De origem africana, entrou para o clero romano destacando-se pela inteligência e zelo. Em março de 492 sucedeu ao Papa Félix III. Seu pontificado foi breve. Era homem de caráter vigoroso, enérgico e intransigente na defesa dos direitos da Igreja, contrastando com as misérias humanas. Foi firme na posição contra os hereges, no relacionamento com o Senado Romano e com o próprio Imperador do Oriente. Combateu rigorosamente a heresia monofisista, o pelagianismo, o maniqueísmo, bem como outras seitas que perturbavam a paz e a unidade da Igreja. Esta sua atitude enérgica e inflexível, deve-se ao seu grande amor pela verdade e a caridade.
Durante o período mais crítico do esfacelamento do Império Romano pela invasão dos povos bárbaros, o Papa Gelásio chamava ao dever o Senado Romano, que pouco se interessava em resolver os problemas reais do povo indefeso contra os invasores, colocando-o frente às suas responsabilidades. Numa carta ao Senado, denunciou as imoralidades de certas festas pagãs, que não tinham mais porque existir depois do Cristianismo, refutando entre outras coisas as falsas razões de certos senadores, dizendo: "Não vale dizer que o povo deseja se divertir, pois quem quer sentar-se à mesa do demônio não pode participar da mesa de Cristo".
Mostrou, ao Imperador do Oriente que pretendia intrometer-se nos negócios da Igreja, que "há distinção entre a autoridade do papa e a dos reis; a primeira é imensamente mais elevada, pois inclui responsabilidade espiritual também sobre os príncipes temporais".
Diante das graves calamidades que se abateram sobre certas regiões da Itália, devastadas pelos bárbaros e flageladas pela fome, o Papa demonstrou grande caridade. Segundo documentos históricos, o Papa Gelásio salvou Roma do perigo da carestia, promoveu a navegação livre das embarcações que traziam trigo da África para a Itália do Sul, e distribuiu muitos bens da Igreja para aliviar as consequências da fome.
Homem de grande saber, prudente e magnânime, preferia sempre as penitências e os jejuns às comodidades e prazeres.De profunda humildade, unida à castidade, amou tanto a misericórdia e a beneficência e morreu pobre, depois de ajudar inúmeros pobres.
Teve atuação marcante na Igreja. Organizou e presidiu o sínodo de 494, no qual saiu aprovada a grande renovação litúrgica da Igreja. Assim, ele instituiu o Sacramentário Gelasiano para uniformizar as funções e ritos das várias Igrejas. Trata-se do decreto que levou o seu nome, contendo cerca de cinqüenta prefácios litúrgicos, uma coletânea de orações para recitar durante a missa. Assim dava normas relativas às celebrações litúrgicas, com orientação clara acerca da administração dos sacramentos, das orações na missa e nas solenidades litúrgicas. Baixou normas às disciplinas eclesiásticas e fomentou a vida monástica. Infelizmente a usura dos tempos não permitiu que chegasse até nós a maioria dos seus numerosos escritos, sermões, hinos e comentários bíblicos.
São Gelásio foi um defensor da fé e um amigo dos pobres. Sua alegria era fazer o nome de Jesus conhecido e o povo de Deus ser reconhecido e dignificado. Lutou por uma liturgia unificada e por uma doutrina harmônica. Nele podemos encontrar modelo para nossa própria ação cristã.
Faleceu santamente no dia 21 de novembro de 496, logo venerado como um dos maiores papas dos primeiros séculos do Cristianismo.
Seus contemporâneos diziam dele: "Faleceu pobre após ter enriquecido a muitos pobres".
Sobre seu túmulo foi escrito: "Pai dos pobres".
oração
Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Gelásio Primeiro governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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