A liturgia da Igreja dedica o dia 21 de novembro à festa da apresentação de Nossa Senhora ao Templo, na idade de três anos, segundo uma antiga e veneranda tradição. Esta festa é vista como símbolo da total doação de Maria a Deus.
Esta Memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado Proto-evangelho de Tiago, Livro de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 534,
perto do templo de Jerusalém.
Os manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada. Tanto no Oriente -uma das festas mais caras, celebrada desde o século VI-, quanto no Ocidente, observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através daquela que muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:
” Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente “.
Neste dia da dedicação (ano 543) da igreja de Santa Maria a Nova, construída perto do templo de Jerusalém,celebramos, juntamente com os cristãos da Igreja Oriental, a “dedicação”que Maria fez de si mesma a Deus, já
desde a infância, movida pelo Espírito Santo que a encheu de graça desde a sua imaculada conceição.
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O Ofício das Leituras deste dia apresenta para meditação o Sermão de Santo Agostinho. Leia e tenha uma boa reflexão.
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 25,7-8: PL 46,937-938)
(Séc.V)
Aquela que acreditou em virtude da fé,
também pela fé concebeu
Prestai atenção, rogo-vos, naquilo que Cristo Senhor diz, estendendo a mão para seus
discípulos: Eis minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de meu Pai que me enviou, este é meu irmão, irmã e mãe (Mt 12,49-50). Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação e que foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Sim! Ela o fez! Santa Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. Assim Maria era feliz porque, já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.
Vede se não é assim como digo. O Senhor passava acompanhado pelas turbas, fazendo milagres divinos, quando certa mulher exclamou: Bem-aventurado o seio que te trouxe. Feliz o ventre que te trouxe! (Lc 11,27) O Senhor, para que não se buscasse a felicidade na carne, que respondeu então? Muito mais felizes os que ouvem a palavra de Deus e a guardam (Lc 11,28).
Por conseguinte, também aqui é Maria feliz, porque ouviu a palavra de Deus e a guardou.
Guardou a verdade na mente mais do que a carne no seio. Verdade, Cristo; carne, Cristo; a
verdade-Cristo na mente de Maria; a carne-Cristo no seio de Maria. É maior o que está na
mente do que o trazido no seio.
Santa Maria, feliz Maria! Contudo, a Igreja é maior que a Virgem Maria. Por quê? Porque
Maria é porção da Igreja, membro santo, membro excelente, membro supereminente, mas
membro do corpo total. Se ela pertence ao corpo total, logo é maior o corpo que o membro. A cabeça é o Senhor; e o Cristo total, é a cabeça e o corpo. Que direi? Temos cabeça divina, temos Deus por cabeça!
Portanto, irmãos, dai atenção a vós mesmos. Também vós sois membros de Cristo, também vós sois corpo de Cristo. Vede de que modo o sois. Diz: Eis minha mãe e meus irmãos (Mt 12,49). Como sereis mãe de Cristo? Todo aquele que ouve e faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão e irmã e mãe (cf. Mt 12,50). Pensai: entendo irmão, entendo irmã; é uma só a herança, e é essa a misericórdia de Cristo que, sendo único, não quis ficar sozinho; quis que fôssemos herdeiros do Pai, co-herdeiros seus.
Responsório Is 61,10; Lc 1,46-47
R. Eu exulto de alegria no Senhor
e minh’alma rejubila no meu Deus,
* Pois me envolveu de salvação qual uma veste,
qual uma noiva que se enfeita com suas jóias.
V. A minh’alma engrandece o Senhor
e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.
* Pois me envolveu.
Oração
Ao celebrarmos, ó Deus, a gloriosa memória da Santa Virgem Maria, concedei-nos, por sua intercessão, participar da plenitude da vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
(Publicado em 21.11.10, atualizado em 21.11.2012)
(Publicado em 21.11.10, atualizado em 21.11.2012)
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