bolonha como abadessa. Prepara-se para o novo compromisso com jejuns, disciplinas e penitências. Parte para Bolonha com dezoito irmãs de hábito. Como superiora é a primeira na oração e no serviço; vive em profunda humildade e pobreza. Quando termina o mandato do triénio de abadessa, é feliz por ser substituída, mas depois de um ano deve retomar as suas funções, porque a nova eleita ficou cega. Apesar do sofrimento e das graves enfermidades que a atormentam, ela desempenha o seu serviço com generosidade e dedicação.
Ainda por um ano exorta as irmãs de hábito à vida evangélica, à paciência e à constância nas provas, ao amor fraterno, à união com o Esposo divino, Jesus, para preparar deste modo o seu dote para as bodas eternas. Um dote que Catarina vê no saber compartilhar os sofrimentos de Cristo, enfrentando com serenidade as dificuldades, angústias, desprezos e incompreensões (cf. Le sette armi spirituali, X, 20, pp. 57-58). No início de 1463 as enfermidades agravam-se; reúne as irmãs de hábito pela última vez no Capítulo, para lhes anunciar a sua morte e recomendar a observância da regra. Por volta do fim de Fevereiro é provada por fortes sofrimentos que já não a deixarão, mas é ela que conforta as irmãs na dor, assegurando-lhes a sua ajuda inclusive do Céu. Depois de ter recebido os últimos Sacramentos, entrega ao confessor o escrito As sete armas espirituais e entra em agonia; o seu rosto faz-se bonito e luminoso; olha ainda com amor para quantas a circundam e expira docilmente, pronunciando três vezes o nome de Jesus: é o dia 9 de Março de 1463 (cf. I. Bembo, Specchio di illuminazione. Vita di S. Caterina a Bologna, Florença 2001, cap. III). Catarina será canonizada pelo Papa Clemente XI no dia 22 de Maio de 1712. A cidade de Bolonha, na capela do mosteiro do Corpus Domini, conserva o seu corpo incorrupto.
Caros amigos, santa Catarina de Bolonha, com as suas palavras e com a sua vida, é um forte convite a deixar-nos guiar sempre por Deus, a cumprir quotidianamente a sua vontade, embora muitas vezes não corresponda aos nossos desígnios, a confiar na sua Providência que jamais nos deixa sozinhos. Nesta perspectiva, santa Catarina fala connosco; à distância de muitos séculos, ainda é muito moderna e fala à nossa vida. Como nós, ela sofre a tentação, padece as tentações da incredulidade, da sensualidade, de um difícil combate espiritual. Sente-se abandonada por Deus, encontra-se na obscuridade da fé. Mas em todas estas situações apoia-se sempre na mão do Senhor, não O deixa, não O abandona. E caminhando de mãos dadas com o Senhor, percorre a via recta e encontra o caminho da luz. Assim, diz-nos também a nós: coragem, também na noite da fé, mesmo em muitas dúvidas que possam existir, não deixa a mão do Senhor, caminha de mãos dadas com Ele, crê na bondade de Deus; assim é caminhar pela vida recta! E gostaria de ressaltar outro aspecto, o da sua grande humildade: é uma pessoa que não quer ser alguém ou algo; não deseja aparecer; não quer governar. Deseja servir, cumprir a vontade de Deus, estar ao serviço dos outros. E precisamente por isso, Catarina era credível na autoridade, porque se podia ver que para ela a autoridade era precisamente servir o próximo. Peçamos a Deus, por intercessão da nossa santa, o dom de realizar o pograma que Ele tem para nós, com coragem e generosidade, para que somente Ele seja a rocha sólida sobre a qual se edifica a nossa vida. Obrigado!
Saudando os vários grupos de fiéis presentes, o Papa proferiu estas expressões em português.
