Arcebispo de Braga, entre 656 e 665. Nasceu em Astorga (nas Astúrias) e, tal como São Martinho, também foi bispo de Dume. Fundador de mosteiros e grande protetor da vida monástica, foi um apóstolo incansável, antes e depois de receber a dignidade episcopal.
Foi autor de uma regra comum para os conventos por ele fundados, que se caracterizava por dar às comunidades de monges grande autonomia econômica, uma vez que supriam todas as necessidades dos mosteiros.
Frutuoso pertencia a uma família aparentada com alguns reis visigóticos, e seu pai era um chefe do exército. Mas Frutuoso não se sentia atraído pela vida militar. Desde muito pequeno deu indícios de que a vida monacal seria a que abraçaria quando fosse mais velho, uma vez que sentia atração, nada comum na sua tenra idade, para a solidão, o silêncio e a oração.
Sendo ainda muito jovem, renunciou às suas grandes propriedades e entregou aos pobres tudo quanto possuía, a fim de ficar mais livre para seguir a Jesus Cristo.
Em breve ouviu o jovem Frutuoso falar do Bispo Conâncio de Palência. Os jovens elogiavam a sua grande sabedoria e a sua extraordinária santidade. Por isso, encaminhou-se para aquela escola e pediu ao Bispo e pedagogo Conâncio que o admitisse entre os seus discípulos. Logo chamou a atenção do mestre e dos companheiros pelos seus grandes avanços tanto na sabedoria como na virtude... Passado algum tempo, vendo que também aquele gênero de vida não o satisfazia de todo, retirou-se para as solidões de Bierço, onde seus pais possuíam uma propriedade.
Logo correu a fama da vida de austeridade e oração que Frutuoso levava, e foram-se juntando jovens de perto e de longe, que jornadeavam por aquelas paragens, e depressa se formou uma família numerosa. Todos admiravam a prudência, a sabedoria, sobretudo a bondade, a caridade e a piedade de Frutuoso. Até famílias inteiras vinham pôr-se sob a sua guarda e direção.
Muitas vezes tentou afastar-se daquela espécie de vida, porque eram tantos os que vinham ter com ele, que não lhe deixavam tempo para se entregar à oração. Mas os seus monges opunham-se aos seus intentos e obrigavam-no a abrir novas fundações no norte de Espanha e de Portugal, sobretudo na Galiza e no Bierço. Eram tantos os homens que o seguiam que até os reis e chefes daquelas redondezas temiam ficar sem homens, correndo o perigo de não se poderem defender, caso fossem atacados pelos seus rivais.
A todos os que tentavam segui-lo, Frutuoso era taxativo e claro: era preciso submeter-se à sua Regra e quem não fosse capaz de a observar, que deixasse o mosteiro e voltasse para o mundo. A Regra insistia sobretudo em duas coisas: a vida comunitária que era o toque de toda a vida monacal, e o profundo sentido da obediência. Nestas duas coisas ninguém podia fraquejar.
Foi muito amigo de fazer peregrinações a lugares sagrados com espírito penitencial, e parece que entre estes lugares terá chegado à Terra Santa. Os biógrafos contam as maravilhas que operava durante estas viagens e como a Divina Providência o tirou sempre das mais terríveis dificuldades. Por todos os lugares por onde passava vinha gente ouvir as suas palavras e ver os milagres e prodígios que operava, arrastando muitas almas para o bom caminho.
São Bráulio, o célebre, Bispo de Saragoça e grande amigo de Santo Isidoro de Sevilha, chamou a Frutuoso "Brilhante farol da espiritualidade espanhola". Por isso, obrigaram-no a ordenar-se sacerdote e foi nomeado Bispo de Dume, e, depois, metropolita de Braga... Continuou a sua mesma linha de piedade, austeridade e amor à solidão, mas sempre entregue também aos cuidados da greí que lhe foi confiada. O grande renovador da espiritualidade no século VII chegou ao final dos seus dias, e morreu como tinha vivido, santamente, e chorado pelos seus discípulos no ano de 665.
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