DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO - 9 DE NOVEMBRO

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO

Festa

Segundo uma tradição que remonta ao século XII, celebra-se neste dia o aniversário da dedicação da basílica do Latrão, construída pelo imperador Constantino. Inicialmente foi uma festa exclusivamente da cidade de Roma;mais tarde, estendeu-se à Igreja de Rito romano, com o fim de honrar a basílica que é chamada “mãe e cabeça de todas as igrejas da Urbe e do Orbe” e como sinal de amor e unidade para com a Cátedra de Pedro que, como
escreveu Santo Inácio de Antioquia, “preside a assembléia universal da caridade”.

Do Ofício das Leituras, para meditar: 

Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo
 (Sermo 229,1-3: CCL 104,905-908)
(Séc.VI)

Pelo batismo fomos todos feitos templos de Deus

Celebramos hoje, irmãos diletos, com exultação jubilosa e com a bênção de Cristo, o natalício deste templo. Nós, porém, é que temos de ser o verdadeiro templo vivo de Deus. Todavia é com muita razão que os povos cristãos observam com fé a solenidade da Igreja-mãe, por quem reconhecem ter nascido espiritualmente. Pois pelo primeiro nascimento éramos vasos da ira de Deus; pelo segundo, foi-nos dado ser vasos da sua misericórdia. O primeiro nascimento lançou-nos na morte; e o segundo, chamou-nos de novo à vida.

Todos nós, caríssimos, antes do batismo fomos templos do demônio; depois do batismo, obtivemos ser templos de Cristo. E se meditarmos com atenção sobre a salvação de nossa alma, reconheceremos que somos o verdadeiro templo vivo de Deus. Deus não habita somente em construções de mão de homem (At 17,24) nem em casa feita de pedras e madeira; mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e edificada por mãos deste artífice. Desse modo pôde São Paulo dizer: O templo de Deus, que sois vós, é santo (1Cor 3,17).

E já que Cristo, quando veio, expulsou o diabo de nossos corações para preparar um templo para si, quanto pudermos, esforcemo-nos com seu auxílio para que em nós não sofra injúria por nossas más obras. Pois quem proceder mal, faz injúria a Cristo. Como disse acima, antes que Cristo nos redimisse, éramos casa do diabo; depois foi-nos dado ser casa de Deus. Deus se dignou fazer de nós sua casa.

Por isso, diletos, se queremos celebrar na alegria o natalício do templo, não devemos destruir em nós, pelas obras más, os templos vivos de Deus. E falarei de modo que todos compreendam: cada vez que entramos na igreja, queremos encontrá-la tal como devemos dispor nossas almas.

Queres ver bem limpa a basílica? Não manches tua alma com as nódoas do pecado. Se desejas que a basílica seja luminosa, também Deus quer que tua alma não esteja em trevas, mas que em nós brilhe a luz das boas obras, como disse o Senhor, e seja glorificado aquele que está nos céus. Do mesmo modo como tu entras nesta igreja, assim quer Deus entrar em tua alma, conforme prometeu: E habitarei e andarei entre eles (cf. Lv 26,11.12).

Responsório Cf. Ez 47,1.9 
R. Vi água saindo da porta do templo, do lado direito.
* E todos aos quais esta água chegou,
tornaram-se salvos, cantando em voz alta:
Aleluia, aleluia.
V. Na dedicação do templo, o povo entoava louvores,
e em todos os lábios vibrava suave um canto festivo.
* E todos.


Festa da Dedicação da Basílica de Latrão 
(Reflexão sobre o Evangelho)

Mas ele falava do Tempo do seu corpo" (Jo 2, 13-22).

Hoje a Igreja festeja a dedicação da Basílica de São João Latrão, em Roma, considerada a mãe de todas as Igrejas – mais antiga do que a Basílica de São Pedro. 
O texto escolhido é aquele do segundo capítulo de João, onde Jesus compara o Templo com o seu corpo que ressuscitará. No Quarto Evangelho, esta cena se dá logo após a história das Bodas de Caná. Jesus vai a Jerusalém para a primeira das três Páscoas relatadas em João (nos Sinóticos só têm uma Páscoa).

Para entender a cena, devemos lembrar que o Templo não era muito parecido com os nossos templos – era também o Banco Central dos judeus, o centro de arrecadação dos impostos deles, e um mercado de venda de animais para os sacrifícios. Além disso, era local de câmbio, pois o Templo não aceitava a moeda corrente do país – por ter a efígie de César – e por isso os fiéis tinham que cambiar o seu dinheiro para o shekel de Trio, aceitável no Templo.

Quando Jesus ataca este comércio, ele não está purificando o Templo – ele está impedindo que ele funcione, pois os animais e as moedas eram essenciais para o seu funcionamento.

Em Caná ele substituiu a purificação judaica (simbolizada pela água) – agora ele mostra que o centro do culto judaico fica sem sentido diante da sua presença.

A glória de Deus, uma vez confinada ao Templo, agora se encarnou em Jesus.Quando Jesus desafia as autoridades judaicas do Templo, dizendo que se eles destruíssem o templo ele o reergueria em três dias, eles entendem a frase no sentido material – referente ao Templo de pedra.
Para João, diferente de Marcos e Paulo, o Templo verdadeiro é o corpo de Jesus, que seria reerguido (não reconstruído como nos Sinóticos) em três dias. Embora haja ênfase diferente existe harmonia básica entre João e os Sinóticos, pois a comunidade, a Igreja, realmente é o Corpo Místico de Cristo.

Para nós hoje, esse texto traz lembranças salutares. Pois ainda para muita gente a honra maior que se pode prestar a Deus é a construção de Catedrais e Matrizes.

O texto nos lembra que o primeiro Templo de Deus, um verdadeiro sacrário, é a comunidade - as pessoas, muitas vezes machucadas e oprimidas.
Não adianta construir templos de pedra (sem negar a sua utilidade) e neglicenciar o corpo místico sofrido de Jesus nos seus pobres e oprimidos.
A verdadeira prova da pujança da fé dum povo não se encontra no tamanho das suas matrizes, catedrais e capelas, mas no seu cuidado com os mais sofridos dentro do povo. Pois o nosso Deus não é o Deus das pedras mas das pessoas.

O verdadeiro culto pode sobreviver – e bem – sem suntuosos prédios, mas não sem o cuidado com os sofridos e fracos!

(Publicado em 09.11.10, atualizado em 09.11.2012)

0 comentários:

Postar um comentário

 
São Francisco da Penitência OFS Cabo Frio | by TNB ©2010