Amados peregrinos de língua portuguesa, que viestes junto do túmulo de São Pedro renovar a vossa profissão de fé: a minha saudação de boas-vindas para todos vós, em particular para o grupo de Escuteiros de Penedono, desejando-vos abundantes dons de graça e paz do Deus Menino, que imploro para vós e vossas famílias com a minha Bênção Apostólica.
Em 1431 tem uma visão do juízo final. A cena assustadora dos condenados impele-a a intensificar orações e penitências para a salvação dos pecadores. O demónio continua a atacá-la e ela confia-se de modo cada vez mais total ao Senhor e à Virgem Maria (cf. ibid., X, 3, pp. 53-54). Nos escritos, Catarina deixa-nos algumas notas essenciais deste combate misterioso, do qual sai vitoriosa com a graça de Deus. Fá-lo para instruir as suas irmãs de hábito e aquelas que tencionam percorrer o caminho da perfeição: quer alertar contra as tentações do demónio, que muitas vezes se esconde sob aparências enganadoras, para depois insinuar dúvidas de fé, incertezas vocacionais e sensualidades.
No tratado autobiográfico e didascálico As sete armas espirituais, Catarina oferece a este propósito ensinamentos de grande sabedoria e de profundo discernimento. Fala em terceira pessoa, citando as graças extraordinárias que o Senhor lhe concede, e em primeira pessoa para confessar os próprios pecados. Do seu escrito transparece a pureza da sua fé em Deus, a profunda humildade, a simplicidade de coração, o ardor missionário e a paixão pela salvação das almas. Delineia sete armas de luta contra o mal, contra o demónio: 1. ter o cuidado e a solicitude de realizar sempre o bem; 2. acreditar que sozinhos nunca poderemos fazer algo verdadeiramente bom; 3. confiar em Deus e, por amor a Ele, jamais ter medo da batalha contra o mal, quer no mundo, quer em nós mesmos; 4. meditar com frequência sobre os acontecimentos e as palavras da vida de Jesus, sobretudo a sua paixão e morte; 5. recordar-se que devemos morrer; 6. ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso; 7. ter familiaridade com a Sagrada Escritura, trazendo-a sempre no coração para que oriente todos os pensamentos e toda as obras. Um bonito programa de vida espiritual, também hoje, para cada um de nós! No convento, não obstante fosse habituada à corte de Ferrara, Catarina desempenha funções de lavadeira, costureira, padeira e encarregada de cuidar dos animais. Faz tudo, até os serviços mais humildes, com amor e pronta obediência, oferecendo às irmãs de hábito um testemunho luminoso. Com efeito, ela vê na desobediência aquele orgulho espiritual que destrói todas as outras virtudes. Por obediência aceita o cargo de mestra das noviças, não obstante se considere incapaz de desempenhar tal função, e Deus continua a animá-la com a sua presença e os seus dons: com efeito, é uma mestra sábia e apreciada.
Em seguida confiam-lhe o serviço do parlatório. Custa-lhe muito interromper com frequência a oração para responder às pessoas que se apresentam à grade do mosteiro, mas também desta vez o Senhor não deixa de a visitar e de lhe estar próximo. Com ela, o mosteiro é cada vez mais um lugar de oração, de oferta, de silêncio, de cansaço e de alegria. Quando faleceu a abadessa, os superiores pensam imediatamente nela, mas Catarina impele-as a dirigir-se às Clarissas de Mântua, mais instruídas nas constituições e nas observâncias religiosas. Contudo, poucos anos depois, em 1456, pede-se ao seu mosteiro que crie uma nova fundação em Bolonha. Catarina preferiria terminar os seus dias em Ferrara, mas o Senhor aparece-lhe e exorta-a a cumprir a vontade de Deus e ir a Bolonha como abadessa. Prepara-se para o novo compromisso com jejuns, disciplinas e penitências. Parte para Bolonha com dezoito irmãs de hábito. Como superiora é a primeira na oração e no serviço; vive em profunda humildade e pobreza. Quando termina o mandato do triénio de abadessa, é feliz por ser substituída, mas depois de um ano deve retomar as suas funções, porque a nova eleita ficou cega. Apesar do sofrimento e das graves enfermidades que a atormentam, ela desempenha o seu serviço com generosidade e dedicação.
