Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e nada do que criastes desprezais; perdoai nossos pecados pela penitência porque sois o Senhor nosso Deus.
O JEJUM QUE SALVA
Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa são os únicos dias em que é pedido a todos os adultos que jejuem (isto é, que renunciem a uma das refeições importantes do dia) em sinal de disponibilidade e solidariedade. Disponibilidade à escuta de Deus, demonstrando dar mais valor à sua palavra que ao bem-estar imediato, sinal de conversão do coração; isto é que significa o jejum dos cristãos, como o do Mestre no início de sua missão. Um jejum mais sensível neste dia, mas que se prolongará por todo o tempo da Quaresma, com outras iniciativas pessoais de desapego, renúncia às comodidades e satisfações mesmo legítimas, para maior liberdade interior. Assim o jejum ritual, feito com interioridade e não por mero formalismo, se torna sinal da fé e caminho de salvação para todo o nosso ser.
Por outro lado, sofrendo um pouco de privação, saibamos unir-nos de algum modo aos homens para os quais é habitual a privação de alimento, de meios econômicos, de bens culturais e de possibilidades concretas de desenvolvimento; o jejum se torna um gesto simbólico, denúncia profética da injustiça que nasce do egoísmo, solidariedade com os mais pobres. Assim, a preparação para a Páscoa se torna "Campanha da Fraternidade" e a ceia do Senhor um gesto de pobreza, contrição, esperança, anúncio. Quem participa seriamente da Paixão do Senhor, ainda hoje viva nos pobres da terra, sabe que a volta ao Pai (tanto a sua como a da comunidade) já começou, e que na mortificação da carne pode florescer o Espírito da ressurreição e da vida.
ORAÇÃO
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
LEITURAS
1ª Leitura - Jl 2, 12-18
Salmo 50, 3-6a.12-14.17 - Piedade, ó Senhor, tende piedade,
pois pecamos contra vós.
2ª Leitura - 2 Cor 5, 20-6,2
Evangelho - Mt 6, 1-6.16-18
MEDITAÇÃO
Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, papa
(Cap. 7,4-8,3; 8,5-9,1; 13,1-4; 19,2: Funk 1,71-73.77-79.87) (Sec. I)
Fazei penitência
Fixemos atentamente o olhar no sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, seu Pai, esse sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.
Percorramos todas as épocas do mundo e verificaremos que em cada geração o Senhor concedeu o tempo favorável da penitência a todos os que a ele quiseram converter-se. Noé proclamou a penitência, e todos que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a ruína aos ninivitas, mas eles, fazendo penitência de seus pecados, reconciliaram-se com Deus por suas súplicas e alcançaram a salvação, apesar de não pertencerem ao povo de Deus.
Inspirados pelo Espírito Santo, os ministros da graça de Deus pregaram a penitência. O próprio Senhor de todas as coisas também falou da penitência, com juramento: Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta (cf. Ez 33,11); e acrescentou esta sentença cheia de bondade: Deixa de praticar o mal, ó Casa de Israel! Dize aos filhos do meu povo: "Ainda que vossos pecados subam da terra até o céu, ainda que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais negros que o cilício, se voltardes para mim de todo o coração e disserdes: 'Pai', eu vos tratarei como um povo santo e ouvirei as vossas súplicas” (cf. Is 1,18; 63,16; 64,7; Jr 3,4; 31,9).
Querendo levar à penitência todos aqueles que amava, o Senhor confirmou esta sentença com sua vontade todo-poderosa.
Obedeçamos, portanto, à sua excelsa e gloriosa vontade. Imploremos humildemente sua misericórdia e benignidade. Convertamo-nos sinceramente ao seu amor. Abandonemos as obras más, a discórdia e a inveja que conduzem à morte.
Sejamos humildes de coração, irmãos, evitando toda espécie de vaidade, soberba, insensatez e cólera, para cumprirmos o que está escrito. Pois diz o Espírito Santo: Não se orgulhe o sábio em sua sabedoria, nem o forte com sua força, nem o rico em sua riqueza; mas quem se gloria, glorie-se no Senhor, procurando-o e praticando o direito e justiça (cf. Jr 9,22-23; ICor 1,31).
Antes de mais nada, lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus, quando exortava à benevolência e à longanimidade: Sede misericordiosos, e alcançareis misericórdia; perdoai, e sereis perdoados; como tratardes o próximo, do mesmo modo sereis tratados; dai, e vos será dado; não julgueis, e não sereis julgados; fazei o bem, e ele também vos será feito; com a medida com que medirdes, vos será medido (cf. Mt 5,7; 6,14; 7,1.2).
Observemos fielmente este preceito e estes mandamentos, a fim de nos conduzirmos sempre, com toda humildade, na obediência às suas santas palavras. Pois eis o que diz o
texto sagrado: Para quem hei de olhar, senão para o manso e humilde, que treme ao ouvir minhas palavras ? (cf. Is 66,2).
Tendo assim participado de muitas, grandes e gloriosas ações, corramos novamente para a meta que nos foi proposta desde o início: a paz. Fixemos atentamente nosso olhar no Pai e Criador do universo e desejemos com todo ardor seus dons de paz e seus magníficos e incomparáveis benefícios.
Responsório Is 55,7; Jl 2,13; cf. Ez 33, 11
R. Que o ímpio abandone o seu caminho
e desista de seus planos o malvado;
que ele volte, e o Senhor terá piedade.
*Pois o Senhor, o nosso Deus, é compassivo,
é clemente, é bondoso, é indulgente;
é clemente, é bondoso, é indulgente;
ele se apressa em desistir de seu castigo.
V. O Senhor não quer a morte do pecador,
mas que ele volte, se converta e tenha a vida.
* Pois o Senhor.
Oração
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conclusão da Hora
V. Bendigamos ao Senhor.
R. Graças a Deus.


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