Confira a íntegra do Roteiro Homilético de autoria do Pe. Johan Konings SJ, produzido pela FAJE, sob a responsabilidade direta do seu Reitor, Pe. Jaldemir Vitório SJ. 09/01/2013 | domtotal.com
JESUS RECEBE SUA MISSÃO NA ORAÇÃO
1ª leitura: (Is 42,1-4.6-7) 1º Canto do Servo de Javé: “Meu servo que eu apoio, meu eleito no qual me agrado” – O “servo” de que fala Is 42,1-9 (1º Cântico do Servo de Javé) é uma misteriosa figura profético-real. Recebe a missão de anunciar a todos a misericórdia e a fidelidade de Deus. Para isso recebe o espírito de Deus. Mais adiante aparece como o “Servo Padecente” (Is 52,13–53,12), sofrendo pelos pecados de todos. O Novo Testamento vê em Jesus aquele que levou à plenitude essas figuras. A palavra de Deus no Batismo de Jesus, lembra Is 42,1 (cf. Mt 3,17). * 42,1-4 cf. Is 11,1-10; Mt 3,16-17; Jo 1,32-34 * 42,6-7 cf. Jo 8,12; 9,1-7; 8,32.
2ª leitura: (At 10,34-38) Início do “querigma cristão”: o batismo de Jesus – A pregação de Pedro representa o anúncio do evangelho nos primeiros tempos do cristianismo: por Jesus, Deus deu a “paz” ao mundo. Jesus recebeu o batismo de João, Deus lhe mandou seu espírito, ungiu-o como Messias (= “ungido”), atestou-o como seu filho. * 10,34 cf. Dt 10,17; Rm 2,11; Gl 2,6 * 10,36 cf. Is 52,7; Ap 17,14 * 10,38 cf. Is 61,1; Lc 4,18.
Evangelho: (Lc 3,15-16.21-22) O batismo de Jesus segundo Lucas – A atividade de João Batista fez surgir esperanças messiânicas. Mas o verdadeiro “forte de Deus” está escondido na multidão dos que aderem ao movimento: Jesus, em oração, recebe a missão de ser o Filho de Deus, “rei forte” e fundador da paz do mundo.
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O relato lucano do batismo de Jesus se caracteriza pela menção da oração, feição constante do evangelho de Lc. Jesus, exemplo do cristão, procura na oração a vontade do Pai, vontade que se manifesta na visão do céu aberto e da vinda do Espírito Santo. No conjunto da obra lucana, o batismo é o início da atuação messiânica de Jesus (cf. At 10,37, 1ª leitura). Por isso, segue-se a genealogia, como convém quando se descreve a investidura de um alto dignitário.
Quanto a nós, podemos ver no fato de Jesus receber sua missão na oração um exemplo para nossa vida. Recebemos nossa missão de Deus no encontro com ele no silêncio, imersos no mistério da vida divina. Não por razões humanas (sucesso, insistência de partidários etc.), mas por ter buscado a vontade de Deus é que Jesus assume a missão messiânica.
Observe-se que, embora contemplando Deus, Jesus não está separado do povo, mas participa com todo o povo no movimento que surgiu em torno do Batista. Cristo é o protótipo do fiel na Igreja e na humanidade. (A genealogia inserida por Lc remonta até “Adão, filho de Deus”.) Assim seja o cristão: participando com seus irmãos na comunidade do batismo, esteja em contínua união com o Pai e assuma sua missão para a salvação de todos.
TOMADO DO MEIO DO POVO E ENVIADO POR DEUS
Às vezes se percebe, na Igreja, certo conflito entre os agentes de evangelização que procuram inserir-se nas lutas do povo e os que tentam puxar o povo para a igreja, para rezar. Será que, necessariamente, essas duas coisas são incompatíveis?
Com trinta anos de idade, Jesus se deixou batizar por João Batista (evangelho). Ele aderiu ao movimento de conversão lançado por João. Nem todos os judeus aderiam a esse movimento. Os fariseus e os sacerdotes o criticavam. Mas os pecadores, os publicanos, os soldados e as prostitutas, estes se deixavam purificar por João, para poderem participar do Reino de Deus. E também Jesus, solidário com os que se queriam converter, se deixou batizar.
Batizado assim junto com todo o povo e encontrando-se em oração – encontrando-se junto a Deus no meio do povo – Jesus ouviu a voz: “Tu és o meu filho amado, em ti encontro o meu agrado”. E recebeu o Espírito de Deus, para cumprir a sua missão, para anunciar a boa-nova do Reino aos pobres e libertar os oprimidos (1ª leitura). Deus o chamou e o enviou, exatamente, no momento em que ele vivia em total solidariedade com o povo e com Deus mesmo. Por isso, enviado por Deus do meio do povo, ele podia ser o libertador desse povo.
Houve um tempo em que a Igreja não entendia bem essas coisas. Considerava o povo como mero objeto de evangelização. Mandava evangelizadores que não viviam em solidariedade com o povo; havia até padres que sentiam nojo, não só do pecado como também do pecador... Nossa Igreja redescobriu a importância de seus evangelizadores viverem solidários com os que devem ser evangelizados, sentirem seus problemas e dificuldades... e sua boa vontade. Mas, para poderem transmitir a sua mensagem evangelizadora, é preciso também que estejam perto de Deus e, na oração, escutem a sua voz.
E isso vale não só para os padres e os religiosos, mas para todos os que Deus quiser enviar para levar sua palavra a seus irmãos: catequistas, ministros leigos, líderes, pessoas que ocasionalmente têm que transmitir um recado de Deus... Têm de ser solidários com o povo e unidos a Deus. Então, seu batismo – ao modelo do batismo de Jesus – será realmente a base de sua missão.



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