Ainda por um ano exorta as irmãs de hábito à vida evangélica, à paciência e à constância nas provas, ao amor fraterno, à união com o Esposo divino, Jesus, para preparar deste modo o seu dote para as bodas eternas. Um dote que Catarina vê no saber compartilhar os sofrimentos de Cristo, enfrentando com serenidade as dificuldades, angústias, desprezos e incompreensões (cf. Le sette armi spirituali, X, 20, pp. 57-58). No início de 1463 as enfermidades agravam-se; reúne as irmãs de hábito pela última vez no Capítulo, para lhes anunciar a sua morte e recomendar a observância da regra. Por volta do fim de Fevereiro é provada por fortes sofrimentos que já não a deixarão, mas é ela que conforta as irmãs na dor, assegurando-lhes a sua ajuda inclusive do Céu. Depois de ter recebido os últimos Sacramentos, entrega ao confessor o escrito As sete armas espirituais e entra em agonia; o seu rosto faz-se bonito e luminoso; olha ainda com amor para quantas a circundam e expira docilmente, pronunciando três vezes o nome de Jesus: é o dia 9 de Março de 1463 (cf. I. Bembo, Specchio di illuminazione. Vita di S. Caterina a Bologna, Florença 2001, cap. III). Catarina será canonizada pelo Papa Clemente XI no dia 22 de Maio de 1712. A cidade de Bolonha, na capela do mosteiro do Corpus Domini, conserva o seu corpo incorrupto.
Caros amigos, santa Catarina de Bolonha, com as suas palavras e com a sua vida, é um forte convite a deixar-nos guiar sempre por Deus, a cumprir quotidianamente a sua vontade, embora muitas vezes não corresponda aos nossos desígnios, a confiar na sua Providência que jamais nos deixa sozinhos. Nesta perspectiva, santa Catarina fala connosco; à distância de muitos séculos, ainda é muito moderna e fala à nossa vida. Como nós, ela sofre a tentação, padece as tentações da incredulidade, da sensualidade, de um difícil combate espiritual. Sente-se abandonada por Deus, encontra-se na obscuridade da fé. Mas em todas estas situações apoia-se sempre na mão do Senhor, não O deixa, não O abandona. E caminhando de mãos dadas com o Senhor, percorre a via recta e encontra o caminho da luz. Assim, diz-nos também a nós: coragem, também na noite da fé, mesmo em muitas dúvidas que possam existir, não deixa a mão do Senhor, caminha de mãos dadas com Ele, crê na bondade de Deus; assim é caminhar pela vida recta! E gostaria de ressaltar outro aspecto, o da sua grande humildade: é uma pessoa que não quer ser alguém ou algo; não deseja aparecer; não quer governar. Deseja servir, cumprir a vontade de Deus, estar ao serviço dos outros. E precisamente por isso, Catarina era credível na autoridade, porque se podia ver que para ela a autoridade era precisamente servir o próximo. Peçamos a Deus, por intercessão da nossa santa, o dom de realizar o pograma que Ele tem para nós, com coragem e generosidade, para que somente Ele seja a rocha sólida sobre a qual se edifica a nossa vida. Obrigado!
Saudando os vários grupos de fiéis presentes, o Papa proferiu estas expressões em português.
Amados peregrinos de língua portuguesa, que viestes junto do túmulo de São Pedro renovar a vossa profissão de fé: a minha saudação de boas-vindas para todos vós, em particular para o grupo de Escuteiros de Penedono, desejando-vos abundantes dons de graça e paz do Deus Menino, que imploro para vós e vossas famílias com a minha Bênção Apostólica.
(©L'Osservatore Romano - 1 de Janeiro de 2011)
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