Nasceu na Escócia, em 1579, numa família antiga e nobre que aderira com fanatismo à reforma de Henrique VIII que separou a Igreja da Inglaterra da de Roma. Educado na rígida doutrina calvinista, só teve contato com a fé católica aos treze anos, quando foi enviado à França e à Alemanha para completar os estudos. O contato com católicos causou-lhe profunda impressão, entrando o jovem numa longa e dolorosa crise espiritual. O jovem deveria tomar uma decisão que significaria a ruptura com a família, a perda do seu sustento , renúncia à carreira brilhante e um futuro promissor e, mais, a perseguição na volta ao seu país.
Mas, possuidor de um caráter absolutamente honesto, encontrada a verdade, largou tudo e pôs-se a caminho do novo ideal, disposto a enfrentar qualquer perseguição, convertendo-se ao Catolicismo em 1596 e entrando pouco depois na Companhia de Jesus . Distinguia-se por duas características: a seriedade com que cumpria todos os seus deveres e a serenidade e alegria de viver ao serviço de Deus e dos homens. Após anos de intenso estudo em diversos colégios, recebeu o sacerdócio em Paris, com 30 anos de idade. Sonhava em voltar à sua terra natal, para levar a luz da verdade e o calor do amor de Cristo aos seus patrícios.
Depois de quatro anos de ministério sacerdotal, conseguiu realizar seu desejo, dirigindo-se à Escócia em novembro de 1613.
Lá o clima era de perseguição, forçando a Igreja Católica a viver nas catacumbas. Mas seu apostolado em Edimburgo e Glasgow, trabalhando dia e noite e enfrentando inúmeros perigos, mostrou-se muito fecundo. Os adversários caçavam o sacerdote e sobretudo o jesuíta, mas ele com prudência iludia a vigilância dos perseguidores, até que foi traído e preso em Glasgow no dia 14 de outubro de 1614, completando um ano de sua chegada à Escócia.
Submetido a um processo ardiloso agravado por torturas humilhantes e uma horrível prisão, ele não hesitou um instante sequer quanto a verdade e fidelidade a Cristo e ao papa até a morte. Diante dos juízes, fez sua última confissão: "Hei de ser condenado por causa de minha religião e fidelidade ao papa; estou disposto a dar cem vidas e dá-las livre e alegremente. Não me arrancareis nunca minha religião!"
Ao ser dada a sentença de condenação à forca, abraçou os juízes agradecendo-lhes a graça de poder morrer mártir e esperou em oração o momento final. Era o dia 10 de março de 1615. Hoje, naquela cidade existe um majestoso monumento a perpetuar sua memória e sua fé imperecível.
São João Ogilvie foi elevado à honra dos altares em 17 de outubro de 1976, pelo Papa Paulo VI.
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